capítulo 5

Capítulo 5

- Jacob, me dê isso! - Falei tentando pegar aquela arma.

- Camila, vai embora! - ele pediu sério ainda segurando aquela coisa para baixo.

- Não! Me dê isso! Não quero ser a única suspeita da sua morte! Eu já entrei aqui, as câmeras já me viram! Eu não vou ser culpada! - falei apavorada ficando muito nervosa por pensar tudo de ruim que podia acontecer comigo, caso ele fosse até o fim. - Quer saber, vou ligar para a polícia, não sei como não pensei nisso antes! - disse pegando meu celular.

- Não! Para com isso Camila! - ele falou se aproximando e puxou o celular da minha mão.

Nossos corpos bateram um no outro e eu senti o corpo quente dele e aproveitei enquanto ele olhava nos meus olhos e puxei a arma da sua mão, dando vários passos para trás rapidamente.

- Agora chega Jacob! - falei séria.

- Quando foi que começou a me chamar de Jacob? - ele perguntou dando um pequeno passo na minha direção e eu dei mais dois para trás.

- Desde a hora em que vi você pensando em cometer essa loucura!

- Já conseguiu o que queria, agora saia! - ele disse e se virou, me fazendo respirar finalmente.

- Quem me garante que não vai pular da janela? Ou... ou... eu sei lá, se dependurar pela gravata no teto e se enforcar?

- Deus... - ele disse baixo indo até sua cadeira e pegou seu blazer e caminhou na minha direção.

- Onde vai? - perguntei e meu corpo se juntou e chocou contra a porta.

- Embora! - ele disse e tocou a maçaneta me olhando.

- Me prometa, que não vai tentar se matar! - pedi e me desencostei da porta, indo logo atrás dele conforme ele saiu.

Passei na minha mesa e peguei minha bolsa e meu casaco.

- Prometa! - falei quase gritando e indo atrás dele.

- Não vou prometer nada, Camila, me deixe em paz! - ele falou irritado.

- Não! - falei entrando com ele no elevador - você tem armas em casa? - perguntei guardando a dele dentro da minha bolsa.

- Se for pega com isso, vai ser presa! - ele afirmou e eu arregalei meus olhos. Mas o que eu devia fazer? Devolver a ele que eu não ia.

- Vou para a sua casa! - falei decidida.

- Está maluca? Nem pensar! - ele disse saindo do elevador e indo para a garagem.

- Você agiu com inconsequência, vou tratar você como criança e vou ser sua babá hoje! - falei correndo com dificuldade em cima dos meus saltos, o desgraçado tinha as pernas enormes.

- Sabe que eu ainda poderia fazer isso no banho ou em qualquer lugar que você não entre comigo, não é? - ele perguntou e parou de repente, me fazendo trombar nele.

- Agora mesmo que vou com você e se precisar vou entrar no banheiro junto ou em qualquer outro lugar!

- Por que se importa? - ele perguntou olhando nos meus olhos.

- Porque... é uma vida! - falei suspirando e tentando respirar - E a vida é boa, apesar de tudo que você passou, a vida é boa e é linda. A vida é para ser vivida, lembrada... e não tirada! Não sei o que está sentindo, mas sei que deve estar sendo insuportável, para você chegar ao ponto de querer tirar a própria vida!

- Camila, é sério, pode ir! Eu só quero ficar sozinho! - Jacob disse baixo.

- Então me prometa! Me prometa que não vai tentar nada assim, nem parecido!

- Eu prometo! - ele disse olhando nos meus olhos e eu acenei concordando.

Jacob foi para o seu carro e entrou, me deixando ali parada apenas olhando enquanto ele saia do prédio. Fui caminhando até meu apartamento que era ali perto. Não consegui nem comer, pensando na cena em que tinha visto, por apenas poucos segundos, se eu não tivesse entrado, ele podia ter cometido aquela loucura.

Ainda bem que entrei. Ainda bem.

Na manhã seguinte, acordei com muita fome, então tomei um café bem reforçado e depois tomei banho, me arrumei e fui trabalhar.

Assim que cheguei, sentei na minha mesa e tinha um e-mail do Heric “Bom dia, flor atrasada do dia, ainda bem que o senhor pau pequeno ainda não chegou, ou iria levar um xingão cedo da manhã”.

Droga...

“Como assim ele não chegou ainda? ele sempre chega antes de todos!”

“Eu não sei menina, deve ter passado a noite na gandaia”

Não respondi mais o Heric. Acessei o banco de dados e descobri o endereço pessoal de correspondências do Jacob. Depois levantei, peguei minha bolsa e fui saindo.

- Aonde vai? - perguntou Heric vindo atrás de mim.

- Recebi uma ligação, minha mãe está muito doente.

- Quando foi que recebeu essa ligação? - perguntou ele sem acreditar em mim.

- Tchau, tchau! - falei quando o elevador começou a se fechar e acenei com minha mão para ele.

Eu iria gastar o maldito dinheiro que não podia, para pegar um uber e ir na casa do desgraçado. Se ele não estivesse morto, eu iria matá-lo por me preocupar.

O uber foi bem rápido e logo eu estava na casa do Jacob. Obviamente os seguranças dele não me deixaram entrar. Mas eu não desisti, continuei falando.

- Eu preciso falar com ele, sou sua funcionária! - falei a um deles que estava igual uma parede na minha frente.

- É, eu sou o Batman! - ele disse e os dois riram de mim.

- Chama ele e você vai ver! Só fala com ele, por favor! - era o que eu precisava, se Jacob respondesse, eu saberia que não tinha tentado se matar.

- Ele não quer ser incomodado! Então, vai logo embora moça! - o homem disse sem nem sequer me olhar.

Suspirei de raiva e saí caminhando devagar. Olhando aquelas cercas e as grades... Bom, eu precisava entrar e iria conseguir. Dei a volta pelos fundos e esperei por vários minutos, não tinham seguranças ali.

Tirei meus sapatos e comecei a escalar a cerca. Assim que eu estava do outro lado, respirando fundo devido ao esforço, vi aqueles dois seguranças correndo na minha direção, foi aí que vi as câmeras no topo das grades.

- Merda! - falei alto e procurei a porta de entrada.

Então corri o mais rápido que pude, com minhas pernas finas e pequenas, mas consegui. Alcancei a entrada e abri a porta, que graças a Deus estava destrancada.

Mas assim que coloquei meus pés dentro da casa, um dos seguranças pulou em cima de mim e caímos no chão.

- ME SOLTA SEU BRUTAMENTES! - gritei com todos os meus pulmões.

- Cale-se sua vadiazinha! - ele disse e o outro começou a falar no rádio com alguém.

- Eu já disse que sou funcionária do Jacob, preciso falar com ele!

Ouvi passos, ainda presa no chão, com aquele louco em cima de mim.

- O que está acontecendo aqui? - era a voz dele.

- Essa fã maluca pulou a cerca e a pegamos aqui senhor!

- Sou eu, Camila! - falei com meu rosto no chão, mas olhando nos olhos dele. - Por favor, diga para esse brutamontes me soltar? - pedi.

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