capítulo 6

Capítulo 6

- Solte ela, Bruno! - Jacob falou e parecia irritado. Sua roupa era simples, camiseta e bermuda, ambas eram pretas.

- Obrigada! - falei entre os dentes, ficando de pé e passando as mãos na minha roupa.

- O que veio fazer aqui? - ele perguntou com a mão na cintura, quando os seguranças já tinham ido.

- Você não apareceu, é sempre o primeiro a chegar! Peguei seu endereço e vim aqui. Fiquei com medo que tivesse...

- Olha, pode parar! Por acaso eu nunca faltei ao trabalho antes? E nunca a vi você me procurando das outras vezes!

- Das outras vezes, não peguei você um dia antes com a arma mirada na cabeça! - falei brava.

- Estou bem, já pode ir! - ele falou se virando de costas e começou a caminhar.

- Por que não foi trabalhar? - perguntei parada onde estava desde que fiquei de pé.

- Sou o chefe e você a funcionária, não vejo porque eu deveria me explicar! - ele falou me olhando levemente por cima do seu ombro.

- Deveria ao menos ter consideração! - falei caminhando até ele e fiquei a poucos passos, mais uma vez ele apenas me olhou por cima do ombro, quando ouviu que me aproximei - vim até aqui preocupada, salvei você ontem! Pode ao menos olhar para mim e me dizer como está? - falei irritada.

O que acabou surtindo efeito, Jacob se virou para mim e me olhou nos olhos. Assim, vestindo roupas normais, eu diria que ele é bonito. E olhando bem... bom, não diria que tem o pau pequeno.

- Eu estou bem, obrigado por se importar! - ele disse em tom calmo - Obrigado por ter vindo até aqui, apenas para ver como estou!

Respirei fundo e acenei com a cabeça.

- Ok, não foi nada! - falei baixo e um pouco aliviada. - Eu vou indo e pode deixar que sei a saída!

Me virei e estava quase chegando na porta, quando ele me chamou:

- Camila, espera! - disse ele e quando me virei ele estava um pouco mais próximo. - Gostaria de tomar café comigo?

- Café? - perguntei confusa e porque não sabia o que dizer.

- Sim, café! Aquilo que é pretinho e tem um cheiro maravilhoso! - ele disse e sorriu um pouco, erguendo o canto esquerdo da sua boca. Isso tinha me deixado mais preocupada, do que a arma que vi ontem na cabeça dele.

- Por acaso você é bipolar? - quando vi já tinha escapado da minha boca.

- O que disse? - Jacob perguntou se aproximando mais, o que me deixou desconfortável, porque, assim, na luz do dia, ele estava parecendo muito maior do que eu.

- Desculpe... é que você ontem estava tentando aquilo, quando cheguei ficou bravo e agora me chamou para um café, como se nada estivesse acontecido! - falei olhando nos seus olhos e ficando ainda mais nervosa. Pude ver que alguns raios dourados, contornavam ao redor da bolinha preta dos seus olhos.

- Não Camila, não sou bipolar! - ele falou dando mais um passo e agora devíamos estar a poucos centímetros de distância, se é que se podia chamar isso, de distância! - Quer tomar o café, ou não? - Jacob perguntou baixo.

- Sim, quero! - eu disse e ele fez sinal com sua cabeça, para que eu o seguisse.

Sua casa era simplesmente enorme e linda. Mais uma vez me perguntei se era para compensar a falta de algo. Logo vi espalhado pela sala, fotos dele com uma mulher e duas crianças, pescando no lago, andando de barco, velejando... eram uma família feliz e ninguém deveria perder as pessoas que ama e ficar sozinho, não era difícil entender o porquê do que ele quase tentou ontem.

