Capítulo 17. Como Assim?

Enquanto estava na banheira, sentindo alívio e dor ao mesmo tempo, Gina analisou o que aconteceu, friamente. Estava sentindo prazer como nunca antes sentiu, havia desfrutado bem e esperava ele chegar ao próprio clímax, como sempre fazia, mas ele mudou. Estava com raiva, acusando ela de ser mentirosa, ofendendo e humilhando, como nunca tinha feito.

Acostumou-se com a sua frieza, mas não com a violência que agora ele demonstrava e decidiu que estava na hora de parar com tudo aquilo. Se havia acabado até com o trabalho dele, iria o recompensar e partiria. Já tinha preparado os papéis do divórcio e a doação dos imóveis herdados do seu pai.

Levantou-se da banheira, secou-se, enviou uma mensagem para Charles e para sua equipe e se arrumou. Sua mala especial para ir para a Sibéria, já estava arrumada e guardada em outro quarto. O lugar para onde iria, era muito frio e precisaria de roupas especiais. Saiu do quarto, olhou da porta para o homem que a comprou e pelo visto, por obrigação e se foi.

A viagem foi longa, chegaram em Kemerovo após três dias de viagem por terra, de trem e pararam para descansar em um hotel. Só depois que todos chegarem,. seguirão viagem para sua casa, a casa que fazia parte da herança que recebeu de sua mãe. Gina estava feliz, voltava para o único lugar onde tinha sido feliz em toda sua vida.

*

Ainda no quarto, no meio da noite, Jordan acordou e não viu Gina na cama, foi ao banheiro  viu que ela tomou banho, mas a água já estava gelada, então fazia tempo que ela havia se banhado. Foi ao closet e estava tudo ali. Tomou um banho rápido, vestiu um roupão e foi atrás dela. 

A casa estava escura e fria, acendeu as luzes e viu sobre a mesinha de centro na sala, um envelope gordo. Abriu e lá estavam os papéis do divórcio e os mesmos documentos que ela havia oferecido a ele, para aceitar o divórcio. Ela doou para ele. 

Pisou na bola de novo.

Ligou para a central e acordou Charles, que falou com ele pelo Skype.

— Aprontou novamente, agora é tarde, ela está horas na sua frente.

— Não quero saber, acabou. Ela deixou os papéis do divórcio e toda a herança legal que o pai lhe deixou.

— O que será que perdemos? Ela está indo para a Sibéria.

— É onde ficam as terras que ela herdou de sua mãe. Vi uma foto dela quando criança, toda sorridente e feliz, no meio de vários operários sujos de carvão.

— É isso, como você deixou passar?

— Se você me explicar…

— Lá tem a maior lavagem de dinheiro dessa família. O pai dela, com os cunhados, usavam as terras e minas da esposa, para lavar o dinheiro das drogas. As minas vivem recebendo multas, pois os donos não investem em segurança, só usam o local, sem fazer nada pela comunidade dos mineiros e pelas minas.

— Como sabe tudo isso, James?

— Por isso sou o chefe e você, poderia ser o James, se não fosse tão desligado.

— Pelo menos, consegui as senhas para abrir as pastas do Dimitri.

— Sim, você fez um bom trabalho, mas elas também estavam vazias. Nosso hacker trabalhou bem.

— Nosso? Meu, né?

— Sua esposa, ou melhor, sua ex-esposa? Não temos certeza que é ela, sabe como são esses hackers, por mais que tenhamos suposições, algumas gravações sugestivas, nada é o suficiente para uma acusação.

— Você quer que eu vá atrás dela? — não dava para saber, através da entonação e expressão dele, se estava lamentando ou gostando de precisar ir atrás dela.

— Não, por enquanto fique por aqui e continue enrolando a Maxine, vamos esperar os próximos passos da Gina e consequentemente, do hacker.

— Esta história está cada vez pior. Estou parecendo um garoto de programa.

— Não reclame, ganhou uma fortuna, aliás, que tal nos emprestar um dos imóveis, estaremos bem melhor instalados e próximos de onde precisamos estar.

— Certo, vou ver isso.

Passaram todas as coisas para um imóvel comercial, que outrora foi uma pizzaria e estava reformado e serviu bem aos propósitos da agência. Deviam fiscalizar o crescimento da contravenção e tráfico no país, pois estava infestando os Estados Unidos. A agência era terceirizada e não tinha ligação direta com as agências do governo.

Agora que tudo que investigaram por mais de um ano e planejaram encerrar após a morte do Don, foi por água abaixo, podiam não receber o pagamento. Ganhavam por cabeça de cada criminoso que prendessem e não haviam prendido nenhum, pois foram mortos antes que pudessem chegar até eles. Jordan ficou bem, pois recebeu um bom patrimônio, mas Charles e a equipe, não.

— Aí, pessoal, reunião aqui comigo.

— Sim, chefe.

— Esses mafiosos  não gostam de perder e vamos ficar de olho nos descendentes deles. Na família Ivanov, não morreu ninguém além do Don, Mikhail Malachovski. 

— Mantivemos a vigilância sobre Gina Mezalove e ela começou a se mover. Chegou um grupo grande de pessoas, que acompanharam ela em uma viagem. Ela comprou dois SUV e um furgão. Seguiram rumo ao nordeste de Kemerovo.

— Ok, o que sabem sobre esse grupo? 

— Quase nada, mas um deles é técnico em mineração. Quatro são seguranças, uma é cozinheira, a outra é arrumadeira e outros cinco, parecem equipe de investigação, como nós.

— Hackers. Então, ela está preparada para assumir os negócios da família. Isso me parece uma guerra. Vamos ficar atentos, onde está Jordan?

— Em um almoço com Maxine e os tios da Gina. Está se saindo bem, já descobriu que eles tem uma reserva e vão voltar a investir, mas a tia está desconfortável com isso. — respondeu um.

— Os dois filhos, estão, curiosamente, na Sibéria. — acrescentou outro.

— Ai, meu Deus.

— Quais as ordens?

— Onde está Clive?

— Aqui, senhor. — respondeu o agente.

— Vá para a Sibéria, vigie a situação, se infiltre entre os mineiros e mantenha aquela doida viva, não quero Jordan surtando mais do que já está. 

— Amei essa missão, tô dentro.

— Talvez mude de ideia, quando sentir o frio que faz lá.

— Estar perto da mulher do Jordan, vai me aquecer. Essa será a melhor missão da minha vida, poder irritar o Jordan e comer a mulherzinha dele.

— Não é essa a sua missão, idiota, e se pisar na bola igual aquele traste, você dança.

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