"Depois da paisagem, a mentira perde a sua cor."
Onde... onde estou? Aqui é o lugar onde fiquei, a minha cesta tão bonita, está quebrada, a corda arrebentou por ser fraca demais, era tudo um sonho, ou um pesadelo? Não, não pode ser! Eu lembro de todos eles. Algo parece está estranho aqui, não sinto mais receio do horizonte, algo me chama insistentemente, sinto o meu corpo leve. Atrás de mim, está a minha casa, e sinto ter uma árvore que tanto queria existir...
"Uma história ligada a outra, desde que tudo haja propósito."
Tentei ir o mais depressa possível para a casa, para pedir desculpas a ela, por tentar cometer esse erro e deixá-la sozinha, mas tudo está vazio. Os móveis, os objetos de uso diário, o meu balanço, tudo não está aqui! O meu pescoço dói tanto, mas não tenho um pano para limpar-me do sangue. O que eu fiz? Por que eu fiz isso?... Eu estou em completo desespero, por estar sozinho, nunca estivesse sozinho com agora estou.
"O silêncio gritas nos seus ouvidos."
Eu lembro-me de ter acreditado naquela história, sobre um lugar feliz... Que lugar feliz é esse, que faz-me perder todos que um dia amei!? Eu não paro de tremer... não consigo segurar as que eram para ser, as minhas últimas lágrimas. Eu preciso parar para pensar, quem foi que me disse sobre aquele lugar, se poucas vezes saí desse imenso campo? Ele vestia preto... ele era tão ilusório... espera... eu não sou mais um boneco!
"Onde está a sua mãe? Por que está sozinho?"
Saber que eu não sou mais um boneco, não alivia o que estou a sentir, toda essa sensação é como mergulhar na água, em um universo em que se pode voar, mas não se pode respirar. Ficar aqui não significa mais nada, pois não há lembranças, e nem memórias, graças a mamãe que queimou elas nas chamas da sua própria amargura!... Não pode ser... estou a voltar a ter a mesma tristeza e falta do papai, e do milo, o meu fiel companheiro.
"De repente, as outras memórias veem a tona."
Uma memória não sai da minha mente, é sobre aquela lápide... Era, a lápide do meu pai? Mas, isso não pode ser possível, o que aconteceu comigo após eu apagar, pela falta de ar? Talvez, esteja na hora de eu deixar todos os sentimentos ruins de lado, e começar a lembrar-me do que ouvi, dos meus pais. São tantas coisas que eu fiz sumir da minha memória... seja por medo ou por não ser capaz de lidar com isso, todos os dias.
"O livro das memórias esquecidas é aberto."
Lembro-me da última conversa que tive com o meu pai, era como num dia chuvoso, para uma flor que cresce no campo. Ele queria passar os seus últimos dias comigo, mas a mamãe preferiu deixar para a próxima oportunidade, como não haveria próxima oportunidade, eles entraram no que seria a última desavença. Mesmo eles a querer poupar-me disso, consegui ouvir pouco.
"Lorenzo e Melissa, eram o casal do campo."
E esse foi o motivo de eu querer apagar da minha memória, pois em certa parte da discussão, a mamãe jogou na costa do meu pai, toda a culpa pela minha irmã ter morrido, e que eu não seria a solução, para reparar a dor da perda... até agora não sei o que mais me deixou em choque, saber que eu tive uma irmã que nunca conheci, ou saber que eles me tiveram para tentar compensar toda essa dor...
"Segredos sentimentais são difíceis de lidar-se."
Felizmente eles não perceberam que eu ouvi tudo, infelizmente eu descobri a verdade da pior forma, no que seria o meu último dia com o pai. Eu tentei forçar uma criança feliz e simples da casa, mesmo que a mamãe odiasse o meu jeito, antes de começar a perder a memória. Mas era mais que preciso, eu tentar transformar a dor numa maneira positiva... como se isso fosse possível.
"As peças sempre tiveram um encaixe certo, nesse quebra-cabeça."
Então o balanço era para ela, a casa da árvore incompleta era para ela, se ela estivesse aqui, eu nunca teria existido. O milo provavelmente era dela também, apesar de criarmos grande afeto, um pelo outro, contudo, eu existo porque alguém deixou de existir... O pior disso, é ter que admitir que foi um erro estar naquela casa, pelo fato de na última conversa que tive com papai, ouvir ele dizer que eles eram felizes, até algo acontecer, e após isso eu nascer.
"O valor ouro perdido, nunca será esquecido."
Eu realmente não sei para aonde vou, aquilo que era a minha casa, não tem nada. Além disso, o ambiente não deixou de ficar pesado, após o dia da descoberta, não conseguir ser uma criança desde então, sinto-me como um boneco que todos podem usar, mas sozinho não tem alma própria, para tomar decisões, ou ser importante.
"Os ventos entram pelas janelas e porta da casa."
O milo foi quem fez-me descobrir onde está o álbum de memórias, talvez, esse seja o motivo pelo qual ele não mais irá entrar por essa porta, ou passear comigo no campo, a latir enquanto cantarolava. Éramos felizes juntos, mas, o que é a felicidade sem a tristeza? Ou o que é a vida sem a morte?... Dessa vez, nem o papai saberia responder essas perguntas. É estranho eu mudar tão repentinamente, para eu mesmo, faz tempo.
"O peso de um adulto, na costa de uma criança."
O entardecer já começou, não sinto mais fome por ter comido as maçãs que ainda estavam frescas. As minhas roupas ainda não sujaram, isso significa que ainda pode durar por alguns dias, mas a sede... ainda me persegue. Dormir pode fazer com que eu consiga resistir a essa sede, até que alguém chegue, não sei! Talvez, ninguém venha... pior do que isso, além da sede, é ficar comigo mesmo e com essas memórias...
"O sono segura a sedenta vontade por água, até que no meio da noite, não pode suportar."
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Atualizado até capítulo 48
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