capítulo 13

Capítulo 13

Em algum momento do filme, acabei adormecendo e quando acordei, não estava mais sentada como antes, nem encostada no sofá. Não, eu estava com minha cabeça no ombro de Jacob, que assistia a cena final do filme, ao qual ele estava prestando muita atenção.

Fiquei imóvel, esperando até que o filme acabasse. Então me afastei e Jacob me olhou, com aqueles olhos azuis penetrantes, com aquele cabelo pendendo levemente em sua testa.

- Sinto muito - falei baixo e me virando um pouco de frente para ele, Jacob abriu um leve sorriso, mostrando sua covinha na bochecha esquerda. - Eu dormi e não sei como fui parar no seu ombro, não foi intencional!

- Tudo bem, Camila! - ele disse me tranquilizando e colocou sua mão em cima da minha, que repousava nas minhas pernas - Sei que não foi intencional e se tivesse sido, você só estaria procurando uma posição confortável, não tem mal nenhum nisso.

Não tinha? Eu não teria tanta certeza, não quando meu coração estava batendo descompassado no peito.

- O filme era bom? - perguntei mudando de assunto, não queria mais falar sobre ser ou não ser certo eu adormecer no seu ombro.

- O filme foi ótimo, você perdeu! - ele falou um pouco animado - e não, não vou dar nenhum spoiler, se quiser assista e depois comentaremos a respeito!

- Quanta maldade! - falei fingindo ultraje e Jacob apertou seus lábios reprimindo um sorriso, o que deixou sua covinha ainda mais aparente - Pois saiba que eu vou assistir e notar pontos que você não notou e ainda achar uma teoria da conspiração!

- Você sabe que era um filme de comédia e que não deixa nenhuma dúvida, não é? - ele perguntou erguendo as sobrancelhas e com um brilho animado nos olhos.

- Ainda sim, vou achar algo que você não tenha notado! - falei.

- Ok, vamos ver! - ele falou e respirou fundo - quer almoçar comigo? Sulema fez almoço para nós...

- Seria bom, meu estômago está roncando! - falei olhando para minha barriga e depois fiquei constrangida, Jacob era um cara rico, parecia ter boas maneiras e cá estava eu agindo como uma pobretona, minhas bochechas arderam de vergonha.

- Vamos então! - ele disse ficando de pé e eu acabei levantando rápido demais.

Quando me ergui, bati minha cabeça no queixo de Jacob. Ele soltou um urro de dor e fechou os olhos esfregando sua mão onde eu havia batido.

- Meu Deus... - falei tocando sua mão que esfregava o queixo - me desculpa, me desculpa! Deixe-me ver!

- Tudo bem... - ele falou com a cara ainda retorcida, afastando a mão e um pequeno roxo se formava abaixo da sua barba que tinha tons de loiro claro, loiro escuro e cinza, como seu cabelo.

Esfreguei a ponta dos meus dedos no seu queixo e assoprei, quando levantei meus olhos e encontrei os seus, Jacob estava muito sério, com seu olhar fixo em mim, aquilo me deixou completamente sem fôlego.

Ele abaixou seu queixo e tocou meu rosto com a palma da sua mão, ainda me olhando com uma intensidade que eu nunca tinha visto antes. O ar parecia não entrar mais nos meus pulmões. Mas ele não fez nada além disso.

Então cometi uma loucura, segurei seus ombros levemente e aproximei minha boca da sua, beijando seus lábios que estavam entreabertos. Sua mão continuou em minha bochecha.

Movi meus lábios devagar, percorrendo sua boca, saboreando seu gosto adocicado, senti quando a outra mão dele pousou na minha cintura e tentei intensificar o beijo, mas Jacob me afastou. Não muito, pois encostou sua testa na minha, ainda de olhos fechados e suspirou pesadamente.

- Camila... - ele disse parecendo tomar fôlego - eu não posso, sinto muito ter feito isso!

Ouvir isso, doeu. Eu não podia negar, queria muito esse beijo, talvez até mais que só um beijo dele.

- Eu beijei você, desculpe! - falei dando um passo para trás e senti falta do calor das suas mãos e do seu corpo.

- É só que... eu não posso! - ele falou engolindo em seco - Sinto como se estivesse traindo minha esposa, meus filhos... faz muito pouco tempo que tudo aconteceu, sinto muito por ter encorajado você, não sei o que me deu na cabeça...

- Claro, eu entendo! - falei, mas a verdade é que não entendia, aliás, entendia seus motivos, mas ao mesmo tempo eu era egoísta e não queria que ele pensasse nisso, queria que ele pensasse somente em mim naquele momento.

E então a culpa me abateu, eu era um ser humano horrível por querer isso. Jacob estava de luto, com um câncer que podia levar sua vida, mas eu estava mais preocupada com as minhas necessidades, do que com o que ele sentia.

Jacob me olhou mais alguns segundos e depois disse:

- Vamos almoçar! - ele se virou e saiu caminhando, mais rápido do que o normal.

Por mais que agora eu estivesse totalmente sem fome, o segui. A mesa da sala de jantar estava posta e nos sentamos. Jacob na cabeceira e eu ao seu lado esquerdo. Almoçamos em silêncio absoluto. Apenas ouvindo o barulho dos talheres e da comida sendo mastigada na minha boca.

Nós dois estávamos constrangidos depois daquilo. Eu ainda mais, Jacob não avançou em mim, fui eu quem cruzou a linha. Linha essa que nunca deveria ser cruzada. Ele era meu chefe, eu o estava ajudando. Talvez fossemos até amigos agora, mas só isso. O homem estava morrendo e de luto, pelo amor de Deus, eu era uma pessoa cruel.

Assim que terminamos de comer, Sulema retirou as coisas e ficamos a sós novamente.

- Então, o que pretende fazer à tarde? - perguntei quebrando o silêncio e acho que minha voz saiu grossa e bem estranha.

- Não pensei em nada, mas imagino que se você está perguntando, já deve ter pensado em algo! - ele falou bem humorado e senti um alívio enorme por ele não estar bravo comigo.

- Pensei em irmos até a lagoa, lá tem pedalinhos em formato de patos gigantes... - falei baixo e um pouco constrangida, será que era um passeio muito infantil? Ou quem sabe iria parecer um passeio romântico? Ah, Deus! Eu estava muito arrependida, mas não tive tempo de retirar o convite.

- Acho uma ótima ideia! - ele falou.

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