Francisco e Maria não sabiam.
O que é ligado na terra, é ligado no céu.
Daí, com a discussão dos dois a divina Providência, decidiu intervir e mudar aquela situação que estava meio enrolada.
Era hora de acionar um homem devoto que era um instrumento eficiente nos casamentos mais mirabolantes daquela região.
O padre, maior casamenteiro da Ilha de Marajó, estava observando o sacristão que fazia o levantamento de todos os casais que ele teve a honra de unir para sempre.
Embalando-se numa rede e orgulhoso dos seus feitos, estava feliz especialmente pelo município de Soure, que nos últimos anos, teve muito progresso, desde o casamento duradouro de Miguel e Jane.
Embalava-se para lá e para cá, satisfeito.
Foi então que o sacristão, arregalando os olhos de uma forma inesperada e feição desfigurada pelo susto, exclamou:
— Vixie, Maria! —E benzeu-se.
O padre, velhinho, cabeça branca e rechonchudo, que lembrava o papai Noel, parou a rede e espichou o pescoço pra fora, ficou curioso.
— Desembucha, homem, qual é o problema?
O sacristão estava hesitante. Preocupava-se com a saúde do padre, que era muito nervoso. Respirou fundo e "desembuchou":
— O senhor... Lembra do seu pupilo Francisco que quase virou padre?
Santo Deus! O padre tremeu nas bases. Aconteceu o pior com Francisco? Como poderia esquecer do seu seminarista preferido? O rapaz era um gênio e sabia a bíblia de Génesis a Apocalipse só de memória e era muito útil no seminário.
Lembrou-se que o tempo que ele esteve ali, foi responsável por organizar todo o prédio, deixando- o mais aconchegante, no entanto o seu pupilo, parecia ter medo de gente.
Preferia realizar todos os cargos administrativos enquanto todos dormiam. Rezar uma missa? Nem pensar! Mas ainda assim teve esperança que viria a ser um grande padre.
Só que depois da morte repentina da mãe, precisou deixou a batina, pois teve que voltar para cuidar da fazenda, já que seu pai ao saber do acontecido, se assustou e caiu de um cavalo, ficando paraplégico.
Entanto, com coragem, Francisco assumiu todas as responsabilidades frente à fazenda e progrediu. O rapaz, por motivo desconhecido, resolveu que continuaria no celibato e através das amizades com um povo indígena no tempo das atividades de caridade do seminário, conseguiu obter uma uma bebida estranha que usava para acalmar os nervos e conseguir dormir, pois não era chegado ao sono.
Voltando ao problema, indagou o sacristão:
— Fale, homem, ele finalmente casou?
A ansiedade do padre era de arrepiar.
— Não, padre, ele nem tem pretendente e o homem já tem quarenta anos.
— O quê? — O padre quase caiu da rede ao se levantar. — Não pode ser! Isso é um sacrilégio! Um homem vistoso e rico não pode ficar sem uma companheira! Já imaginou ficar sem herdeiro? Tudo o que tem será em vão! Preciso agir imediatamente!
Após esse breve diálogo, mais tarde, o padre de tão preocupado, não dormiu direito. Acordou várias vezes sobressaltado. Teve pesadelos. Num deles, havia chegado ao céu e estava sendo julgado por não conseguir casar seu pupilo com ninguém!
Nunca tivera um pesadelo tão terrível!
Acordou suado e tremendo.
Na madrugada, portanto, e confiante, foi até a sua mais nova missão. Pegou um barco e seguiu viagem.
Sua reputação de padre casamenteiro estava em jogo.
Quando chegou, estava amanhecendo.
Finalmente em Soure!
No caminho do pacato município, era cumprimentado por todos. Um café aqui, um café ali, até que ao olhar o relógio, observou que eram sete horas da manhã e tinha que celebrar um casamento naquele dia.
Saiu tão focado na sua missão, que esqueceu dos seus outros compromissos.
Apressou os passos no pezinho de tamanho 34, chapéu de palha e batina pesada. Acabou chegando esbaforido no gigantesco portão da entrada da Fazenda mais sofisticada de Soure. Ia batendo palma para chamar a atenção que estava ali, mas o portão abriu automaticamente.
Foi caminhando rápido, quando um rapaz bem jovem, de terno apareceu, vindo em sua direção e de sorriso largo. Era Ricardo.
— Que milagre! Seja bem-vindo à Fazenda São Francisco! Bênção, padre?
— Deus te abençoe, Ricardo! Como você cresceu! Em breve espero que ache sua alma gêmea para eu, se Deus permitir, fazer o seu casamento!
Ricardo riu, sem graça.
— Tô de olho numa garota, só espero que dê certo!
— Ora, meu rapaz! Se for da vontade divina, não há objeção.
Ricardo alargou o sorriso. Será que o padre teria preconceito se soubesse que a mulher era mais velha que ele?
— Certo, padre! Mas o que o traz aqui tão cedo?
— Ah, meu filho, preciso falar com meu querido pupilo Francisco. Ele já acordou?
Ricardo franziu a testa, coçou a cabeça.
— Desculpe, padre, lamento informar mais o patrão não está na fazenda. Ele pegou o helicóptero assim que amanheceu ... Creio que chega só de tardezinha!
— Oh. Que pena! Era tão importante falar com ele! Bom, então nem vou perder tempo, que hoje tenho casamento para celebrar.
— Vixie, padre! Não tenha tanta pressa, vamos subir e providenciarei um café...
O padre o interrompeu, já tendo outra ideia:
— Não, meu filho, não se preocupe não! Estou de dieta! Já que Francisco não está, em todo o caso, vou aqui na Fazenda de Miguel.
— Ok. Vou levá-lo até a fazenda dele.
— Agradecido.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Laura Boloko
amém padre age agora mesmo
2024-11-20
1
Arilene Vicente
Pronto agora lascou Francisco kkkk
2024-10-30
1
Grasiela Melo
kkkkkk rindo com o padre nossa
2024-09-24
2