VIII

...• Helena Wessex •...

— Você quer a minha ajuda? ( Pergunta James bem próximo a mim, mantenho meus olhos no chão e vejo apenas sua barriga para baixo)

— E-eu... Não sei a quem recorrer. ( Digo com o coração na boca, estou desesperada demais com esse casamento que estou me humilhando para o homem que me tocou há pouco)

— Diz sobre o casamento?

Como ele sabe? Olho para os seus olhos e sinto as lágrimas vindo.

— E-eu não quero me casar com ele. ( Começo a ficar vermelha por causa do choro e sinto a primeira lágrima cair.)

James mantém seus olhos em mim - Sério -, como se eu fosse uma criança e ele o pai, dando bronca por ter feito bagunça. Passo uma mão pelo meu olho para limpar a gota que escorre pela minha bochecha, enquanto me lembro das palavras de James " Não deixe que ninguém a veja chorar, podem usar isso contra você."

— E-eu faço o que você quiser. ( Digo enquanto pego no seu braço) — Você pode ficar com os meus dotes, as mansões serão suas... Só me ajuda!

Um sorriso ladino aparece no rosto do homem a minha frente - Como se me ver implorando, fosse a coisa mais satisfatória para James -, ele passa o polegar pelas minhas bochechas molhadas e coloca o mesmo objeto que solta fumaça, nos meus lábios.

— Só abrir a boca... ( Ele diz com a voz baixa e rouca, o que me causa arrepios)

Faço o que ele pede - Separo levemente os meus lábios - e o mesmo coloca o objeto entre eles.

— Só puxar e depois soltar.

Meus olhos estão fixos nos seus, faço o que ele pede e sinto a fumaça preencher os meus pulmões quando a puxo. Tusso freneticamente e James ri, como se estivesse se divertindo com a situação.

— Não quero seus dotes ou as mansões que seu pai deixará para você... ( James enrola uma mecha do meu cabelo em volta do seu dedo e me olha profundamente)

— O-o que quer então?... ( Pergunto ainda sentindo seu cheiro forte misturado com o cheiro da fumaça)

James sorri, solta o meu cabelo e se afasta.

— Vá dormir, coelhinha... Amanhã será meu último dia aqui.

— Você não vai me ajudar? ( Pergunto uma última vez, com a voz falha pela tristeza)

James fica em silêncio e coloca as mãos nos bolsos, entendo o seu recado e saio de seu quarto rapidamente. Eu sempre soube que ele nunca me ajudaria. Um duque, com dinheiro e poder na palma de suas mãos, o que ele iria querer com uma garota como eu? Talvez a esperança tivesse preenchido demais em meu coração, mas nunca deveria ter me humilhado para ele, agora sabe que sou fraca e dependente das pessoas.

Volto para o meu quarto na ponta dos pés e me deito em minha cama, o meu destino está travado e logo serei Helena Dumpty. Durmo com o terrível pesadelo de lorde Humpty me tocando, me agredindo e dizendo que sou sua esposa para sempre... A noite segue assim até que acordo com a claridade do sol batendo em meu rosto, Ana - Que está em meu quarto logo cedo, para começar a cumprir sua função de cuidar de mim e limpar os meus aposentos - está com uma feição triste, ela sabe o que aconteceu e sabe mais ainda que não pode fazer nada para me ajudar...

— Bom dia... ( Digo triste, Ana me dá um sorriso e se senta na cama, ao meu lado)

— Minha criança, sei que só há dor em seu coraçãozinho.

Olho para baixo e fito as minhas mãos trêmulas em meu colo.

— Isso não é justo... ( Falo sentindo as lágrimas descerem novamente)

— O mundo não é justo, meu anjo. Margot fez isso porque quer te destruir, ela te odeia.

— Mas eu nunca fiz nada à ela, nem às minhas irmãs.

- Eu sei... Eu sei...

Ana me abraça e ficamos alguns segundos assim, até que a água do meu banho fica pronta e ela me ajuda a banhar-me.

.........

— Você está linda. ( Ana força um sorriso) — O café estará pronto em breve, desça já.

Assinto com a cabeça, dou um beijo em sua bochecha e saio. Minha mãe sempre me preparou para ser a esposa perfeita, mas muitas coisas ela me deixou de fora, como ter filhos, por exemplo. Fiquei assustada quando James me tocou, Margot sempre disse para que não deixasse nenhum homem me tocar, caso contrário, ficaria esperando um filho dele. Apesar de ser cruel comigo, acho que ela disse isso para me proteger, eu não quero pensar o pior dela mesmo quando já foi muito má comigo.

