Capítulo 11. Estúpido

Jordan olhou para sua mulher no chão, a água caindo sobre seu rosto e afastou-a. Deu banho nela, sabia que logo acordaria e não se preocupou. Levou-a para a cama, vestiu-a com um roupão atoalhado e foi terminar de se arrumar, ouviu ela gemer e foi ver se ficou alguma marca.

A mão dele estava estampada em seu rosto, ela abriu os olhos e levou a mão ao rosto, mexendo os maxilares, para sentir se estavam no lugar, viu ele parado ao seu lado, olhando para ela, como se nada de sério tivesse acontecido.

— Com licença.

— Já te dei banho. — falou, se afastando.

Ela se levantou, se arrumou e não fez questão de maquiar a marca de seus dedos em seu rosto. Saiu do closet e ele a esperava para descerem para o jantar. Ela foi direto para a porta e ele se adiantou, segurando seu antebraço com força. Ela parou e olhou para a mão dele, com raiva.

— Estúpido… — murmurou.

Só então ele se deu conta de que segurou com muita força e a soltou, vendo a marca que ficou na pele clara.

— Agora todos saberão que você é minha.

— O que? Você tá louco? Virou mafioso, agora?

— Quem te garante que nunca fui? Vamos, estou com fome.

Ela não fingiu não ligar, estava muito aborrecida, ele sempre foi rude, grosso, mas nunca a tinha agredido. Desceram calados e Jordan pensou que tinha marcado um ponto no controle da situação e comeu satisfeito, embora não fosse fã de comida russa.

Depois do jantar, ela chamou-o ao escritório.

— O que você quer?

— O divórcio.

Ele olhou espantado para ela, não acreditando que ela tocava nesse assunto pela segunda vez e tudo por causa de um tapa.

— Qual o seu problema, você me bateu primeiro, eu só reagi.

— Eu não te entendo, sejamos francos, por quê você está casado comigo? Me diz o que você quer e eu te darei, só quero o divórcio.

— Eu comprei você e não importa o que eu quero, você é minha e pronto.

— Já te disse que não sou uma mercadoria, meu pai está morto e o compromisso dele não vale mais.

— Tudo bem, então me diz onde estão os negócios escusos dele, eu quero tudo. As mercadorias, o dinheiro, as listas de associados, fornecedores e clientes, tudo. Aí te dou o divórcio.

— Então, você é mesmo um mafioso? Pois sinto muito, eu não sabia sobre os negócios do meu pai, não posso te dar nada que não seja meu.

— Então, me diz como tudo sumiu?

— Como você quer que eu saiba, passei o último ano te servindo, você deve perguntar ao Dimitri. Amanhã, encontraremos todos eles na festa.

— Então, nada de divórcio.

— Mas eu posso te dar tudo que está naqueles documentos que te dei e só precisa me deixar livre.

— Casado com você, já tenho tudo, a certidão garante ao marido o controle de tudo.

— Só do que foi adquirido depois do casamento.

— Então, estou certo, tudo também é meu.

— Não a herança de minha mãe.

— Qual é a herança de sua mãe?

— Ela me deixou antes de nos casarmos e é só minha.

— Tudo bem, mas nada de divórcio.

— Afff, você é terrível. Mas não me bata mais e continuaremos como estávamos, nada de controlar meu dia.

— Contanto que esteja em casa quando eu estiver.

— Não dá para conversar com você, com licença.

Ela saiu e ele aproveitou para usar o computador, mas chamou seu chefe no endereço particular dele.

— O que é agora? Fez as pazes com ela, descobriu alguma coisa?

— Coloquei ela no lugar que deve estar. Amanhã iremos à festa e poderei conversar com os antigos sócios e ela disse que não tinha acesso aos negócios do pai

— Ok, mas o que você quis dizer com colocou ela no lugar?

— Acabei dando um tapa no rosto dela, sem querer.

— Estupido! Quando é que você vai aprender? Um dia você vai se arrepender de tratá-la assim.

— Tá tranquilo, tenho uma certidão de casamento e ela nunca vai me deixar.

— Tá bom, vai nessa. Só me ligue depois da festa, pare de dar mancada.

— Vou tentar, "James ".

O chefe nem respondeu, se Jordan não fosse seu melhor agente, passaria-lhe um corretivo.

Gina foi para seu quarto particular, não o cor de rosa, mas o de negócios. Abriu seu computador e examinou todos os documentos das terras e fábricas que herdou e pegou as imagens ao vivo, via satélite, examinando cada área e cada estrago que seu pai fez. Iniciou seu projeto imediatamente. Sua equipe precisava só da autorização dela para começar e ela teclou o play.

Recostou-se na poltrona, sorrindo, quando conseguisse ir até lá, estaria tudo adiantado e o tempo seria determinado na festa do dia seguinte. Desligou tudo e voltou para seu quarto rosa, de madrugada e Jordan andava de um lado para o outro, esperando por ela.

— Onde você estava?

— Vendo televisão.

Ele se acalmou um pouco e foi até ela, parando.em sua frente e perguntando:

— Você já está bem?

— Uma semana, Jordan e você devia estar usando a pomada que a doutora receitou.

— Estou necessitando, quando termina?

— Não bastou aquela lambança? Só daqui a três dias, estarei liberada.

— Então vamos fazer de outra forma.

— Você não sabe como fazer diferente.

— O fato de não fazer com você, não significa que não sei.

Ela estava cansada e não estava a fim de continuar aquele assunto, desviou-se dele e foi para o closet, vestiu um pijama largo e foi escovar os dentes. Ele fez o mesmo e ficou com raiva por estar naquele quarto e sua roupa, ainda estar na mala. Deu um soco na parede e Gina foi ver o que estava acontecendo.

— Por quê você está tão nervoso? — perguntou ela, ainda com a escova na boca.

Ele olhou para ela e algo se quebrou dentro dele, pois sua raiva era por sentir falta daquela esposa que não lhe respondia, mantinha tudo arrumado e estava sempre disponível. Não sabia que um simples trabalho mudaria toda a sua vida.

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