XI

...• James Windsor •...

— Mas, me diz... ( Clint indaga enquanto toma outro gole de sua bebida) — Já comeu ela?

Fico em silêncio por alguns segundos, ele sabe que não tr*nsei com Helena, mas pergunta de propósito para ouvir minha resposta. Clint sempre foi meu amigo desde criança, o único que me apoiou e esteve ao meu lado quando meu pai passava suas noites enfiado no escritório ou com o pau em alguma mulher que não fosse a minha mãe.

— No início, quando eu a vi... ( Falo lembrando de cada segundo, cada fração do momento quando encontrei Helena pela primeira vez) — Minha vontade era de... Enfim, mas eu não posso fazer isso com ela.

— Por que casou com a garota então? ( Clint me olha confuso, ele não sabe nem metade da história.)

Conto tudo que aconteceu a ele, sobre o casamento, sobre Margot e seu pai, ele escuta atentamente enquanto mostra interesse no que digo.

— Então você acha que deve algo a ela? ( Pergunta, tentando entender a história)

Fico em silêncio, Clint sabe como me tirar as palavras. Uma coisa é certa, não tocarei em Helena pelo seu próprio bem, aceitei me casar com a garota para a proteger de sua família, não para abusar de sua ingenuidade. Quando vi em seus olhos - No estábulo - um resquício de paixão, me afastei completamente dela. Não sou homem de romance, irei magoa-la e não quero que sofra como a minha mãe sofreu pensando que meu pai não a amava... Que eu não a amava.

— As pessoas vão falar... ( Clint diz e se levanta) — Podem esperar até uns dias, mas depois de certo tempo, eles irão falar.

— O que quer que eu faça, porra. ( Bato a mão na mesa, com força, e esfrego o cenho.) — Você sabe... Você sabe as minhas particularidades. Helena é só uma garota, nunca nem transou.

— Não precisa amarrar ela na cama e chicotear. ( Clint ri e se encosta na parede, olhando pela grande janela que nos dá visão do quintal escuro, iluminado apenas pela luz da lua) — Existe s*xo saudável, algo que acontece entre um homem e uma mulher que acabam de se casar.

Fico em silêncio, o que ele não entende é que não irei conseguir me controlar. Quando estou perto de Helena, quero quebra-la ao mesmo tempo que a f*do, quero marcar sua pele paleada com mordidas e tapas, quero que ela sinta dor, isso que me dá prazer.

— Tô indo nessa, pensa no que eu te disse... Vocês precisam ter um filho para que não pensem coisas erradas sobre você, e se você se importa ao menos com ela, faça isso pela garota.

Ele me deixa pensando com essas palavras e sai, vou até a mesma janela e tiro um cigarro do bolso, tudo que faço é por ela... Isso é estranho porque a única mulher que fiz alguma coisa pelo bem dela, foi a minha mãe.

Flashback on

— Mamãe... ( Digo chorando, batendo na porta de seu quarto)

Tarda meia-noite, meu pai está em seu escritório com o nariz enfiado nos papéis. Magoado por suas palavras, vim ao encontro de minha mãe, que no caso, não abre a porta. Acho isso estranho, pois sempre quando bato na primeira vez, ela abre a mesma, sorridente com suas belas covinhas, isso a deixa extremamente linda.

— Mamãe? ( Abro a porta lentamente e a escuridão do quarto recai em mim)

Penso não ter ninguém e me preparo para sair, mas um cheiro incomum me deixa desconfortável e tento alcançar o interruptor. Por ser pequeno demais, tenho certa dificuldade em faze-lo, mas com insistência acabo acendendo a luz. Olho pelo quarto e meus olhos se arregalam ao ver a mesma mulher que me deu a luz, deitada em sua cama, seus pulsos abertos e o corpo já pálido, sem sangue.

— M-mamãe... ( Me aproximo dela e toco em sua gélida bochecha) — Acorda mamãe, eu preciso de você.

As lágrimas continuam a cair, enquanto chacoalho seu corpo na esperança de que ela levante e me abrace, uma das empregadas passa pelo quarto e acaba vendo a cena.

— Oh, MEU DEUS! ( Ela grita e corre na nossa direção) — Senhora Windsor!

Logo seu escândalo acaba atraindo outros empregados, que me tiram do quarto e me afastam de minha mãe...

