capítulo 14

Capítulo 14

Após descansarmos um pouco, fomos até a lagoa. Jacob dirigiu o tempo todo em silêncio, eu tentava pensar que não tinha haver com o que aconteceu a pouco, mas não conseguia parar de pensar naquilo.

Jacob estacionou na frente, onde havia uma parque, um calçadão e depois um pequeno trecho de areia, que levava até a água que era cristalina. Vários pedalinhos em forma de pato, estavam presos num pequeno deck de madeira.

Tirei meus sapatos, ainda estava com o mesmo vestido e Jacob tinha trocado sua roupa, colocando uma bermuda cinza e uma camisa polo preta. Ele tirou seus chinelos e caminhamos juntos na areia até um homem que parecia cuidar do aluguel dos pedalinhos.

Jacob conversou com o homem, ele fez questão de pagar, eu quis contribuir, mas ele não deixou. Ainda bem, eu estava praticamente sem um centavo, apenas esperando pelo pagamento que cairia em alguns dias.

Subimos no pedalinho e tinha apenas um casal bem mais longe andando num outro pato gigante. Nós dois pedalamos em silêncio, mas já tinha passado de um silêncio confortável, eu já estava ficando agoniada.

- Você está tão quieta, que eu estou ficando preocupado! - ele falou quebrando aquele silêncio e olhando para frente.

- Só estou pensativa... - disse.

- Se é por causa do beijo, não fique envergonhada. Não foi nada demais! - ele falou pedalando e pareceu realmente não ser nada para ele.

Mas para mim, tinha sido. Esse era o problema.

- Ah sim, realmente não foi nada demais! - falei tentando parecer indiferente, mas não sabia se tinha conseguido transparecer isso.

- Sabe, eu nunca achei que estaria andando de pedalinho aqui novamente.

- Novamente? Você costumava vir aqui? - perguntei e logo minha ficha caiu.

- Sim. Aos fins de semana com... - ele fez uma pausa e parou para engolir em seco - com minha família! - Jacob concluiu.

- Eu não sabia, sinto muito! - falei sentindo um aperto enorme no peito. Eu estava fazendo tudo errado com Jacob.

- Não sinta, é bom vir aqui e me lembrar deles! Ainda dói muito e não sei se um dia vai parar de doer, mas eu preciso começar a encarar as coisas!

- Eu acho que a dor da sua perda não vai passar! - falei e fiz uma pausa quando ele me olhou de canto de olho - um dia, com o passar dos anos, você vai se acostumar com a dor, alguns dias vão doer mais, outros menos. Mas o importante é você ao menos tentar, como está fazendo hoje, agora!

- Você fala com o passar dos anos - ele disse suspirando - mas eu nem sei se terei até o fim deste!

- Eu me recuso a ouvir isso! - falei cutucando ele com meu cotovelo - não diga mais isso, pensamentos positivos! Por favor! E vamos mudar de assunto! Hoje é um dia para pensarmos em coisas diferentes!

- E que tipo de coisa você gostaria de pensar? - ele perguntou e pareceu aliviado ao mudar de assunto.

- Me diga, quais as viagens que você ainda deseja fazer ao longo da sua vida? - perguntei.

- Eu ainda quero ir para a África, para o deserto do Saara e para a Austrália!

- Uau... destinos bem diferentes! - falei sorrindo, porque eram lugares totalmente opostos.

- E você, quais os lugares que gostaria de conhecer?

- Bom, eu quero muito ir para Curaçao, para o Caribe, Maldivas... mas eu precisaria ganhar na loteria para conseguir isso! - falei rindo.

- Por que diz isso? Você está estudando, vai se formar e continuar trabalhando para mim! Logo seu salário vai dobrar! - ele disse.

- Nem se meu salário triplicasse Jacob - falei e ele virou o pescoço, dessa vez nossos olhares se encontraram e eu fiquei sem ar.

O sol batia no rosto dele, iluminando aqueles olhos lindos, deixando seu cabelo ainda mais claro e sua barba por fazer mais aparente. Precisei desviar meu olhar, ou poderia fazer algo que me arrependesse.

- Seu - ele disse pigarreando - seu salário é tão ruim assim?

- Você não sabe quanto sua assistente ganha? - perguntei baixo, ainda me recompondo.

- Na verdade, não sei! - ele falou rindo.

- Ganho dois mil dólares! Acha que se meu salário triplicasse, ou poderia ir para as Maldivas? - perguntei.

- Nossa, não... Maldivas é muito caro! - ele disse como se estivesse se lembrando de algo.

- Pois é, pelo que vi o salário base de uma recém formada, não vai ser mais do que cinco mil, ou seja, eu vou ter que fazer carreira primeiro. E ainda preciso juntar dinheiro para uma casa, um carro... tantas coisas mais importantes do que viajar, mas quem sabe um dia!

- É, quem sabe um dia! - ele falou e não consegui detectar que tom foi esse que ele usou, ou se estava se referindo a mim ou mais a ele com essa frase.

A nossa tarde na lagoa foi muito agradável. Caminhamos no calçadão depois de mais de uma hora no pedalinho. Tomamos sorvete de uma carrocinha que tinha ali e depois nos sentamos num banco de frente para a lagoa. Assistimos o sol se pôr, refletindo seus raios laranjas e amarelos na água. A vista foi tão linda que quase me emocionei. E eu não sou uma pessoa emotiva. Acho que tudo que estava acontecendo, somando com a história triste do Jacob, me deixou assim.

No fim do dia, ele me deixou no meu apartamento. Cheguei a pensar em convidar ele para entrar, mas achei melhor não. Amanhã eu iria com ele na primeira radioterapia. Combinamos tudo ele me buscaria aqui e se precisasse, eu voltaria dirigindo.

Eu não podia dizer que estava ansiosa pelo que iria acontecer, eu tinha pesquisado sobre e sabia bem que as coisas seriam muito difíceis dali em diante. Mas eu estava esperançosa e era isso que importava. Jacob ao menos queria tentar e eu faria com que ele conseguisse, ele precisava conseguir.

Eu não queria perder ele, não podia!

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Amadas sumi pq não estava muito bem, mas se tudo der certo, hoje ainda teremos mais capitulos. Amo vcs ❤️.

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