Passamos por uma sala de janta gigante, com uma mesa oval cercada por doze cadeiras estofadas em um tom de verde esmeralda, com um lustre centralizado no teto, que deveria valer mais que a minha vida. E finalmente chegamos à cozinha, onde tinha uma bancada de mármore carrara, com banquetas com assento na cor do mesmo verde esmeralda das cadeiras da sala de jantar. Os móveis dali eram de um branco que só podia existir em casa de gente rica, porque para nós, meros mortais, a madeira ficava amarelada e suja rapidinho.

Uma senhorinha muito fofa de avental me cumprimentou gentilmente, seu nome era Sulema, Jacob parecia gostar muito dela e ela dele.

- Sente-se! - disse ele e sentou também. Puxei uma banqueta, que era bem pesada e sentei à sua frente.

Logo a dona Sulema, trouxe duas xícaras grandes, de um tom de terra e pintura indígena, junto com um bolo muito cheiroso com cobertura de chocolate e deixou a nossa frente.

- Humm... - falei inspirando aquele aroma delicioso - só o cheiro, já me fez feliz dona Sulema! - disse a ela que sorriu abertamente para mim.

- Obrigada querida! - disse ela secando suas mãos úmidas no avental - se me derem licença, vou continuar meus afazeres!

- Claro Sulema, pode ir! - disse Jacob baixo e ela se retirou.

Ele cortou dois pedaços de bolo e nos serviu, colocando em pratinhos pequenos, da mesma porcelana cor de terra da xícara..

- Então - comecei puxando assunto, depois de alguns segundos ou talvez minutos em silêncio absoluto - por que me convidou para um café? Achei que minha presença irritava você!

- Bom irrita! - ele disse sério, mas não parecia bravo - mas como pode ver, moro nessa casa gigante sozinho agora e meus seguranças não são as pessoas mais sociáveis do mundo, como pode ver! Então, às vezes a companhia de uma pessoa normal, caí bem!

- Desde que tudo aconteceu, teve companhia aqui? - perguntei baixo e beberiquei um pouco do meu café, estava pelando de quente, mas eu gostava assim, ou seja, estava perfeito.

- Não - ele disse olhando pensativo na direção do bolo, mas com certeza ele estava se lembrando de algo - Nunca gostei dessa casa grande como é, mas minha esposa, sempre quis uma casa assim, ela queria uma família “tão grande quanto essa casa”, eram as palavras dela toda a vez que eu reclamava. E agora, não quero de jeito nenhum sair daqui...

- Entendo você não querer sair daqui! É aqui que elas viveram, é aqui que foi o lar de vocês como família! Acho mesmo que deve ficar aqui! Isso se não for doloroso demais, é claro.

- Não, aliás, as vezes é difícil passar pelo quarto da Maria Clara e do Mike e saber que não os verei mais, - ele disse e logo imaginei que fossem seus filhos, eu precisava pesquisar a respeito do que houve, embora ele tivesse me falado sem muitos detalhes do acidente - mas ao mesmo tempo é muito bom, passar pela brinquedoteca e lembrar do quanto nos divertimos em família ali, foram momentos marcantes! - Jacob disse e sua voz ficou um pouco embargada.

- Imagino que deva ser muito, muito difícil, mas não pense que não os verá mais, pense que um dia vocês podem se reencontrar, num lugar melhor, sem dor e nem sofrimento. Apenas paz e o amor de vocês! - falei e toquei sua mão por cima da mesa e ele me olhou.

- Não me diga que é uma dessas religiosas e que vai pregar a palavra de Deus para mim? - ele perguntou mudando de humor bem rápido e erguendo o canto esquerdo da sua boca novamente em um sorriso curto.

- Se for preciso, para levantar seu astral e deixar você mais animado, então sim, eu vou! - falei sorrindo.

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Comments

Lucia Vieira

Lucia Vieira

já estão se entendendo /Facepalm/

2023-12-06

3

Kariny Kelly

Kariny Kelly

coitado 😞

2023-12-04

0

Josanice Barbosa Vanderlei

Josanice Barbosa Vanderlei

Ela é louca 🤣🤣🤣ela é bem atrevida 🤭🤣🤣🤣🤣

2023-11-29

2

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