Flashback off

.........

— Senhor Windsor?

Acordo com batidas a porta, quem será a essa hora? Me levanto e abro a porta, vendo uma das domésticas a minha frente.

— Perdoe-me por interromper seu sono, senhor. ( Ela começa a falar) — Mas há visitas a sua espera.

.........

Entro em meu escritório e tenho uma surpresa um tanto quanto inesperada.

— James...

Vejo a mulher a minha frente, com seus olhos tão negros quanto seus cabelos, pele branca e dona de um sorriso que afronta qualquer homem que ousar pisar nela.

— Está tão bonito quanto antes. ( Ela se aproxima de mim.)

— Genevieve... ( Falo seu nome, como se fosse uma confirmação de que ela realmente está aqui, na minha frente)

— Vejo que ainda se lembra de mim. ( Fala enquanto passa a mão pelo meu ombro)

Lembro, e muito bem. Genevieve e eu tivemos um passado, não nos envolvemos porque assim como eu, ela não é de se apegar - Uma de suas qualidades -. Seu marido morreu há anos - Caiu

" acidentalmente" da escada, por ser muito velho, acabou falecendo - com isso, lhe deixou muito dinheiro, o que facilitou a vida dessa mulher, não ter que se casar novamente com um qualquer por míseras esmolas e uma traição na certa.

— O que a trouxe aqui? ( Pergunto indo direto ao assunto)

— Assim como você havia dito, temos assuntos pendentes. ( Genevieve aproxima sua boca da minha, viro o rosto e seguro em seu pulso) — Vejo que o leão ficou arisco. ( Ela fala, esboçando um sorriso branco entre seus vermelhos lábios) — Foi difícil o domar.

— Seja direta, sabe que odeio rodeios desnecessários. ( Falo me afastando, indo até a minha mesa e me sentando)

Genevieve se senta na minha mesa, a minha frente. Meus olhos de mantém em seu rosto, mesmo que suas pernas estejam a mostra.

— James, eu...

Genevieve abre a boca para falar algo, mas a porta se abre e Helena entra, com um livro nas mãos, o sorriso desaparece de seu angelical rosto e é substituído por bochechas vermelhas e um rosto envergonhado, isso... Isso sim me deixa louco.

— M-me desculpe... ( Helena fala e aperta o livro entre os finos dedos) — Não sabia que teríamos visitas hoje.

— E você, pequena? ( Pergunta Genevieve) — Qual o seu nome?

A mulher se levanta da mesa e anda até a pequena criaturinha com os olhos arregalados, pega uma mecha de seus castanhos cabelos e sorri, esperando sua resposta.

— Helena...

— É sua parente? ( Pergunta a mim, sem me olhar)

— Minha noiva. ( Falo e mantenho meus olhos na garota que troca seu olhar de mim para Genevieve, como se quisesse permissão para sair logo daqui.)

— Sua... ( Solta uma risada em tom de deboche, que soa pelo nariz) — Noiva?

Seu sorriso some e ela me olha confusa. Nunca foi uma surpresa para nós dois que nada que tivemos, não passava de s*xo, mas talvez Genevieve quisesse algo mais, como todas as mulheres que se envolveram comigo.

— Não sabia que seus gostos mudaram. ( Olha para Helena de cima a baixo) — Nem que estava interessado em se casar.

— Não tenho que te contar nada da minha vida, Genevieve. ( A olho sério)

— Certamente... ( Se afasta de Helena e pega um copo de bebida) — Ficarei uns dias, você sabe que as viagens me deixam enjoada.

Fala e se retira, Helena tem os dedos brancos de tanto apertar o livro. Me levando e me aproximo dela, sentindo seu doce perfume que sempre usa de manhã.

— Por que está acordada tão cedo? ( Pergunto e passo o dedo pelos seus cabelos)

— E-eu estava na biblioteca e vi esse livro, é sobre romance... ( Morde os lábios e olha para o livro) — Pensei que você gostaria...

— O que a faz pensar que esse tipo de literatura me interessaria? ( Pergunto arqueando uma das sobrancelhas)

— É... B-bem. ( Helena fecha os olhos e força um sorriso) — Eu me enganei, me desculpe novamente por ter... Os interrompido.

Logo se retira e eu suspiro, por que Genevieve teve que aparecer justo agora?

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