Mistérios

— A que tipo de problemas o senhor se refere? - meu coração descompassa com as suas palavras, enquanto meu cérebro parece fritar procurando por respostas.

— Você não se lembra de seu passado, e isso implica que não posso confiar plenamente em você. - ele ergue o olhar na minha direção, e é tão intenso que me esqueço de respirar por alguns segundos. - Em contrapartida, eu estou realmente intrigado em como você pôde se esquecer de coisas tão importantes da sua vida.

— Eu... - as palavras morrem nos meus lábios, quando me lembro de algo que Alice costuma me advertir com frequência. Não confiar em ninguém. - Sinto muito, senhor. Eu gostaria de ter argumentos para convencê-lo de que pode confiar em mim como sua assistente, mas de fato, seria uma decisão imprudente.

Me sentindo tonta e com uma emoção completamente estranha dentro do meu peito, eu me viro para sair do escritório e da empresa. Parando bruscamente quando escuto um estrondo na sala. É o som do punho de Lucian se chocando contra a mesa.

— Eu não disse que você podia ir, Senhorita Amber!... Se é que esse realmente é o seu nome...

Ele não olha para mim, se levantando de seu lugar e caminhando na minha direção de forma determinada. Ele passa a mão por seus cabelos escuros outra vez, os puxando em frustração. Quando ele para diante de mim, tenho a impressão de que ele está lutando consigo mesmo. Como se tentando decidir algo muito importante. Por fim, ele suspira.

— Eu sei que é arriscado ter uma completa desconhecida e desmemoriada trabalhando para mim e tão perto de mim... Mas trabalhar comigo também pode ser muito perigoso para você. Não são apenas problemas empresariais que me cercam. - ele me olha diretamente nos olhos, e a sala parece pegar fogo por alguns instantes. - Diga, senhorita, você acha que consegue confiar em mim para te ajudar a se lembrar? A única coisa que vou te pedir em troca é que não fuja dos perigos de ser minha assistente.

— Senhor Falcone... - recuo alguns passos, confusa. - Suas palavras estão me assustando. Que tipo de perigos eu poderia estar correndo?

— Você não percebeu que o sinal estava vermelho esta tarde, não é? - ele morde o lábio, atraindo meu olhar para sua boca por um instante. - Achei que tivesse notado, já que é tão cuidadosa com seu escritório e tudo mais.

— Eu pensei mesmo que estivesse, mas... - a realidade me atinge aos poucos, como uma nota soando lentamente em um piano, ficando cada vez mais clara. - Alguém estava propositalmente tentando me matar mais cedo?

— Eu não tenho certeza ainda, mas acredito que sim. Eu já pedi para investigarem, porém sugiro que tome mais cuidado. - ele se afasta outra vez, parecendo nervoso de repente. - Esse é o motivo pelo qual nenhuma assistente costuma ficar muito tempo trabalhando comigo.

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As palavras de Lucian Falcone ecoam no meu cérebro em um loop infinito do momento em que deixo sua sala, até a hora em que me deito para dormir. Meus sonhos são um tormento confuso e angustiante, e eu sinto que não voltarei a ter noites tranquilas pelas próximas várias semanas.

Me pergunto o que é verdadeiro na minha vida até este exato momento...

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