— Bom dia. ( Digo a todos, quando entro na sala de jantar)

O silêncio é ensurdecedor no ambiente, até os empregados me olham e cochicham, o que aconteceu? Minhas irmãs me olham com desgosto e meu pai com nojo, Margot avança para cima de mim e desfere um tapa no meu rosto.

— Sua vagabunda!

Meus olhos se arregalam e coloco a mão sobre o local, que arde com o tapa desferido.

— P-por que você fez isso? ( Pergunto completamente perplexa)

— Meredith viu você ontem a noite, saindo do quarto do duque. ( Ela fala com ódio no olhar e cospe as palavras em mim) — Você não tem vergonha? Sua cadela!

Ela levanta a mão para me desferir outro tapa, mas uma mão segura seu pulso e uma figura entra na minha frente.

— S-senhor Windsor... ( Margot arregala os olhos ao se deparar com James em minha frente)

— Desculpe por presenciar tal ato, mas estou educando minha filha.

As palavras me escapam, meu mundo desaba e só consigo lembrar da sensação do tapa que recebi de Margot, ela nunca tocou em mim e mesmo agora o fazendo, meu pai nem ao menos moveu um dedo para me defender.

— Por favor, senhor Windsor. ( Diz papai ao James) — Deixe esse assunto entre nós, da família.

James solta o pulso de Margot e coloca as mãos nos bolsos, um ridículo costume que o deixa irresistível quando o faz. Olhando para mim como se analisasse e perguntasse mentalmente se estou bem, abaixo a cabeça, não quero enfrentar meu pai e Margot. Fui ao quarto de James ontem, fiz algo que me desonra e todas as mulheres, mereço ser punida pelas minhas ações, e se isso me custa apanhar ou ter que me casar com o senhor Dumpty, que seja feito.

— Que bom, que entramos em tal assunto... ( James diz e desvia os olhos de mim, olhando agora para as pessoas a minha frente) — Porque irei me casar com Helena.

Meu coração para por um milésimo de segundo, Meredith e Nívea que antes riam, olham perplexas e assustadas para James. Margot abre a boca para dizer algo mas se cala, apenas da uns passos para trás e coloca a mão no peito, como se quisesse acalmar seu descontrolado coração.

— I-isso... ( Margot balbucia algumas palavras, ela claramente está mais surpresa e chocada do que todos presentes nessa sala.)

— Isso não será possível, Helena está prometida a outro. ( Papai franze o cenho e cruza os braços, olhando com determinação para James) — Talvez Meredith ou Nívea...

— Não. ( James interrompe meu pai, olhando firmemente nos seus olhos) — Helena será minha esposa.

O homem a minha frente anda despreocupadamente pela sala, pega uma das bebidas e se serve, creio eu que seja Whisky puro. O burburinho entre os empregados começou há minutos, Margot se irrita e ordena a saída de todos.

— Posso lhe oferecer muito mais do que o Dumpty. ( James fala de costas para todos, mas claramente se refere ao meu pai, que parece pensativo com suas palavras) — Ele é só um burguês metido a besta que ganha dinheiro sujo em cassinos clandestinos, gasta a maior parte com putas em bordeis e bebidas.

— Tem certeza do que diz?... ( Meu pai pergunta a James, como se estivesse receoso de tais palavras não passarem de brincadeira.)

— Absoluta...

— Mas isso... ISSO É INADMISSÍVEL! ( Margot se altera e começa a gritar histericamente) — Helena irá se casar com lorde Dumpty!

— Como ousa levantar a sua voz comigo, mulher? ( Meu pai se altera e desfere um tapa em Margot também)

O rosto dela vira com o impacto na minha direção, vejo ódio e amargura em seu coração, todos os sentimentos que ela possuí por mim, nesse exato momento, ficaram mais claros do que água em rio. Meredith e Nívea colocam a mão na boca e seus olhos se enchem de lágrimas.

— Helena é jovem, virgem e terá muitos anos para lhe dar quantos filhos o senhor quiser... ( Meu pai se volta à James e continua a conversa, como se nada tivesse acontecido) — Com lorde Dumpty seria diferente, já é um homem velho e vivido, não deve mais ser fértil.

