Capítulo 7 - Vila dos gatos/Parte 2

"O pássaro provou ser uma boa pessoa, por isso não foi mais rejeitado..."

Amizade — Pássaro, fala-me o motivo de eu não poder ir ao teatro local?

Pássaro — Porquê será o local onde vamos continuar o seu aniversário.

Amizade — O que vocês vão fazer? Uma peça por acaso? Isso vai ser divertido.

Pássaro — Não amizade, será que não pode esperar até amanhã para descobrir? Será uma surpresa para você. Aliás, deveria nesse momento, descansar.

Amizade — Ah... Não gosto nem um pouco de surpresas. Eu quero ver agora!

Pássaro — Eu já disse para deixar de insistir, só amanhã!

"...Mas isso demorou muito, a causar dores irreparáveis..."

Amizade — Você pode gritar comigo o quanto quiser, mas não vai impedir-me de saber!... (Começa a correr até o teatro).

Pássaro — Amizade, pare! Menina teimosa... (A segue até o teatro).

Amizade — O que significa isso? Porque esse palco está enfeitado dessa forma?

Pássaro — Era para ser uma surpresa. Fizemos o melhor que...

Amizade — O que vocês querem que eu faça!? Que eu cante? Você esqueceu do que fez no passado?... (Lágrimas caem) Não acredito nisso.

"...Não só rejeições, mas também das suas escolhas."

Pássaro — Você ainda guarda isso, após tanto tempo?

Amizade — Claro! Não foi você que passou por tudo aquilo! E ainda age como se isso não mudou em nada entre nós! Éramos amigos!

Pássaro — Eu nunca me esqueci disso! Eu nunca deveria ter feito aquilo, mas não há nada que eu possa fazer para reparar o meu erro.

Amizade — Chega! Não quero mais ouvir o que você tem a dizer! (Foge)

[— Você é patético, pássaro!]

...{Lembrança}...

"Você não deveria existir! Por que você existe? Morra, Morra!"

(— ♩♪♫ O amor é o mais difícil, o amor é uma batalha. ♫♪♩

— Amizade?

— Que susto pássaro! O-o que veio fazer aqui fora?

— Amizade... Que voz linda, não sabia que cantava.

— Obrigada, é que... Eu não canto muito, sabe. Só por vezes, por gostar.

— Mas você deveria cantar, não precisa ter vergonha, amizade.

— Eu não sei... Ainda não aprendi a ler direito, você poderia ajudar-me?)

"Você descobriu o canto, não deveria ter deixado ela calar."

(— Eu estou com medo. Nunca cantei para tantas pessoas.

— Não fiquei com medo, eu estou aqui com você. Se ganhar essa competição de talentos anual, irá para a escola da ilha, onde a sua vida será melhor e poderá cantar a música que compôs.

— Você também irá participar?

— Sim, mas eu vou contar histórias, e ler as minhas poesias também...

— Nossa! Quando eu aprender a ler e escrever de vez, vou fazer uma poesia para você!)

"Onde estão as canções? Não dá mais para ouvi-las."

(— Nossa! Não acredito que eu ganhei essa competição! Estou muito feliz!

— Você não imagina o quanto eu estou orgulhoso de vê-la como vencedora, amizade.

— E você, não ganhou nada?

— Não tem mais que um vencedor nessa competição, mas tenho certeza que eu seria o segundo melhor. Mas tenho uma apresentação a fazer.

— Que bom! Eu quero estar nessa apresentação, e ouvir a suas poesias.

— Sim, a nossa mãe também estará lá. Estou muito ansioso.)

"Não tínhamos ideia do mal que você faria..."

(— Mas... Mas, porque vocês não foram na minha apresentação?

— Desculpe... Amizade teve um convite de última hora, precisei estar presente nesse momento mais especial da vida dela, a minha filha canta com uma voz única, você tinha que estar lá... Entenda, ela precisa de um apoio e atenção nesse momento, e logo ela irá à escola, e então passarei o tempo junto, até você chegar lá também. Não se esqueça, eu também amo-te.

— Eu não vou chegar lá... Eu só queria ser da família também.)

"Não temos culpa se ela é melhor que você!"

(— O que foi, pássaro? Você não apareceu nas minhas apresentações, eu esperei-te. Sabe, eu estou muito feliz, faltam alguns dias para eu finalmente viajar.

— Então você vai mesmo ir... Vou sentir a sua falta.

— Eu também. Queria que você fosse comigo. Eles não pretendem voltar a vila, como faziam anualmente.

— Mas por quê? Eu queria tanto participar uma vez mais.

— Eles vão investir no meu canto, vou passar toda a primavera a cantar em vários lugares, esse é o meu sonho! Quando eu conseguir, vou vir te buscar.)

"Ela sempre foi melhor que você! Isso nunca irá mudar."

(— Eu não acredito... Ganhar a competição foi o meu sonho também, agora vai acabar para sempre! Por culpa da amizade, ela só pensa nela mesma! Não se importa comigo mais, ela pensa ser melhor que todos, e vai acabar com as minhas chances de conseguir realizar o meu sonho. Eu não posso deixar... Se eu impedir, haverá uma nova chance, numa nova competição, e então eu vou poder vencer, e ser um orgulho para a minha dona, e assim, ela vai aceitar-me como filho novamente...)

"Você nunca vai esquecer do que fez!"

(— Você está a ensaiar?

— Sim. Estou ansiosa, hoje é a minha última apresentação, vai ter os jurados da central lá.

— Mas você não já foi aceita?

— Já sim. Eles somente vão analisar a minha voz, e conversar com a mamãe.

— Entendi. Eu trouxe alguns morangos para você, não aceito que recuse.

— Obrigada, pássaro. Queria muito comê-las, você é um anjo!...)

"Você depositou lágrimas de ódio nos morangos."

(— O que aconteceu, a amizade está bem?

— Não, ela vomitou no palco antes mesmo de cantar. Não sei o que aconteceu com ela, estava tão bem e de repente ficou doente.

— Nossa... Não era para isso acontecer.

— Eu sei, pássaro... Deve estar triste por ela.