À medida que Francisco aterrissava, lembrou que naquele dia, como saiu muito cedo, ainda não tinha feito seus exercícios físicos costumeiros, mas estava tão cansado que achou melhor apenas relaxar na hidromassagem.
Já na área externa, saiu do helicóptero e tratou logo de tomar um cálice do seu licor.
"Era melhor prevenir."
Tomou num gole só, lembrando de Maria.
Já ia para a parte da piscina, quando ouviu uma música com sons da natureza vinda da área da sua academia.
Achou estranho.
Olhou para o relógio e lembrou, que às vezes Maria também usava o local para se exercitar, mas porque aquele som? Já não bastava ficar o dia inteiro entre os insetos e os animais?
Cautelosamente, tratou de espiar melhor pelo vidro da porta de entrada.
Maria estava de olhos fechados, totalmente concentrada.
Entretanto, o problema era o traje de lycra vermelho que ela vestia, totalmente colado ao seu corpo escultural.
Numa posição que parecia uma árvore, ela estava com o pé esquerdo colado na altura da sua coxa direita, com as palmas das mãos unidas.
Postura esquisita, mas dava para ver que estava num outro nível de exercício, que beirava ao espiritual.
Curioso, mudou de ideia. Ia fazer sua musculação mesmo.
Vestiu seu traje esportivo, calçou o tênis e ao entrar, percebeu logo que não ia conseguir fazer seu aquecimento com aquela lentidão de música.
Precisava de um bom hit de academia, se não, ia acabar dormindo com aquele som de passarinho e água de cachoeira caindo nas pedras.
Enquanto procurava a música no celular, observou que Maria tinha mudado de posição e nada de notar sua presença.
Parecia estar hipnotizada, no tapete, em uma posição de barriga para baixo, como se estivesse imitando uma cobra.
Teve vontade de soltar uma sonora gargalhada.
"A mulher estava ficando doida?"
Mas pensando bem, até que a visão do bumbum arrebitado por conta da posição estava de tirar o fôlego.
Encontrou a música.
O som totalmente eletrizante de um dance da década de 90 invadiu o recinto e Maria se desconcentrou totalmente da sua elevação entre o físico e o espiritual.
Com o susto, gritou e Francisco caiu na risada.
Maria, ofegante, olhos arregalados, foi aos poucos caindo em si.
Deixou o exercicio de lado e levantou-se com todas as cargas de energia negativa, olhos em faíscas.
Francisco parou de rir num instante e preocupado com as consequências, protegeu-se por trás da bicicleta ergométrica.
" Meu Deus, ela vai dar o bote e é agora!"
Maria "soltou" a língua.
— Seu louco! Quer me matar de susto?!
Para se defender, Francisco arriscou:
— Eu? Pensei que já estava era morta! Não estava se mexendo... Você que me assustou!
Revirando os olhos com tanta ignorância, Maria gritou em altos pulmões:
— Estou praticando yoga, seu imbecil!
— Yoga? Isso lá serve pra alguma coisa? Só invenção... Vou fazer meus exercícios físicos, se não se incomodar. E você, continua pra lá.
Ela apontou em direção ao som estridente e reclamou:
— É impossível eu continuar com essa música ridícula! Você nunca faz exercício neste horário e eu cheguei primeiro!
Sem querer confusão, Francisco resolveu ceder. A mulher estava tão irritada que podia pegar o peso de dez quilos e arremessar na cabeça dele.
— Tá bom! Dou trinta minutos pra terminar essa esquisitice. Vou imaginar que tô no meio da mata caçando "uma onça".
O tom irônico e o sorrisinho malandro teve o troco de Maria:
—E eu vou imaginar que tem "um troglodita", pulando de galho em galho! Vira pra lá, que eu não quero esses olhos em mim!
— Chata!
Francisco se virou, mas do espelho dava para ver o que Maria fazia. Ela novamente pôs a música esquisita.
Voltou para o seu tal de Yoga. Ela respirou profundamente e fez outra posição estranha. "Imitava um guerreiro? Deixa pra lá!"
Tirando os olhos da baixinha briguenta, resolveu fazer um aquecimento para começar a usar os aparelhos.
Francisco comecou uma corrida sem deslocamento, depois deu pequenos saltos para um lado e para o outro, esticou pernas, braços, e já ia fazer uma rotação de tronco, quando sua atenção voltou-se para outra posição de Maria.
E aquela fez o seu coração bater mais acelerado e os olhos não conseguiam se desgrudar.
Ela se posicionava como se fosse um cachorro olhando para baixo. Podia até ser engraçado, mas era uma posição muito sensual.
Ela estava com mãos e pés no chão e com o quadril elevado até demais, permanecia com as pernas estendidas.
" Céus! Salve-me da tentação da carne!"
Tinha certeza. Ou o licor era genérico ou não fazia mais efeito.
— Ô Maria, você está tirando minha concentração...
A imagem dela de quatro fez sua mente navegar por todas as cenas de sexo que já havia assistido naquela posição.
Dessa vez ela nem respondeu.
" Era melhor fechar os olhos para resistir àquela diabinha."
Foi para esteira. Uma caminhada resolveria.
Configurou para que progressivamente acelerasse.
Estava até começando a se concentrar, ao som da natureza, no entanto os olhos o traíram e cometeu um terrível erro. Virando-se de lado, observou a pior das posturas.Ela começou a imitar a posição de uma vaca. De quatro, ela manteve primeiro os joelhos e os braços esticados., depois empurrou as mãos e os joelhos em direção ao chão.
Em seguida, imitou um gato, quando ficava eriçado.Ela foi descendo as costas, curvando-se, e olhando para cima. Em seguida, levantando as costas, de forma que ficou redonda e abaixou a cabeça olhando para o umbigo. Uma gata querendo briga. Quanta flexibilidade!
Aquilo era demais para um simples mortal. Com tamanha " distração", acabou se desequilibrando da esteira e ao bater a cabeça, apagou de vez.
Momentos depois, Francisco ouviu a voz de um anjo: " Francisco, por favor, acorde!"
"Estava no céu?"
Antes de abrir os olhos, sentiu uma compressa gelada na sua testa. Desejou acariciar a mão que delicadamente cuidava de algo em sua testa.
Ergueu a mão e alisou aquela mão que...
" Pera aí? A mão de Maria era enrugada e áspera?"
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Liliane Ferreira👩⚕️💖🥰
Gente.... estou simplesmente amandoooooo😍😍😍
2025-03-08
1
Elizabeth Fernandes
A história ta uma delícia de lê
2024-10-31
1
Cibele Wan Der Maas Moreira
só de imaginar, começo a rir. kkk
2024-10-26
1