Capítulo 8 - Vila dos gatos/Parte 3

Lucas — O que aconteceu, por que está a chorar?

Amizade — Nada... Você não precisa saber.

Lucas — Eu não preciso, mas quero. Sou o seu amigo e não vou te abandonar, eu me importo com você, não quero que segredos rondem as nossas vidas.

Amizade — É que eles prepararam uma surpresa, na verdade eles queriam que eu cantasse, e até prepararam um palco para isso.

Lucas — Esse é o motivo de chorar? Me conte o motivo, amizade.

"Do que adianta ter asas, se você escolheu ser preso à gaiola."

Lucas — Então foi isso... você não quer mais cantar?

Amizade — Eu fiz uma promessa de nunca mais cantar, e eu não quero quebrar.

Lucas — Mas eu e você cantarolamos, várias e várias vezes.

Amizade — Mas isso é... Diferente. Eu não vou cantar para ele, nem por ninguém!

Lucas — Então cante para você! Por você... Cante a música para a sua vida. Você é a amizade! Você é o que os seus olhos mostram, você é tudo para você mesma.

Amizade — Mas se eu quebrar toda a promessa que eu fizer, não serei fiel comigo mesma.

"Não há amor, não há mais nada... Apenas tentativas de ser novamente."

Lucas — Existem promessas que nos prendem. As vezes, quebrar promessas podem nos permitir voar, em vez de cansar as asas. Nascemos livres, amizade, somente precisamos aprender a voar, a começar por quebrar o que nos prendem, na maioria das vezes, aquilo que nós mesmos colocamos. O que você me diz?

Amizade — Eu... quero, mas não sei o que vai acontecer após isso...

Lucas — Irá cantar e cantar novamente, como nunca antes... até o fim.

Amizade — Talvez eu tente, pelo menos só por uma noite.

"Você deveria estar morto sozinho, sem as suas asas!"

Mãe da A. — O que aconteceu, pássaro? Você passou a noite toda sem dormir, só a pensar.

Pássaro — É que as minhas tentativas de reparar os meus erros do passado, com a amizade, só tem dado errado... não sei mais o que fazer.

Mãe da A. — É eu sei, ainda continua a ser sobre aqueles morangos, estou certa?

Pássaro — Isso, e por tudo, queria que ela percebesse o quanto me arrependo, do que fiz. Não sou um monstro, nem uma pessoa má.

Mãe da A. — Eu tenho certeza disso. Você não é a única pessoa a ter arrependimentos...

"O seu destino era morrer naquela cesta quando criança!"

Mãe da A. — Eu deveria ter te tratado como uma mãe que sou, quando te resgatei naquela noite. Você queria ter uma mãe, ser tratado como um filho também, e falhou e errou com quem o amava. Eu tenho grande parcela de culpa por tudo o que aconteceu entre vocês.

Pássaro — Não precisa ficar a pensar nisso. Eu já te perdoei e também, eu gosto do meu trabalho.

Mãe da A. — Espero que um dia você volte a fazer poemas, você pode começar a escrever sobre...

"Quem são os seus pais de onde você veio? Por que você existe?"

Pássaro — Poemas! Faz tempo que não penso nisso, talvez eu escreva.

Mãe da A. — Espero estar viva para ver. Agora, descanse por favor, hoje a noite terá uma grande festa, e eu vou precisar de você.

Pássaro — Está bem, vou descansar e... tentar.

Mãe da A. — Vai conseguir o perdão dela, eu acredito nisso. Antes dela partir... ela não vai levar nenhum mal no seu coração, e novamente serão irmãos, como no passado foram.

Pássaro — Assim eu espero...

"Você só é uma versão de quem te criou."

Lucas — Espera amizade, aonde você vai levar-me?

Amizade — O meu aniversário vai durar a noite toda, então eu posso fugir por umas horas, até a minha apresentação começar.

Lucas — E onde você pretende levar-me?

Amizade — Toda a vila está a comemorar o meu aniversário, e algumas casas estão a promover espectáculos! E uma dessas é o Sr. Mistério!

"Amizade salvou a sua vila, através do seu canto."

— Senhoras e senhores, começa agora o grande espetáculo do Sr. Mistério! A lembrar que o ganhador ou ganhadora, que ama mistérios, irá ganhar essa barra de ouro perfeitamente conservado, se claro, responder a pergunta corretamente!

(Crianças aplaudem e gritam)

Amizade — Estou muito animada!

Lucas — É isso que vamos nos divertir?

Amizade — Silêncio, lucas! Ele vai fazer a pergunta.

"Você merece o que passou. Você nunca foi inocente nessa história.!"

— Atenção! A pergunta é: O que é o amor? Existem pistas para a resposta, em partes distintas, espalhadas pela vila. Lembrete crianças animadas, só podem pegar três dessas pistas. Estão prontos? Que comece a diversão!

Amizade — Vamos lucas! Temos que desvendar o mistério.

Lucas — Mas onde iremos primeiro?

Amizade — Já sei um lugar, mas temos que ir depressa, tem muitas crianças a procurar também, não podemos ficar para trás.

"Você vai morrer, e não vai poder fazer nada para mudar isso."

Lucas — Você acha que ele colocou as pistas aqui nessa horta?

Amizade — É claro! Afinal, nenhuma criança gosta dessa horta.

Lucas — Onde está o pássaro, não vi ele hoje.

Amizade — Ah! O pássaro, ele deve esta a trabalho.

Lucas — Ele trabalha até hoje?

Amizade — Digamos que ele fez um bom trabalho, e começou a ser pago por isso. Achei! Espera... A pista é uma carta com interrogação?

"Não adianta se questionar sobre a sua existência, você estragou ela!"

Lucas — Mas isso não faz sentido... Olha! Achei mais uma, essa aqui é dourada.

Amizade — Vamos levar as duas e procurar em outro lugar.

Lucas — Sei de um lugar! Vamos procurar do local do espetáculo, deve ter lá.

Amizade — Verdade, ninguém pensaria em procurar no lugar onde começou.

Lucas — Talvez as douradas sejam as que são importantes, precisamos ter três delas.

Amizade — Também pensei nisso, ainda é muito vago, a reposta.

Lucas — Para ter-se o outro é necessário saber o que é o amor, nada fácil.

"As suas lágrimas são falsas, você sabia o que ia acontecer e não fez nada."

— O que vocês fazem aqui, crianças? Amizade! Nossa aniversariante fofa.

Amizade — Oi! Estamos aqui para procurar as pistas para a resposta.

— Mas aqui? Não tem outro lugar para vocês procurarem, existem muitas pistas...

Lucas — Com todo o respeito, senhor. Vamos procurar aqui, porque temos certeza que vamos encontrar essa pista.

— Tudo bem, então. Boa sorte crianças.

Amizade — Vamos nos separar, você procura de um lado, e eu do outro lado.

Lucas — Se um de nós encontrar a interrogação dourada, temos que esconder das outras crianças.

"Você queria que ela sofresse, sem ter a culpa. Assim como você sofreu, sem ser o culpado."

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