Cante para mim.

O resto da tarde passa como um solo de bateria em um concerto de Jazz. É praticamente impossível me concentrar em qualquer coisa sem que a foto da tal Diana e de Lucian fique piscando na minha frente sempre que fecho os olhos.

Por vezes, tenho de me levantar e ir até a cafeteria buscar algo para beber. Usando isso como desculpa para tomar um pouco de ar fresco e clarear meus pensamentos.

As coisas só pioraram depois que fui derrotada pela minha curiosidade e paranóias, e acabei fazendo algumas pesquisas na internet para saber mais sobre essa tal mulher chamada Diana Lefevre.

De acordo com os sites de buscas, Diana era uma bailarina e cantora francesa em ascenção. De família tradicional, foi estudar balé e construir sua carreira em Roma aos 18 anos. Onde conheceu Lucian Falcone. Eles se casaram cerca de três anos atrás, mas parece que nem conseguiram aproveitar direito o matrimônio, já que ela morreu em um acidente horrível de carro.

O som de notificação no meu telefone me desperta da minha pesquisa. É uma mensagem de Lucian, me dizendo para esperar por ele antes de ir para a boate onde eu tenho um show essa noite. Minha vontade inicial é de cancelar todas as apresentações da semana, mas pensando melhor eu concluo que não é uma opção.

Por fim, mando uma mensagem de "Ok" para meu chefe e outra de confirmação para o dono da boate, garantindo que estarei lá para o meu show da noite.

......................

Faz apenas alguns minutos que Prudence passou na minha sala para se despedir quando o Sr. Workaholic bate na porta aberta, me observando enquanto se encosta casualmente no batente. Seus cabelos ondulados estão agora espalhados por seus ombros, e percebo rapidamente que ele se livrou da gravata, deixando os dois primeiros botões de sua camisa abertos. Ele parece tragicamente atraente.

— Guarde suas coisas, não quero que você se atrase para o tal show... - Seu tom é autoritário e frio, ainda que seu olhar deixe meu corpo a ponto de combustão. - Você está bem para fazer essa apresentação? Eu sei que passou um bom tempo hoje andando de um lado para o outro ou parecendo um zumbi...

— Como você... - olho para ele surpresa, então me interrompo, lembrando da câmera que permite a ele saber cada movimento meu dentro desse escritório. - Sim, eu estou bem para fazer o show. Mas me intriga bastante que o senhor esteja tão interessado assim em me acompanhar.

— Eu tenho os meus motivos... - ele se aproxima e fecha o meu notebook diante do meu olhar perplexo, com uma expressão enigmática. - Espero que você não seja tão devagar quando estiver no palco, Srta. Amber.

Pisco repetidamente, olhando para Lucian enquanto tento assimilar toda a situação. Ele estende a mão e tira uma mecha de cabelo do meu rosto, com um leve sorriso. Então se afasta e me espera na porta, enquanto eu me recupero e pego minha bolsa pronta para segui-lo.

O prédio da Upper Corp parece totalmente vazio quando entramos no elevador, e um clima tenso se instala entre nós por alguns minutos, até ser quebrado por ele.

— Você e a Srta Montgomery parecem estar se dando bem.

— Ah... Sim, parece que estamos. Prudence se sentiu meio que em dívida comigo por ter ajudado ela com o Senhor Henri ontem, pelo que ela me falou.

— Meu pai e seu rancor milenar por secretárias...

Olho para ele de soslaio, mordendo o lábio quando ele passa a mão por seus cabelos. Uma leve risada sai de seus lábios, enviando um arrepio desconhecido pelo meu corpo.

— Ele trata de colocar todas as secretárias para correr desde que uma em particular traiu a família. Eu sinto muito por Prudence, mas ainda bem que você chegou em um bom momento.

— Devo supor que esse rancor não se estende até a minha função? Ele foi particularmente simpático, eu diria. E muito gentil.

— Ele têm um apresso em particular por você, apenas isso.

As portas do elevador se abrem e eu levo uns segundos para recobrar meus sentidos, sendo puxada para fora da caixa de metal por Lucian, que me olha de forma engraçada.

— O que há com você hoje, hein? - ele coloca a mão sobre a minha testa, com uma expressão preocupada.

— Eu... É... - luto contra as palavras, antes de respirar fundo e me afastar dele, tirando sua mão do meu rosto com um leve tapa. - Eu é que deveria te fazer essa pergunta, senhor!! Está faltando totalmente com seu precioso profissionalismo.

Sem aguardar por uma resposta, sigo a passos firmes para o lado de fora, sendo alcançada pelo meu chefe na saída. Um belíssimo carro esportivo Mercedes Maybach preto está nos aguardando na frente da empresa.

Um homem alto e moreno entrega as chaves para Lucian assim que chegamos, nos cumprimentando cordialmente antes de se afastar. Fico sem reação diante do veículo e da naturalidade na atitude do meu chefe, que abre a porta do passageiro para mim com um sorriso gentil.

Eu me acomodo no banco de couro com o máximo de cuidado, observando o painel cheio de botões me perguntando como ele se lembra a função de cada um deles, até ele se sentar no banco do motorista e me ordenar para colocar o cinto de segurança, só então ligando a fera.

O carro é bem menos barulhento do que eu imaginava, e como se notasse a minha apreensão, o Sr. Workaholic liga o rádio, colocando uma playlist de músicas que eu adoro. Olhando para o painel digital, vejo que é uma playlist entitulada de "Meu Rouxinol" o que desperta minha curiosidade, mas não ouso falar nada. Até porquê sou pega totalmente de surpresa pela voz de Lucian.

— Se importaria em cantar para mim durante o trajeto?

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