Capítulo 5. Acordo

Jordan estava paralisado, mas ouvia e via tudo, e Gina ficou de frente para ele e falou:

— Se você concordar com um novo acordo, eu tiro a agulha, pisca se concorda.

Ele não piscou, não aceitava acordos sem saber antes, o que seriam.

— Tá bem, vou especificar, nada de agressões, nada de mudanças no acordo anterior. Continuaremos casados pelo tempo do contrato, mas você vai me respeitar e também vai parar de me seguir. Concorda, agora?

Ele piscou, ela tirou a agulha e sentiu a mão dele agarrar seu pescoço, imediatamente e ela mostrou a agulha em sua mão, como uma ameaça. Ele soltou-a e saiu pela porta do apartamento, sem falar nada.

— Será que dará certo? Ele pode atrapalhar um bocado. — disse Charlie.

— Acontece que assinei um contrato e no mundo mafioso, mulher não tem voz. É bom pensarem que ele é quem manda.

— Você quem sabe.

— Vou verificar como estão se comportando os poderosos chefões.

— A "poderosa chefona em ação".

A sonora gargalhada de Gina, encheu o ar e inundou o ambiente, deixando tudo leve, banindo o mal estar, causado por Jordan, do lugar. Ela foi para seu escritório e abriu a estante, que era uma porta falsa e entrou em uma saleta com um computador de última geração, sentou na poltrona confortável e iniciou sua fiscalização.

Quando Jordan a viu pela primeira vez, ela estava dentro do sistema, exterminando todos os vírus e intrusos que se aproveitaram da festa, para o invadirem. Tinha avisado ao pai sobre o risco daquela festa e não adiantou. Ele nem soube que tentaram invadir de várias formas, usando deep web, dark web e até empresas de propaganda, usando cavalo de Tróia nas mensagens, mas ela impediu tudo.

Ela também não deixou por menos e invadiu os servidores deles, fazendo o sentido inverso das invasões e seguiu um até Nova York, por isso, quando seu pai contou quem a arrematou no leilão e iriam para Nova York, nos Estados Unidos, não reclamou. Foi criada para obedecer, ou ficava sem comida, sem proteção contra o frio ou o pior, era amarrada na mesa de tortura, que tracionava seu corpo, quase até deslocar suas juntas.

Seu pai nunca encostou um dedo nela, pois sua preferência era por meninos e os dois irmãos que teve, não suportaram e morreram ainda jovens. Giovanna era a única, fria o suficiente, para suportar tudo aquilo. Fez da internet sua fuga e da vingança, seu combustível e agora, faltava pouco para dar o bote.

*

Jordan saiu do apartamento, furioso. Foi para seu próprio apartamento, recuperar a lucidez e pensar na nova estratégia que teria que usar com Gina. Com a casa destruída, só ela poderia abrir as portas para o esquema. Não perderia anos de trabalho e sacrifício por causa de uma inútil. Subiu o elevador até o décimo sexto andar, andou pelo corredor e entrou pela porta aberta com a palma de sua mão no controle.

Estava no mesmo prédio, era bom para suas investigações, mas detestava ter que cruzar com aqueles russos que se consideravam os donos do mundo e aquela feiosa era uma deles. Suspirou e foi em direção ao quarto, deixando sua roupa pelo chão e ficando só de cueca.

" Ela deve, mesmo, estar ferida, estou incomodado desde aquela transa." Pensou, puxando o cós da cueca e examinando seu amiguinho. Suspendeu-o e viu que estava bem vermelho, devia ter pego o nome da pomada que a médica passou para ela.

— Como pude me deixar viciar em você, sua feiosa ridícula? Para alguma coisa você tem que ser útil, sua olhuda. — resmungou ele, entrando em seu escritório e ligando sua aparelhagem, conectada a central de comando.

A imagem do seu comandante apareceu na tela.

— Até que enfim, o que houve?

— Ela saiu de casa, pensei que tinha ido embora, mas foi ao médico, que é aqui neste prédio. Aqueles russos nojentos, dominam e fazem tudo girar ao redor deles.

— Como assim?

— Eu moro nesse prédio e o apartamento onde ela está, também é aqui, assim como a médica.

— Então, você já a viu, falou com ela e o que ela pretende.

— E aquela tola sabe o que quer? Ela só disse que vai ao funeral. Assim que o corpo for liberado, viajaremos em um jato particular. Aquele segurança do pai dela, cuidou de tudo.

— Ótimo, assim você estará lá para filmar todos os rostos dos cápos que forem falar com ela.

— Sim, também quero que você me envie a lista de funcionários do falecido.

— Já foi, assim como todas as contas com o nome dele e também os nomes de seus advogados, com os números de telefones.

— Conseguiu acesso a contabilidade?

— Não, está muito criptografado. Também não consegui a lista das lojas e escritórios. É estranho, pois parece que com a explosão da casa, os negócios explodiram também e sumiram.

— Isso me parece um roubo muito bem orquestrado, se não tivesse sido eu a matar o homem, diria que fomos nós.

— Entendi, mas ninguém sabia que ele morreria agora, então, não tinha como nos passar a perna e outra coisa, foi gente de dentro da casa.

— Será que esse Charlie tem alguma coisa que ver com isso?

— Acho que não, parece que todos os funcionários da casa morreram e ele estava aqui, não é?

— Creio que sim. Mas como implodiram a casa, logo depois da morte do homem, justamente quando eu ia conseguir entrar lá?

— Vê se agora não dá mancada. Ela disse qual o resultado da consulta?

— Uma semana sem sexo.

A resposta do chefe foi uma grande gargalhada e fechou a comunicação. Mas o tempo que passaram conversando, foi o suficiente para Gina seguir o rastro e descobrir o endereço IP, o que a fez chegar ao endereço do centro de comando. Gina passou o endereço para sua equipe e Jeff programou uma visitinha aos investigadores.

— Pronto, te peguei, vamos ver quem são vocês de verdade. — disse Gina.

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