Capítulo 14 - Escola da ilha/Parte 3

— Por que você quer morrer? Você não parece reagir a minha ameaça...

Lucas — Você não tem ninguém, por isso não entenderia.

— Não entenderia o quê?

Lucas — Que não estou a querer morrer, e sim, tentar até o último momento, lutar pela minha amiga. Eu sei que não estou sozinho aqui, ela sempre esteve aqui comigo.

— Quer saber... você tem razão, não tenho amigos... e não tenho sentimentos! Você vai morrer aqui!

Lucas — Então, esse é o meu fim? Espera... eu já tive um fim... (Explosão)

"Uma lembrança é o suficiente para trazer um ponto final na história..."

Pássaro — Lucas! Você está bem?

Lucas — Pássaro... O que você faz aqui? Eu não quebrei o acordo.

Pássaro — Esqueça esse acordo. Você precisa voltar para a amizade.

Lucas — Por que isso agora? Tão, repentino...

Pássaro — Isso não é o importante, no momento, preciso de você ao lado da amizade, algo muito maior pode acontecer. Não dá para explicar tudo, agora.

Lucas — Tudo bem, ajude-me a levantar, estou fraco...

"O relógio tem um tempo para findar-se... nada o pode parar, até completar."

[Lucas] Eu preciso chegar até o vale das lamúrias, preciso saber da minha história... Isso enche o meu ser, até não sobrar mais ar para respirar. Isso pesa bastante, é como se eu tivesse todos os sentimentos que já senti na minha verdadeira história. Sinto tudo... sinto que não faço parte desse corpo, sinto que não faço parte dessa história! Sinto uma mistura de sentimentos que se completam, e, ao mesmo tempo, esvaziam-se. Sinto também, que o próprio pássaro sabe que a minha existência está a ser um... erro...

"Há desespero em cada batida das asas do pássaro. Ele sabe..."

[Pássaro] Tenho que chegar a tempo... não posso deixar que nada mais aconteça... preciso pensar, preciso pensar... calma, calma... eu não posso desesperar-me. Por mais que eu tenha medo, um medo que nunca senti na minha existência! Sinto que o lucas sabe das minhas intenções, ainda que tudo o que eu faça, é para o bem, e para salvar a todos... as nuvens estão reunidas, uma nova tempestade. Por que agora? Preciso que haja mais tempo, droga!... Não consigo nem controlar as minhas lágrimas... não consigo...

"Ela sofreu muito, e agora foi encontrada. O seu coração pode descansar."

Chico — Encontrou alguma coisa, aí no primeiro andar?

Amizade — Não!... A maioria das salas está fechada. Vou precisar das chaves.

Chico — Tome aqui, elas. Amizade, qual é o nome das outras duas meninas bonecas, que estão desaparecidas?

Amizade — O nome de um é flora, e a outra chama-se elizabeth. Por quê?

Chico — É que... pelo jeito que o orador está a agir, dar a entender que uma delas é a sua irmã.

Amizade — Não descarto essa hipótese, também pensei o mesmo. E por mais que não seja, vamos procura-las da mesma forma.

Chico — Com certeza. Elas estão em perigo, e sofrem muito. Precisamos encontra-las.

"A boneca flora não sabe onde está, não pode falar, não pode ver..."

Chico — Amizade, vem aqui! Estou na sala de música!

Amizade — O que aconteceu, chico? Encontrou alguma delas?

Chico — Não, mas queria que cantasse, enquanto eu toco piano, pode ser?

Amizade — Ah! Chico! Nós temos que continuar a procurar.

Chico — É só uma música, por favor?... Sabe que precisamos acalmar-nos, assim vamos à procura delas com mais calma, a música que nós dois sabemos.

Amizade — Tudo bem, chico. Então vamos cantar a música para a minha vida.

"Os dois cantam e as suas vozes, percorrem por toda a escola."

[Orador] Preciso continuar a ler... tenho que encontrar elas... não dá!... O meu corpo está enfraquece, as minhas mãos não respondem, sei que estou a morrer... não acredito que eu vou morrer sem conseguir encontra-la. Perdoe-me elizabeth... eu jurei, que ainda que todos desistissem de procurar por você, eu gastaria até as minhas últimas forças e esperança, para encontrar-lhe. Eu... fracassei... e isso é pior que morrer. Sei que nunca mais vou-te ver... (Choro) O-o que é isso?... um som... uma música... que... alívio... é o que eu precisava agora... obrigado...

"O orador cai sobre a carta de elizabeth, a morrer lentamente..."

Chico — Você ouviu isso, amizade? Parece vir do quarto do orador.

Amizade — Vamos depressa! Algo deve ter acontecido com ele... Abre essa porta.

Chico — Calma, vou abrir... Não!... O orador... morreu.

Amizade — Mas, ele estava bem, não aparentava estar...

Chico — Aparentava sim, amizade. Veja os lenços manchados de sangue, caídos no chão.

Amizade — Mas, por que ele não pediu ajuda?

Chico — E quem iria o ajudar?... Só tem nós dois aqui... todos sumiram.

"Um barulho pode ser ouvido, vindo do terraço da escola."

Chico — Ouviu esse novo barulho? Veio do terraço, vamos verificar?

Amizade — É que, o corpo dele não pode ser deixado aqui. Temos que enterrá-lo, se eu morresse longe de quem eu amo, iria querer que me enterrasse também.

Chico — Tudo bem... Parece justo fazer isso, ele sofreu muito. Vamos levá-lo para fora, você cava e eu carrego o corpo dele.

Amizade — O cachorrinho aqui é você, chico. Você cava melhor que eu.

Chico — Está certo, então você leva o corpo do orador, e eu faço o serviço de cavar uma cova digna. (Após terminarem) Pronto! Conseguimos finalmente. Espero poder encontrar todos de volta, e pedir para avisar à família dele. Tão jovem para sofrer tanto... com certeza não é a vida que todos nós esperamos ter, mas é a que mais vem sobre as asas do acaso, desejo que descanse em paz, orador.

Amizade — Vamos continuar o que ele começou, é o que ele queria... acredito, que é o que elas queriam também, que alguém as encontrassem. Vamos ver a origem daquele barulho no terraço, chico.

"Os dois logo chegam na porta que dá para o terraço, ambos em completo silêncio..."

Amizade — Antes de abrirmos, quero dizer que li a carta que estava na mesa, onde ele estava. Parece que a elizabeth é alguém próximo do orador, assim como a presidente do grêmio.

Chico — Será que as duas são a mesma pessoa?

Amizade — Pode ser, mas... ainda não sei como contar a ela sobre ele, quando a encontrar...

Chico — Não pense muito no que aconteceu, se a encontrarmos, já será uma conquista.

Amizade — Tem razão. Vou abrir a porta... (...) Hei! Você é a elizabeth?

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