capítulo 4

Capítulo 4

Os últimos dias têm sido um inferno. Jacob era o capeta em pessoa por causa do processo, o que sobrava para mim. Mais queixas, mais gritos e reclamações. Eu só estava aguentando, por causa da minha faculdade EAD, que eu podia fazer ali mesmo, na parte da tarde, quando não tinha nada para fazer, fora que o salário era bom... se não fossem essas coisas, eu já tinha dado um soco nele e pedido demissão.  

Apesar de tudo que estava acontecendo, o dia de hoje estava suspeito. Jacob chegou mais tarde que o comum, ele sempre chega antes de todos. E o mais estranho, é que desde que chegou não me chamou, não me deu nenhuma tarefa... isso era no mínimo suspeito, mas o que eu deveria fazer? Ir até ali sem ser chamada? Não, isso era suicídio, seria só para ele me xingar ou achar algo para reclamar, do quanto eu sou ineficiente.

E se ele estivesse assistindo pornô? E eu pegasse ele com a mão na massa? ECA, eu iria vomitar. Estava decidido, eu não ia entrar ali.

Eu e Heric ficamos trocando e-mails o dia todo. Ele me contou que a Matilda do décimo andar estava tendo um caso com o Otávio do RH. Já eu, contei a ele, que esse mesmo Otávio ontem mesmo estava de amassos na sala de cópias com a Joana, melhor amiga da Matilda. “Você me ganhou, seu bafão era maior que o meu” - ele escreveu e eu sorri e ele ficou de pé.

- Já vai? - perguntei falando em voz alta com ele.

- Sim, já passou das sete e não fizemos nada o dia todo, para mim chega! - ele disse recolhendo seu casaco do encosto da cadeira. Heric jogou um beijo para mim e se foi.

Por mais que eu odiasse meu chefe, estava ficando bem preocupada, que ele estivesse morto ali dentro, já entrando em estado de decomposição e ninguém tinha ido ver. Será que eu seria culpada? Afinal eu sou a secretária e devia ter ido falar com ele em algum momento, a polícia vai achar suspeito. Se alguém estiver envenenado o Jacob e não acharem o culpado, seria a suspeita número um... A Deus... Levantei bem rápido e fui até sua sala.

Tomei coragem e entrei sem bater, estava tão nervosa que tinha até me esquecido que não deveria entrar sem bater ou ser convidada. E para meu total horror, me deparei com uma cena indescritível.

- O que está fazendo? - perguntei quando entrei no escritório e me deparei com meu chefe, parado em frente a sua janela de vidro, do último andar do prédio, segurando uma arma apontada para sua cabeça. Ele virou o rosto em minha direção, olhou no fundo dos meus olhos e pude ver que ele não estava com medo, não, aquilo era cansaço, esgotamento e muita, muita tristeza acumulada.

- Só saia daqui... - ele disse baixo e voltou a olhar para a rua com a arma apontada para sua cabeça, sua mão nem sequer tremia.

- Jacob? - chamei pela primeira vez por seu nome e não seu sobrenome. - Não pode fazer isso!

- Não posso? Me diga um motivo do por que não devo acabar com minha vida miserável?

- Bom... muitas pessoas dependem de você, essa empresa depende de você!

- Infelizmente, tenho que avisar você que estamos com tudo parado, tudo! O site, a plataforma. Acabou, saiu ontem a noite a decisão do juiz, acham que estamos plagiando o Libert.

- Isso é um absurdo, não estamos! Você precisa recorrer!

- Não vou ter tempo disso!

- Como assim? - perguntei me aproximando mais e agora estava bem perto dele.

- Câncer nos rins! - ele falou e achei que sua voz tinha ficado embargada.

- Ainda não é o fim, não pode fazer isso com sua família! Todos vão ficar arrasados! Apenas... tente! Dê a eles seus últimos dias, dê a eles sua presença - falei e agora tocava seu ombro pelas costas, com a ponta dos meus dedos.

- Família? - ele disse se virando e me olhando novamente, ao menos Jacob tinha abaixado sua arma.

- É, sua família, pense neles! - falei achando que tinha dado certo.

- Por acaso isso é uma piada? Sabe que minha esposa e meus filhos morreram um mês atrás num acidente de carro!

- Eu... eu... não sabia! - falei completamente chocada, em que mundo eu estava? Isso é que dava estudar e trabalhar, não estava entrando nas redes sociais e nem assistindo TV. Isso explicava a mudança repentina dele.

- Camila, me deixe sozinho!

- Não! Para que? Para você cometer essa loucura? Nem pensar!

- Não vou... - ele disse baixo e olhou para o chão.

- Se não vai, então me dê isso! - falei tocando na arma e senti aquele ferro gelado encostando na minha pele, aquilo me causou um arrepio.

- O que vai fazer com minha arma?

- Deixar bem longe de você!

- Não! - ele falou puxando a arma e dando um passo para trás.

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Comments

Hellen Valéria Santos Pinheiro

Hellen Valéria Santos Pinheiro

Meu Deus

2025-01-03

0

Josy Leite

Josy Leite

Camila por ser secretária deveria ter postura profissional não saber que o chefe está passando por momentos difícil nem sabia morte da família sem contar que fica fofocando de todos na empresa não é nada profissional

2024-03-14

2

Joao Victor

Joao Victor

por favor não deixa ele faz isso.

2024-01-08

1

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