XIV

...• Helena Windsor •...

Desde que me casei com James, a minha vida tem sido turbulenta. Meu marido me mostrou um outro lado da vida que jamais pensei que pudesse existir, o lado que as pessoas consideram impuro, talvez eu tenha me consumado pelas suas vontades e desejos fatídicos por esse sentimento que James causa em mim. Desde que me tornei... Sua esposa, deixei para trás a minha ingenuidade, e a minha possível inocência.

— Com licença... ( Me retiro do seu escritório e ignoro os olhares curiosos em mim, com o vestido rasgado e revelando algumas partes do meu corpo)

Caminho até o meu quarto, mas sou parada no meio da escada, por uma voz que conheço bem a quem pertence.

— Traje interessante para se passear pela casa. ( Olho para trás e vejo Genevieve nos últimos degrais, subindo lentamente com seu salto grande) — O que seu marido acha disso?

A olho bem e reprimo os lábios.

— Por que ainda está aqui? ( Pergunto, finalmente sem gaguejar ou abaixar a cabeça)

— James deu ordem de que eu ficasse até segunda ordem, só estou o obedecendo. ( Ela para ao meu lado e esboça o mais falso de seus casuais sorrisos)

— Pois então, pode se retirar. ( Digo séria, já estou farta dessas pessoas rasas que se acham melhores do que eu, por qualquer motivo) — A cerimônia já passou, não vejo o porquê de ainda se manter aqui.

— Já disse o motivo. Não tenho que me explicar para você, Helena.

— Para você, é senhora Windsor. ( Desço um degrau e fico cara a cara com ela) — Essa é a minha casa, agora. Não deveria nem estar exigindo respeito de você, Genevieve.

Surpresa pelas minhas palavras, ela se mantém quieta. Pela primeira vez em minha vida, eu consegui calar a boca de alguém. Não vou deixar que pisem em mim, como antigamente. Já não sou mais uma criança ou a garota que era antes, sou uma mulher e quero ser tratada como tal.

— Se você for esperta o suficiente, sairá daqui hoje mesmo. ( Viro as costas e volto a subir) — Ou eu mesma irei faze-lo por você. ( Digo sem a olhar)

Coloco um dos meus novos vestido, dado pelo meu marido e desço para o encontrar.

— O senhor Windsor, te espera no carro.

Assinto com a cabeça e saio, James não percebe a minha presença até que a porta do carro bate suavemente, anunciando que alguém entrou.

— Você demorou. ( Ele diz, olhando para o meu vestido)

— Peço perdão, minhas roupas estavam rasgadas. ( Digo irônica e o motorista nos olha pelo retrovisor, sorrio para disfarçar o constrangimento.)

James parece não se importar, ele é o típico homem que faz o que quer, na hora que quer. O admiro por ter esse jeito, é alguém que almejo ser igual, se não fosse tão rancoroso e ríspido na maior parte do tempo.

— Está bonita... ( James fala baixo, como se elogiar alguém fosse uma coisa difícil para ele)

— Olha... Ele sabe ser legal quando quer.

James revira os olhos, 1 para mim e 0 para o seu ego. Não sei de onde tirei essa ousadia atual mas estou gostando dessa minha nova versão, gosto mais ainda, quando James faz coisas como hoje no escritório. Nunca apanhei de um homem antes, mas dessa forma, eu poderia acabar me acostumando com esse tratamento.

A viagem segue em silêncio, creio que James aprecia a vista de seus campos, fico boquiaberta em saber que toda essa extensão de terras é de meu marido. Logo avisto um vilarejo, algumas pessoas que andam pela estrada lançam olhares curiosos enquanto nos aproximamos.

— Nossa... ( Olho admirada pela janela)

Pequenas casas com jardins floridos, pessoas em seus comércios pelas calçadas de pedra, crianças correndo e rindo... Eu poderia viver mais do que feliz aqui.

O carro para e James abre a porta, saindo. Saio depois dele e olho radiante em volta, é tudo muito lindo, arrumado e nada fétido, como dizia a Margot sobre os vilarejos.

— Isso é muito lindo, James. ( Olho para ele, sorrindo) — Podemos ir ver as pequenas vendas? Nunca comi uma broa antes.

James passa a língua pelos lábios, nesse ponto, é bem perceptível que é um costume seu. Ele olha em volta e franze o cenho, pelo sol que bate em seu rosto.

— Preciso resolver alguns negócios, fique a vontade para conhecer o local. ( Ele fala e eu assinto com a cabeça)

James se retira com outro homem e eu me apresso para as bancadas com inúmeros alimentos diferentes.

— Boa tarde, duquesa. ( Um simpático senhor sorri, atrás de sua bancada de madeira com vários pães, de várias formas) — Gostaria de um pãozinho fresco?

