"Lucas desperta. Alguém está a cheirar o seu cabelo."
Lucas — Haaa!!! Quem é você!? Onde, onde eu estou?...
— Você, eu não sei quem é. Estamos em um campo. Prazer, sou a amizade.
Lucas — Você... É uma gata! Como pode falar, e agir como um humano?
Amizade — Da mesma forma que você, a ser um boneco, faz a mesma coisa.
Lucas — Boneco?... Haaa!!! Eu sou um boneco.
Amizade — Sério? Achei ter dito isso, enfim, o que faz aqui, sozinho?
Lucas — Não sei direito, acho... que lembro desse lugar... Desse campo...
"Amizade, é uma filhota de cor laranja. Gosta que a mencione pelo apelido."
Amizade — Hum!... Pelo visto não tem onde ficar, parece estar com fome.
Lucas — Um pouco... Acho que sei o meu nome, lucas! É isso. Prazer...
Amizade — Amizade! Esse não é o meu nome de verdade, mas gosto de ser chamada pelo apelido.
Lucas — Eu não entendo o porque eu sou um boneco. Eu quase não sinto nada.
Amizade — Logo se acostuma. O que precisa agora, é de uma fruta deliciosa, e de uma companhia essencial, que sou eu! Olha! Uma árvore!
Lucas — Acho que sim, eu gosto de frutas. A minha preferida é a cereja...
"Amizade é muito fofa, e as suas pupilas são em formato de coração."
[Lucas] Eu não sei como vim parar aqui, mas eu gostei da amizade. Nós conversamos até chegar na árvore, confesso que a caminhada foi longa, assim como a nossa conversa. Ainda estou a acostumar-me a andar, e ela está a ajudar-me para que eu possa caminhar, com facilidade... Ah não! Ela quer que eu suba na árvore, tenho medo de escorregar e cair, mesmo a não ter medo de altura, tenho medo de machucar-me, tenho medo da dor, mesmo a não sentir mais.
"Essa cerejeira tem uma casa na árvore. Não há nada dentro dela."
[Amizade] Esse garoto é esquisito e legal, mesmo eu a encontrar no meio do nada. Sinto que tenho que acompanhá-lo, até onde for, ele não pode ficar sozinho, se nem ao menos sabe de onde veio, ou como veio parar aqui. Ainda bem que a minha fofura não deixou ele perceber as minhas lágrimas. Sabe, nem sempre sou o que as minhas pupilas mostram... Tenho os meus motivos para não voltar para a minha casa, mas que bom que eu encontrei um amigo...
"Lucas deseja comer as cerejas... Elas, tem gosto de maçãs."
[Lucas] A nossa! Que gosto estranho, jurava que era maçã. Já está a anoitecer? O tempo passa rápido por aqui, e as nuvens vermelhas, carregam tudo menos água. Entramos na casa da árvore, parece que a amizade não quer ir para a casa, eu não sei o que houve, mas não vou sair do lado dela, a noite está um pouco fria, espero que não chova. Ela amou comer as cerejas, mesmo que para ela tenha gosto de cereja.
"Esse mundo é desconhecido. O que se sabe, é que é uma grande ilha."
[Lucas] A lua está cheia de um brilho que não é dela. Talvez eu estou a começar a sentir... Não seu dizer muito bem o que é. Será que é a presença da amizade? Bem, seja como for, eu precisava disso, talvez não seja somente eu. O jeito que nós nos abraçamos, por ter pego uma cereja para ela, e nos aconchegarmos para nos mantermos aquecidos, nesse frio, mostra quanto ela confia que eu vou continuar junto dela, como um novo melhor amigo...
"Algumas pessoas são tristes, por não estarem preparadas para serem felizes."
— Amizade!
(Lucas e amizade assustam-se.)
— Até que enfim eu encontrei você. Só podia estar aqui mesmo.
Amizade — Pássaro! Quantas vezes eu tenho que dizer, para você não chegar dessa forma! Da próxima vez eu arranco as suas penas!
Pássaro — Eu que tenho que procurar-te, e é dessa forma que você me agradece?
Amizade — Eu não pedi para ser salva, príncipe penoso! Vai embora!
"Pássaro e amizade crescerem junto, mas algo abalou o laço entre eles."
Pássaro — Quem é esse boneco, um namorado? Ele é o responsável por incentivar-te a fugir?
Amizade — Não! O que isso tem a ver? Eu fugi porque queria ficar longe!
Lucas — Pessoal, precisamos de discussão?
Pássaro — Longe de quem, amizade? De você mesma, da realidade?
Amizade — De você, de todos!... Eu só queria um pouco de alegria, isso fere-te?
Pássaro — Chega! Você tem até o por-do-sol para voltar, se não quiser encrencar-se.
Amizade — Não faz diferença, agora você tem toda a atenção que queria.
"Pássaro é um anjinho, ou algo semelhante. Ele é mais velho que a amizade."
Lucas — Amizade, quem era ele? Ei, não precisa chorar...
Amizade — Ele não é ninguém. Isso importa para você?
Lucas — Desculpe. É que tudo aconteceu tão repentinamente.
Amizade — Você não precisa entrar nessa história. Não interessa a você!
Lucas — Eu só queria entender o que estava a acontecer.
Amizade — Não precisa, pessoas demais sabem. Pessoas que não deveriam saber, pois, não se importam! Que saber, eu vou descer.
"Eles eram como irmãos. O tempo e as pessoas mudaram isso."
[Lucas] Eu não sei o que aconteceu entre eles, mas não queria que isso acontecesse. Nos acabamos de nos conhecer, não quero que ela vá embora. Desci da casa na árvore, para ficar ao lado dela, não disse nada naquele momento, pensei que as minhas palavras não ajudariam. O mais puro silêncio aliviou um pouco as coisas, e a companhia impulsionou a fazer a coisa certa. As nuvens voltaram a ficar brancas, e o desejo de ir de mãos dadas até o final do campo, cada vez mais aumentava. Era o nosso destino.
"Não há ódio entre eles. Apenas dor e dúvidas..."
[Amizade] Quando finalmente esqueço o que aconteceu, o pássaro aparece repentinamente, a trazer o nosso passado nas suas asas. Ele tinha que vir agora? Eu só queria um momento para pensar, e acabei por tratar mal a quem não teve culpa alguma... Quer saber, o meu sonho é viajar pelo mundo afora, explorar o desconhecido. Mas não dá para fazer isso sozinha, talvez eu tenha receio, a minha saúde não será um impedimento! Eu quero aproveitar o tempo que tenho.
"Existe lugares no campo, ainda não explorados."
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Atualizado até capítulo 48
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