Essa é a desculpa que ele inventou para encobrir o fato de que só aceitou este casamento com James por causa de seus títulos e dinheiro? Ainda não caiu a ficha de que ele fez isso e enfrentou a minha família, mas por que ele está me ajudando?

Olho para Margot e a mesma se mantém quieta, com a cabeça baixa e as minhas irmãs no canto, tentando manterem-se mais afastadas o possível, mas sinto que estão mais desconfortáveis do que a mãe com tal assunto.

— Está decidido. ( James diz) — Irei embora hoje, e levarei Helena comigo.

— Hoje mesmo? ( Meu pai pergunta surpreso)

— Tenho trabalho a ser resolvido nos campos britânicos, Helena ficará em minha residência e será preparada para se tornar duquesa. ( Sinto daqui o rosto de Margot e das minhas irmãs queimarem de raiva só de pensar em mim, como duquesa de algo)

— Claro, senhor Windsor. Como quiser! ( Papai responde mais do que depressa)

É incrível como meu ele respeita tanto James, sua posição de duque está muito acima da posição de minha família, só abaixo da família real, é claro. Isso é um dos motivos de mesmo ser mais novo que meu pai, é tão respeitado quanto, por ser quem é... E agora, eu também serei, é estranho pensar nisso.

— Tem algo a dizer, querida? ( James termina de beber seu Whisky e se vira para mim, os olhares de todos também)

— F-fico honrada em ser sua esposa... ( Falo baixo, quase olhando para o chão)

Escuto Margot bufar e James me lança um sorriso ladino, logo vem em minha direção e pega a minha cintura, me levando para fora da sala de jantar e deixando todos nos olhando curiosos e alguns suspiros raivosos de conjunto.

— V-vamos mesmo nos casar? ( Pergunto olhando o homem ao meu lado)

— Não quer ser minha esposa, coelhinha? ( James responde a minha pergunta, com outra pergunta - mantendo seus olhos no caminho em que traçamos -)

" Minha esposa", isso ecoa na minha cabeça como se fosse algo perigoso... Ser esposa de James Mountbatten-Windsor, soa mais cativante do que aparenta, ao mesmo tempo de ser intimidador.

Paramos em frente do meu quarto e James continua a andar, logo parando, e sem me olhar, diz:

— Arrume suas coisas, partiremos em breve.

Ele se afasta e me deixa sozinha, plantada na porta do meu quarto como um vegetal pronto para florescer. Entro e me sento na minha cama, nem ao menos sei o que levar... Para ser sincera, eu não queria ir, mas morar com James deve ser menos perturbador do que com a minha família, principalmente depois de Margot ter me agredido.

A porta se abre e olho rapidamente, suspirando de alívio ao ver Ana, entrando.

— Soube de tudo que aconteceu, você está bem? ( Ela pergunta vindo até mim e colocando as mãos em cada extremidade do meu rosto, com clara preocupação no semblante)

— Estou bem, madre. ( Digo forçando um sorriso)

— Eu deveria esfregar a cara dessa bruxa no chão, como se fosse um pano de lavar.

Sorrio com a sua fala, por mais que não goste de Margot, como eu, Ana nunca ameaçou os meus pais, seu medo de ser demitida e ficar longe de mim, a assombra.

— Eu irei embora hoje... ( Digo, voltando a ficar triste)

— Eu sabia que você tinha algo com o senhor Windsor. ( Ana diz) — Estava claro, o seu rosto duvidoso depois que se encontravam. Você sente algo por ele!

— N-não... ( Meu rosto fica vermelho e mordo os lábios.) — Ele é gentil, madre. Apenas isso...

Ela me olha desconfiada, mas logo após, sorri.

— Fique tranquila, meu amor. ( Ana diz beijando o topo da minha cabeça) — Eu não irei a lugar algum, e quando você retornar para me visitar, estarei te esperando com os braços abertos.

Sorrio e a abraço, irei sentir tanto a sua falta! Deixo as lágrimas escorrerem enquanto me consolo em seus braços.

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Comments

Amanda Kimberlly

Amanda Kimberlly

respeita autoridade moço

2023-05-08

3

Amanda Kimberlly

Amanda Kimberlly

HAHAHAHAAHAHAHAH

2023-05-08

2

Sueli De Oliveira

Sueli De Oliveira

Estou sdorandoadorando

2023-04-10

2

Ver todos

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