Lembranças do Passado.

— Sua... Filha?! - Lucian alterna seu olhar entre nós duas, parecendo desnorteado.

— Isso provavelmente descarta a possibilidade de que eu seja a sua esposa perdida, não? - evito olhar em seu rosto, com medo da expressão que vou encontrar.

— É... Na verdade... - ele gagueja, e ouço o baque surdo quando ele se senta pesadamente sobre a grama, se encostando na grande árvore. Lucian afunda o rosto nas mãos, e murmura algumas palavras incompreensíveis.

Eu não faço idéia de como agir diante das circunstâncias. Por um instante, penso seriamente em voltar para casa com Sophie e seguir o conselho de Alice para nunca mais ficar no mesmo ambiente que Lucian Falcone. Mas o pensamento não é mais forte do que a sensação no meu peito, de que eu preciso estar perto desse homem, independente de quase qualquer coisa.

Me sento na grama ao seu lado, com Sophie brincando com um chocalho e emitindo sons infantis agradáveis. A risada dela afasta cada um dos meus temores, parece ter um efeito similar no moreno ao nosso lado. Ele respira fundo antes de começar a falar.

— Qual a idade dela? - ele questiona com certa cautela na voz, parecendo estar em um impasse entre se aproximar da menina e sair correndo.

— Vai fazer dois anos em alguns meses. - ainda não tenho coragem de encarar Lucian, por alguma razão. Mas, para a surpresa de nós dois, Sophie estende os braços na direção dele.

— Ela se parece muito com você... Eu posso? - ele me olha com um brilho diferente dessa vez, enquanto a pequena se estica toda em sua direção.

— Parece que ela já se decidiu, de qualquer forma. - sorrio para ele, vendo Lion correndo ao longe.

— Diana estava grávida quando eu a perdi. Eu quis te perguntar sobre isso quando notei a semelhança entre vocês. Mas nunca passou pela minha cabeça que o bebê também estivesse vivo... - ele brinca com Sophie, mas sua expressão parece um pouco melancólica. - Seria pedir demais aos céus, eu pensei. Um pedido muito egoísta da minha parte, até porquê eu não mereço tamanha benção.

— Lucian... - ele me encara de volta, com os olhos marejados, e uma emoção nova toma conta de mim.

Como se eu levasse um soco bem no meio do rosto, uma lembrança me atinge. Lucian e eu fazendo um piquenique em um jardim de rosas. Eu levei sapatinhos de bebê na cesta, escondida dele. E ele me olhou desse mesmo jeito que me olha agora, com os olhos marejados e um sorriso brilhante, quando soube que teríamos uma família só nossa.

— Diana!!... Digo, Crystal... - O moreno chacoalha meus ombros com preocupação, enquanto Sophie gargalha por estarmos os três chacoalhando.

— Eu... Acho que me lembrei de algo... - sinto minhas bochechas queimarem enquanto volto minha atenção para as árvores á nossa frente, abraçando meus joelhos contra o peito.

— Conta pra mim do que você se lembrou. Se tiver algo a ver comigo, eu posso te ajudar a lembrar mais, quem sabe...

Conto para ele sobre todas as minhas lembranças, ainda que não sejam muitas, e seu sorriso se torna maior com cada uma delas. No final dos meus relatos, estamos os dois deitados na grama, com a pequena em cima de nós e Lion rolando na grama não muito longe.

Apoio minha cabeça sobre o peito de Lucian, que brinca carinhosamente com os cachos dourados do meu cabelo. Aqui, na companhia da minha filha e desse homem, eu sinto um reconhecimento de mim mesma, como se finalmente tivesse voltado para casa após uma guerra exaustiva.

— Quando eu te conheci, você era Odette, dançando e cantando como um anjo nos anfiteatros italianos. - sua voz é profunda e contagiante, com as vibrações provocando cócegas na minha pele. - A bailarina prodígio de Paris, Diana Lefevre... Você parecia uma deusa sob as luzes dos holofotes. Eu assisti o mesmo musical inúmeras vezes, só para te ver.

— E aposto que procurava se sentar na primeira fila todas as vezes...

Nós ficamos conversando animadamente por toda a tarde, deitados sobre a toalha e aproveitando dos lanches de piquenique. Parece cada vez mais claro para mim que meu passado com Lucian não existe apenas nos meus sonhos. E continuo fazendo tudo o que posso para afastar dos meus pensamentos as perguntas persistentes e assustadoras. Por quê tentaram me matar, e qual o motivo de me manter longe desse homem que parece tão apaixonado por mim? Que outros segredos irão se revelar sobre essa vida da qual pouco me lembro?

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Comments

Bru

Bru

nossa que história boa!!!!!!

2024-03-22

0

Amore

Amore

Ah Amando sua história é perfeita de mais parabéns 🎊🎊🎊🎊🎊🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🎊🎊🥰🥰🥰🥰🥰🥰

2023-04-05

0

Minha Opnião

Minha Opnião

Um teste de DNA entre a criança e ele, já resolveria o bo

2023-03-10

1

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