Capítulo 8. Tentativa

Jordan estava inquieto com aquela situação, nunca passou tanto tempo com sua esposa e principalmente com aquela mulher, que não se parecia em nada com a que dormia e pegava quando tinha vontade. Aquela mulher simples, que cozinhava mal e não falava nada. 

Será que ela passaria a ser assim e tratá-lo como um cachorrinho?

Precisava voltar a tomar as rédeas de seu casamento. Bebericou seu champagne e preparou a artilharia:

— Onde pretende que fiquemos em Moscou? Sua casa implodiu.

Ela olhou para ele tentando adivinhar o que ele estava planejando agora.

— Temos um apartamento em Yakimanca, bem no centro da cidade e ficaremos lá, se você não se incomodar. Eu ia falar com você, mas você me seguiu na rua e fez um escândalo, não deu tempo.

— Para quem não falava, você fez um discurso.

— E você não me respondeu, se incomoda ou não de ficar lá?

— Não me incomodo, é bem mais espaçoso e confortável. Meu apartamento é na periferia, muito mais simples.

— Se você precisar de alguma coisa, as lojas são perto.

— Tenho o que preciso.

— Desculpe, é que durante esse ano de casados, você não me falou nada de você.

— Nem você e podia ter perguntado.

— Fui ensinada a calar na frente do meu marido.

— Então, agora que seu pai morreu, você virou uma tagarela?

— Mas é você que tem puxado assunto! — reclamou ela e resolveu continuar calada.

Ela não estava errada, foi criada para obedecer ao marido e saber se comportar em qualquer situação. Vai ver foi por isso que se portou tão bem diante dos repórteres e se contentou em ficar naquele quarto e sala tão pequeno.

Ele ia para lá só para dormir com ela, dizia que ia para o trabalho e passava dois ou três dias, em seu apartamento confortável e vigiando o pai dela.

Era ele o errado nessa história toda ou talvez nem tanto, já que comprou ela e podia fazer o que quisesse com ela, pelo menos era o que pensava.

— Minha, pra fazer o que eu quiser. — murmurou, sem se dar conta que falou alto.

— Continua repetindo, quem sabe vira verdade.

— Você…!

Ela inclinou a poltrona e fechou os olhos, quem sabe dormia e esquecia que ele estava ali. Uma hora depois, ela estava realmente dormindo. Charlie se aproximou e percebeu o homem olhando para ela com admiração.

— Tá gostando dela, não é?

— Uhm? Não seja ridículo. Ela é feia, sem graça e burra.

Charlie fechou a cara, pensando que o idiota não fazia ideia da grande mulher que tinha a seu lado. Ele mesmo se apaixonou por ela, tempos atrás e não admitia que a chamassem de feia ou burra. Mas no momento, não podia fazer nada, para não estragar os planos dela.

Se inclinou para pegá-la no colo e levar para a cama, mas quando Jordan percebeu, se exaltou e o empurrou para longe. Pegou, ele mesmo, sua esposa e levou-a para a cama. Deitou-a e fechou a porta, percebendo a cara contrariada de Charlie. Ele tirou seus sapatos, e sua roupa. Não queria que aparecesse amassada ao descer do avião.

Observou sua roupa íntima de renda e achou-a linda. Linda? Novamente essa palavra, injusta para com a feiura dela?  Parou de olhar e tirando sua própria roupa, deitou-se ao seu lado e dormiu. Haviam tido uma madrugada movimentada e por isso não acordaram nem para almoçar e sequer perceberam o vuco vuco de Charlie com a aeromoça, em cada canto do avião.

Quando Charlie terminou de extravasar sua bronca de Jordan, atraves do sexo com a mulher que mais parecia uma especialista do sexo, ela mal conseguia andar. Ele era bem dotado e ela chegou a um ponto, onde o prazer se foi e ela só suportou a invasão do homem.

Quando o piloto anunciou que em uma hora pousariam, eles se ajeitaram e Charlie bateu na porta do quarto, chamando o casal, que acordou assustado, sem, a princípio, saber onde estavam.

— Como vim parar aqui? — se olhou ela, percebendo que estava quase nua — Tirou minhas roupas?

— Para não amassar, vou ao banheiro primeiro, sou mais rápido. 

— Obrigada.

Ele olhou para ela, para ver se estava sendo sarcástica, mas não, parecia a sua ratinha de sempre e ele sorriu e foi ao banheiro, rapidamente, como prometeu. Os dois se arrumaram e abriram a porta para sair e Jordan deixou que ela saísse primeiro.

— Mas que cheiro horrível é esse? Isso aqui virou um puteiro? — perguntou Gina.

Charlie só fez rir e a aeromoça foi para seu reservado, atrás da cabine do piloto.

— Podia nos ter poupado disso…— resmungou Jordan.

— Cada um passou o tempo como pode.

— Ah, Charlie, você me paga.

— Foi ela quem disse, não eu. — disse Jordan.

Ela voltou com Jordan para o quarto e esperou o avião pousar, para saírem e passarem rapidamente pela nave, sem que o cheiro impregnasse neles. Saíram tão rápido e com as feições tão compenetradas, que quando os flashes pipocaram em seus rostos, se assustaram. Foi essa a foto dos noticiários da noite. O assustado casal de herdeiros da máfia local, parecia fugir de alguma coisa.

Charlie desceu rapidamente, todo sorridente, para passar a frente do casal e abrir a porta da limusine que os esperava. Gina se virou para ele, tampando o nariz e ordenou.

— Vá em outro varro, seu safado!

Jordan amou a conduta de sua esposa,  sentiu orgulho dela e riu da cara decepcionada de Charlie.

— Posso ir na frente, pelo menos? Fecho a divisória.

— Se o motorista aguentar…fecha logo a porta, Jordan.

Jordan gargalhou alto e fechou a porta. A essa altura, todos os que estavam próximos, perceberam o motivo da bronca de Gina. Quando Charlie entrou na frente, o.motorista pegou um frasco de purificador de ar e borrifou no carro.

— De onde você veio, de um bordel?

— O que um homem precisa passar, só por causa de umas horinhas de prazer. — murmurou Jordan.

— Nem vem, não tem banheiro no avião?

— Estavam ocupados e não deu tempo.

— Então vamos logo, abre bem a janela, para trocar o ar.

Chegaram rapidamente à frente do prédio reto, com um desenho arquitetônico clássico, em tons pastéis, desceram e Gina pegou a chave com Charlie e mandou ele para um hotel. Subiram para o último andar, onde só haviam dois apartamentos, um era o da família e o outro, do arquiteto do prédio.

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