Uma Perigosíssima Sedutora

— Que é isso, mano, tá me estranhando?

Francisco abriu os olhos imediatamente. Diante dele estava primeiro Alfredo e mais atrás, Maria que não havia percebido a "estranha" ação dele.

Disfarçando o constrangimento, Francisco tentou levantar. Sentiu uma dor infernal na testa. Percebeu que estava com um tremendo "galo".

— Meu Deus! O que aconteceu comigo?

Ele olhou para os lados devagar , percebendo que estava na poltrona de massagem da academia.

— Fica quieto, Francisco! E não me alise de novo! — Alfredo disse, entre risos.

Maria ainda sem perceber, nervosa que estava, falou:

— Francisco, não pode fazer exercício assim sem se alimentar direito! Acho que você teve uma vertigem e por isso se machucou!

Francisco, já totalmente lembrado "do motivo" de ter caído da esteira, mentiu:

— Deve ter sido isso mesmo...

Maria declarou, estalando os dedos

— Vou chamar o médico!

Fazendo careta de dor, Francisco interviu:

— Não precisa! Vou sobreviver...Afinal... Não é a primeira vez que me acidento. Já estou acostumado!

Alfredo e Maria se olharam, apreensivos.

— Maria, eu vou cuidar dele! Se houver algum problema, eu o levo ao médico.

— Tá, não esqueça de me avisar , que eu vou junto.

Francisco resmungou:

— Ei, estou aqui ainda, tá? Eu que decido.

Já no dia seguinte , finalzinho de tarde, Maria retornou para o casarão. Perguntou a Alfredo sobre o estado de saúde de Francisco e ficou aliviada ao saber que ele não teve nenhuma intecorrência.

— Onde ele está?

— Podando as suas plantinhas. É terapia.

Maria sorriu.

— Então vou só tomar um banho e ver se está tudo bem.

Depois, ao sair do quarto, pegou o elevador e foi se aproximando a passos lentos.

Maria contemplou a beleza do pôr de sol em Soure. A visão privilegiada deu-lhe uma sensação de paz.

Com mais alguns passos, notou que Francisco continuava focado nas plantas, no entanto, o seu perfume invadiu aquele ambiente e ele ficou parado, enquanto ela se aproximava com sorriso nos lábios.

— Oi!

--Oi!

A proximidade e o olhar dele estava confundindo os seus sentidos.

— Vim olhar como você está...

Ele ia tocar no hematoma, mas mudou de ideia ao lembrar que a mão estava suja.

— Logo vai sarar....

Maria lembrou do estágio dois. Então, mostrou um sorriso charmoso.

— É, vai sim!

Ambos ficaram calados.

Para quebrar o silêncio, Francisco falou calmo:

— Desculpe, Maria, por ter ofendido você!

— Desculpe-me também, Francisco.

Eles se entreolharam. Ambos suspiraram. Com o silêncio que se instalou de novo, Francisco resolveu falar algo para amenizar a tensão.

— Vou fazer um chocolate quente ... Você aceita?

Maria exibiu o seu melhor sorriso de sedução:

— Adoro chocolate quente.

Francisco a contemplava com fascinação.

— Venha.

E rodando os calcanhares, Francisco dirigiu -se para a área da sua cozinha gourmet e Maria o acompanhou, sentando-se num banco de madeira.

Ela passeava o olhar pela parte traseira dele e adimirava-o dos pés à cabeça. Ele lavou as mãos e após terminar de preparar o chocolate, derramou o líquido nas canecas.

— Sabe, Francisco, você devia fazer Yoga...

Ao ouvir aquilo, o rapaz lembrou-se da cena das posições tentadoras e atrapalhando-se, quase derrubou as canecas de chocolate que estavam em suas mãos.

Maria ficou preocupada novamente:

— Se queimou?

— Não, tô bem.

Ela suspirou.

— Desculpa...

— Não tem o que desculpar. Tome!

Ela segurou a caneca.

Francisco se sentou ao seu lado e passaram a degustar do chocolate.

— Uma delícia, Francisco! Obrigada.

Ele sorriu, grato e Maria sentiu-se derreter por dentro.

Ficaram em silêncio.

Francisco sentiu o suor escorrendo pela testa. "Deve ser o chocolate quente.... Não! Não era nada disso... Estava atraído pela mulher irresistível. "

Maria recolheu as canecas vazias e pôs na pia. Ousadamente, aproximou-se mais e as pernas se tocaram.

Sem se conter, ergueu a mão, acariciando de leve o local inchado na testa dele.

Francisco comprimiu os olhos, enquanto sentia a maciez dos dedos dela em seu ferimento.

Abriu os olhos e percebeu que aquele gesto não havia mais volta.

Levou a mão dela para os seus lábios e distribuiu beijinhos.

Maria sentiu um fogo se espalhar em cada local da sua pele beijada.

Então, levantou-se devagar. Numa atitude decisiva, abriu as pernas para encaixar -se sobre o corpo dele.

Os dois gemeram diante de um contato tão íntimo.

As mãos dela foram para a área do peito musculoso. Aproximou o rosto, respirando com dificuldade. Antes de encostar os lábios nos deles, sussurrou, rouca:

— Quero você, Francisco!

O coração dele pulava feito touro bravo. O desejo por Maria era recíproco e incontrolável. Partiu para a ação.

Segurou a nuca dela, estreitando a distância dos seus rostos até finalmente sentir o sabor dos lábios molhados.

Mistura de chocolate e prazer.

A sensação de tê-la num beijo voraz, cessou a agonia que estava sentindo desde a primeira vez que a viu.

A língua aprofundou-se.

Ela correspondia, totalmente inebriada de prazer, soltando suspiros que fez com que a beijasse mais intenso ainda.

Exatamente o que queria.

"Mas, espera aí...Aquilo não era assédio no trabalho?

Pra os diabos, qualquer senso!"

Como se tivesse vida própria, Maria sentiu as mãos fortes se apossarem da blusa dela, querendo apalpar seus seios.

Um gemido mais profundo de Maria fez o membro dele pulsar mais ainda sob a calça, já louco por sua "estreia" tardia .

No entanto, sem perceberem, de tão tomados pelo desejo, Alfredo o chamava na área externa.

— Francisco?

Com o susto, no mesmo instante os dois se afastaram. Ainda ofegantes , arrumaram as posturas, enquanto os passos ficavam mais próximos.

— Francisco?

— Oi, Alfredo, estou aqui.

Ele avistou os dois.

O olhar dele não foi de acusação. Discreto como era, cumprimentou Maria normalmente e voltou -se para o patrão.

— Chegou o email que você estava aguardando.

Ele retesou o corpo, nervoso.

— Tá, vou indo.

Francisco olhou rapidamente para Maria e pediu licença.

Ela apenas devolveu-lhe um olhar cheio de promessas e aquiesceu.

Chegando até o escritório, Francisco, com o coração oprimido, hesitou se devia ou não saber do passado de Maria.

No entanto, resolveu abrir o email.

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