Ah!... Eu não aguento mais! Preciso de água... O jeito é procurar em algum lugar, nesse extenso campo, para fazer isso sem desmaiar antes, eu vou comer algumas maçãs, para que a fome não vire amiga da sede, e resolva acompanhar-me. Nunca pensei ir tão longe, pois tive sempre a não aprovação da mamãe, quando pedia para ela, mas agora ela não está aqui, e a necessidade não dá escolha, senão a seguir em frente, para algum lugar além do horizonte.
"Ainda é madrugada, o sono é presente, mas a necessidade é a prioridade, até conseguir."
Nossa! Isso deixou-me tão surpreso que até o sono, que queria fazer eu parar, passou! Uma cerejeira! Eu sempre quis comer uma cereja, mas não tive a oportunidade até agora! Mas, porque ela é tão grande assim? Dá até para subir nos galhos, como é bom ser crianças, e poder fazer isso. Pelo menos isso deu-me momentânea alegria, para me distrair do fato de eu estar perdido e sem ninguém... queria ver as estrelas.
"As nuvens passam, a ser levadas pelo vento no caminho do céu."
Sinto que devia voltar para onde estava, voltar a ser um boneco, ter a amizade junto ao meu lado. Preciso ser sincero comigo, já que só existe eu aqui, que não há nada mais para mim, nessa realidade. Provavelmente a mamãe queria mudar para a cidade, mas como eu tentei ir para aquele lugar, e ela não se lembra onde fica a árvore da maçã, ou que tem um filho. Deve ter ido embora, e também a pessoa da mudança não costumam perguntar, por isso levaram o que era meu.
"Tudo ainda está muito confuso para ele."
Nunca devia ter culpado a minha mãe, pelo que ela carregava em silêncio, toda essa amargura foi entregue a mim, com uma herança má e sem gosto, a não ser amargo e difícil de engolir. Pelo menos essas cerejas são fáceis, além de ter um gosto bom... Nossa, de tanto pensar, esqueci que preciso procurar água em algum lugar. Parece que vem tempestade, e eu estou muito longe de casa, o jeito é tentar abrigar-me aqui mesmo.
"Uma longa chuva aproximasse, a regar o campo"
Lembrei-me de mais uma memória que lutei para esquecer, era de quando o papai queria contar a história que ele criou, num dia em que eu não queria dormir. Que falava sobre um homem que aparece para crianças, a fazer com que algumas delas desapareçam sem explicação, sempre com a proposta de levá-las ao um lugar feliz, só de lembrar fico com medo, ele fazia parecer tão real.
"Uma história conectada as outras."
Deve ser por isso que eu sinto que tudo o que eu vivi, após tentar enforcar-me, parecia ser real... Eu lembro o que um tal ser disse, que eu não fazia parte daquela história, apóstrofo! Esse é o nome dele! Espera, ele parece com a pessoa que disse para mim sobre aquele lugar feliz, em um sonho, do meu mais profundo sono, será esse ser, a mesma pessoa!? Se isso for verdade, então a fantasia e a realidade, estão separadas por um fio, ou... uma corda no pescoço... ah! Isso é muito confuso.
"Tudo seguirá o seu rumo, segundo a decisão do que é maior."
Se ele é real, mesmo a ser uma fantasia, qual será o motivo pelo, qual vem até a realidade? O meu pai não contou uma história que ele criou, ele contou uma história criada! E a minha irmã, que eu nunca conheci, pode ter sido levada por esse ser, no passado! Isso por ser, quase esse, o motivo pela qual a minha mãe culpava o meu pai, por algo que se perdeu, ou que nunca mais foi encontrado. Isso... É demais para a mim, talvez seja também por isso, que eu preferi somente esquecer, e tentar ocultar tudo da minha mente.
"O ser que marcou o passado, e ainda existe..."
Se isso não tem uma explicação certa, o que aconteceu com a mamãe também não! Perder a memória ainda jovem, com a saúde boa, de um dia para a noite? Talvez tenha uma resposta, eu sou o que mais acredito em fantasias, o meu pai só falava delas para mim, por eu gostar, mas a mamãe não acreditava em nada, e sempre falava contra isso, até me bateu quando eu mostrei o desenho de uma fantasia que o meu pai contou. O que aconteceu com ela foi... um ataque do ser?
"Ninguém pode contra ele, até que descubra o que realmente é."
Esse ser, por conseguir, possivelmente, ter levado a minha irmã, pensou que poderia levar-me com ele também, mas como a minha mãe fazia com que eu me afastasse da fantasia, ela foi um alvo fácil para ele. Então, onde está o meu pai? O que aconteceu com ele? Será... que ele também foi para aquele lugar? A única forma que eu sei, para ir é enforcar-se, a minha ficou desse jeito por tentar também... O meu pai... conseguiu?
"Perguntas são enviadas para quem sabe como respondê-las."
O milo está em qual parte dessa história? Ele não era um cachorro normal, agora que eu sei que não era meu, poderia ser daquele lugar! O dia em que eu descobri que ele morreu, por comer a comida estragada, perguntei por várias vezes onde ele estava, mas nunca o vi, ela apenas disse que o enterrou. Algo que acreditei até agora... como eu pude esquecer de todos esses detalhes, quando mais novo? O que se passava pela minha cabeça? Preciso continuar a pensar...
"As primeiras gotas de água caem..."
Talvez a minha irmã não fosse tão simples, como a minha mãe, para acreditar em fantasias, por isso que esse ser entregou o cachorro para ela? Para a convencer que aquele lugar era real? Uma foto no álbum de memórias do papai, mostrava o dia em que ele "comprou" o milo... na imagem tinha um homem ao lado dele, que vestia preto e parecia que era uma fumaça ambulante! Porque o tempo quer entregar todas esses respostas, tão rápidas assim!?
"Agora ficará ao vento, o tempo já não terá o seu controle."
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Atualizado até capítulo 48
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