Poucas horas depois, amanheceu.
Decidido, Francisco acordou cedo para fazer uma reunião extraordinária com os seus funcionários.
Nem era seu costume agir assim, mas era uma emergência, afinal era o primeiro dia de Maria e tinha que pôr logo os seus trabalhadores no eixo.
Às seis horas em ponto, todos estavam num imenso galpão, aguardando a inusitada "reunião" com o patrão.
Antes da chegada dele, os trabalhadores questionavam entre si, o que significava aquela reunião "do nada".
Francisco chegou como se fosse um general. Todos a postos.
Os funcionários se olhavam preocupados. Lembravam da última reunião tensa com o patrão.
Havia sido na ocasião que sequestraram uma parte dos seus búfalos e descobriu -se mais tarde que um dos vaqueiros, demitido meses antes por furtos, estava envolvido com um empresário corrupto apelidado Chinês.
Sabe-se que o patrão e outros fazendeiros resolveram "dar um jeito" no problema.
Ambos nunca mais foram vistos.
Nem o vaqueiro, nem o Chinês para contar a história. Viraram lenda na ilha.
Por isso o medo dos funcionários. Francisco era bom patrão, mas não era piedoso com gente desonesta. Fazia jus à sua fama.
Era estranho.
Era misterioso.
Era macabro.
(Valha-me todos os Santos!)
O patrão, após andar de um lado para o outro, mãos para trás e bem pensativo, cumprimentou-os:
— Bom dia a todos.
A voz dele era tempestuosa, dava até arrepios.
— Bom dia! — Todos responderam em coro.
— O motivo da minha reunião é para informá-los que algumas coisas aqui deverão ser mudadas!
O silêncio imperava no lugar. Nem os búfalos ousaram mugir.
— Como de costume, continuarei monitorando o trabalho de vocês pelas câmeras e se for necessário, estarei presente. Entretanto, espero não ter que tomar medidas extremas. Então vejamos.
Ele parou por um instante avaliando as centenas de homens que estavam ali presentes.
— Daqui pra frente, nenhum homem deve andar sem camisa na fazenda, afinal vocês têm uniforme.
O murmúrio foi geral. Os trabalhadores eram acostumados a ficar à vontade.
— Nada de palavrão, arrotos exagerados e nem coçadinha " de saco" na frente dos outros...
Um na multidão, mais curioso que os outros, ousou perguntar:
— Mas Francisco qual o motivo de tanta "frescura"?
O patrão lançou um olhar frio para o dono da pergunta que até muchou feito flor arrancada.
— Vou responder sua pergunta. Chegou gente nova na equipe e preciso que haja muita atenção agora no que vou falar. Contratei uma veterinária!
O choque se espalhou em cada semblante. Um dos trabalhadores, mal humorado, resmungou:
— Não gosto de ser mandado por mulher!
Francisco mediu o homem dos pés a cabeça, mas não o intimidou naquele momento.
— Ela é a doutora Maria e é o meu dever advertir que não admitirei esses comportamentos inadequados! Ouçam bem o que eu digo: Nada de assanhamento! Nada de piadinhas indecentes! E principalmente, procurem agir com respeito, então nada de assédio na minha fazenda!
Mesmo com a fala do patrão, sempre tem aquele que não leva o assunto à sério. Um dos funcionários, bem corajoso ( E que fique registrado) falou com malícia:
— Poxa, patrão, logo uma mulher! Nem vou saber o que fazer direito! Se trabalho ou se me divirto!
Muitos riram do comentário desavisado do colega. (Quanta inocência!)
Aquilo irritou Francisco além do normal. Ele bateu com força na mesa, espantando os insetos e a todos que imediatamente ficaram mudos.
— Quietos!
Ele não estava para brincadeira.
Os olhos fuzilantes se fossem uma arma, mataria a todos, sem dúvidas.
Francisco recomeçou a falar mais exaltado:
— Voltando ao assunto, espero que lembrem que depois do administrador, ela será a segunda pessoa que vocês devem obedecer! Agora, quem não souber o que fazer direito e achar que aqui é parque de diversões é só vim falar comigo em particular. Se alguém aqui achar ruim receber ordens de uma mulher, dou as contas sem problema e quem achar que é frescura ter bons modos é só lembrar que tem mãe, mulher ou filha e imaginem como gostariam que fossem tratadas... Entendido?
( As palavras eram de doer.)
Com unânime acordo, ninguém era besta em discordar.
— Entendido!
"Se o patrão falou, tá falado."
— Ótimo! — Francico disse satisfeito. — Às 8:00h ela passará pelos setores. Cada coordenador de área deverá passar as informações necessárias sobre o gado e mantenha atitude estritamente profissional. Mais alguma pergunta?
Os homens se olhavam, mas não havia mais nenhum corajoso, então a reunião estava encerrada.
— Pois bem... Podem assumir agora os seus postos.
Francisco dirigiu -se à sua caminhonete e voltou para o refúgio do seu casarão. Ia tomar café, depois voltaria para passar instruções ao administrador sobre as demandas financeiras para Maria executar suas funções sem maiores preocupações.
Estacionou na garagem do casarão.
Depois foi subindo as escadas, quando subitamente ouviu alguém chegando de moto.
Era o seu mordomo.
O homem estacionou e trazia consigo a bagagem de Maria.
O patrão o aguardou.
Alfredo subiu as escadas e enquanto dava os passos, falava:
— Miguel e Jane estão muito gratos, Francisco e tá aqui a bagagem ...
Não terminou de falar, pois no último lance da escada, ele se atrapalhou com a bagagem e acabou tropeçando.
O resultado foi que a mala voou das suas mãos e ao cair acabou abrindo. As roupas de Maria se espalharam no chão, mas o que estava sobre os pés de Francisco o deixou imóvel, suando.
— Ai, meu Deus!
Enquanto isso, Alfredo olhava para a grande bagunça com aflição.
Francisco, porém não conseguia tirar os olhos das calcinhas estilo fio dental que estavam sobre os seus pés. De renda, de material sintético, de algodão, de animal print, de frases de duplo sentido, sutians, cintas ligas... "Céus! A mulher ia trabalhar ou seduzir seus homens?"
— Desculpe, Francisco, deixa que ajunto!
O homem foi pegando tudo e lançando na mala, mas ao se virar, deixou cair o queixo de tão surpreso.
O patrão, com os braços esticados e uma careta estranha, trazia as roupas íntimas de Maria, segurando-as como se estivesse com um monte de aranhas nas mãos.
O mordomo achou tão engraçado a cena que não resistiu a uma risada divertida e Francisco automaticamente, escondendo o desconforto, cortou a graça, com mau humor:
— Por acaso, Alfredo, você tá vendo algum palhaço aqui?
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Laura Boloko
🤣🤣🤣🤣🤣para não trair o que é dele 🤣🤣
2024-11-20
1
Liliane Ferreira👩⚕️💖🥰
Rindo horrores aqui😂😂😂
2025-03-07
1
Laura Boloko
inclusive você /Chuckle//Chuckle//Chuckle/
2024-11-20
1