— Eu adoraria. ( Sorrio, tentando escolher qual deles irei levar)

— Senhora, o senhor Windsor me pediu para lhe trazer isso. ( O motorista me entrega um saquinho, com muitas moedas dentro)

— Me dê um de cada, por favor. ( Digo entregando algumas moedas, o senhor sorri radiante e começa a preparar o meu pedido)

.........

— Está pesado? ( Sorrio a Aldous, nosso motorista, que carrega várias sacolas das compras e presentes que recebi de alguns moradores do vilarejo.)

— Boa tarde, duquesa!

Cumprimento as pessoas de volta. Todos parecem tão respeitosos, não entendo o preconceito que as pessoas tem com quem mora em vilarejo. Entendo que exista pessoas ruins, em qualquer lugar sempre terá. Mas são só pessoas que não tiveram a mesma sorte em nascer em uma posição que nem a minha.

Uma pequena garotinha esbarra em mim, enquanto corria de um grupo de meninas.

— M-me desculpe duquesa.

Olho para seu rostinho sujo e vejo lágrimas rolando pelas suas bochechas.

— Está tudo bem, pequena. ( Respondo e me abaixo a sua altura)

— Senhora, não deveria... ( Aldous tenta contestar, mas eu o corto e me viro a garotinha novamente)

— Você está bem? ( Pergunto, vendo que as outras garotas que a perseguiam, saíram correndo, como se estivessem com medo)

— Sim... ( Ela tenta limpar o rosto)

— Por que estava correndo delas?

— Moramos no mesmo orfanato, elas me batem porque sou a menor. ( Sinto um nó na garganta. Ela me lembra muito a mim mesma, quando as minhas irmãs chegaram com Margot)

— Você pode ser a menor, mas é a mais bonita e inteligente. ( Digo e passo a mão pelos seus cabelos) — Está com fome?

A menina assente com a cabeça, peço para Aldous lhe dar algumas das comidas que comprei enquanto visitava o lugar.

— Obrigada duquesa... ( Ela responde enquanto come, seus pequenos olhos castanhos brilham de admiração e seguro muito para não chorar enquanto vejo essa pequena criança nessa posição)

— Ema. Por que está incomodando a duquesa? ( Uma mulher mais velha vem e pega a menina pela mão) — Perdoe-me, senhora.

— Está tudo bem, ela só estava com fome. ( Digo a mulher, que me reverência.)

Então o nome dela é Ema?!

As duas se retiram e fico olhando a pequena garota se afastando.

— Vejo que não poupou o dinheiro. ( Viro para trás e vejo James, olhando para o motorista com as inúmeras sacolas nos braços)

— São tantas coisas que fiquei indecisa no que levar. ( Respondo sorrindo)

— Entendo, são bem produtivos, as pessoas do vilarejo. ( James responde e começa a andar)

— Gentis também, estava tão admirada com tamanho respeito que possuem por você. ( Respondo, o seguindo)

— Agora, deverão respeitar a você também. ( James fala sem me olhar)

— Ainda é estranho para mim... ( Digo, olhando para o chão enquanto ando ao lado dele)

— Não pense que é fácil para mim também, estou tão confuso quando você.

— Isso é uma surpresa, vindo de você.

— Por que diz isso? ( Pergunta, me olhando surpreso)

— Normalmente, James Windsor é um homem bem decidido. ( Falo gesticulando.)

O homem ao meu lado ri, uma risada boa de escutar ao ponto de querer rir junto com ele. Suas covinhas ficam a mostra e seus olhos quase se fecham e meu coração se acelera e minha respiração quase para, por que estou reagindo assim?

— Não diria decidido, mas é uma palavra que me define na maior parte do tempo.

Chegamos no carro e James me olha, seu rosto está próximo ao meu e nossas respirações se misturam pela proximidade. Eu só queria sentir seus lábios mais uma vez e provar para mim mesma que não estou ficando louca por o desejar assim, se ele soubesse que quando estamos próximos, meu coração se acelera e meus lábios ficam ressecados...

— Senhor, onde deixo as compras?

James se afasta rapidamente de meu rosto, como se o encanto que nos cercava, tivesse sumido como uma vela que acabara de ser assoprada. Fico envergonhada e entro no veículo, o clima estava tão bom que tenho receio de ser a única que estava pensando nisso.

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Comments

Amanda Kimberlly

Amanda Kimberlly

eita que foi só ela ser bem comida que virou outra molier né mores? kakakkkkkkkakkk #OQueOSexoÑFaz

2023-05-08

4

Sabrina Santos

Sabrina Santos

amei💕

2023-04-24

1

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