Cap-6

Maverick

Minha mãe é uma senhora de 62 anos, mas muito jovial e ativa.

Depois que perdi minha esposa, ela se desdobrou em duas, e tem tentado preencher o vazio da mãe nas netas.

Peguei uma banana e saí comendo.

— Não quer comer querido?— ela perguntou, quando já estava na porta da sala.

— Quando a Holly chegar!— exclamei.

Fui até o campo do condomínio, alguns garotos jogavam futebol de campo. Rapidamente Hope se enturmou, acabou que nem precisei ajudar com o treino, só fiquei a observando jogar, e vibrando com seus passes precisos. A garota arrasava até com os meninos!

Começou escurecer, e logo a neve caiu, nos obrigando a voltar para casa. Mas foi gratificante ver o sorriso eufórico da minha caçula, e fazia tanto tempo que não a via jogar, ela me surpreendeu.

Entramos em casa e Holly não havia chegado. Comecei a me ficar preocupado, e com ciúmes. Meu instinto de pai, começou a ficar aguçado, e fiquei imaginado coisas que esse tal namorado dela, poderia estar aprontando.

Acabei tendo que jantar antes dela chegar, estava com fome. Fiquei na sala assistindo um filme infantil com a Hope, e nada da Holly chegar... enviei mensagens,(que não foram visualizadas) liguei ela rejeitou a ligação. "Pelo menos um sinal de que estava viva". Hope adormeceu, a levei para o quarto, a cobri e deixei um beijo em sua testa. Desci as escadas já a ponto de pegar meu carro e sair a procura da Holly, mas assim que cheguei na sala, ela abriu a porta e entrou. Me olhou com desdém, e nem se importou de dar uma explicação, já ia subir as escadas sem me olhar nos olhos, como se eu fosse invisível.

— Onde a senhorita estava?— perguntei colocando a mão na frente dela, a impedindo de subir.

— Por aí...— respondeu fria.

— Holly... já passa das dez da noite...— murmurei.

— Sério? Nem percebi!— disse irônica.

Com a Hope, as coisas eram mais fáceis, mas Holly, tornava tudo mais difícil entre nós. Ela não se abria comigo, não podia decifrar o que passava na sua cabeça, e sempre me tratava como um estranho, ou com rispidez, jogando minha ausência na sua vida, na minha cara.

— Querida... já conversamos sobre limites de horário... tem que estar em casa antes das 21h.— adverti de maneira branda.

— Como se o senhor soubesse o que é "limite de horário"!— ela sorriu com escárnio.

Ela forçou subir as escadas, e eu, sem saber o que responder, ou o quê dizer que ela já não saiba, deixei ela subir as escadas.

"Como vou me aproximar da nossa filha, Lize?"

Fui até meu escritório e me servi de uma dose de Uísque, sentei na poltrona e apreciando a bebida forte, me perguntei quando conversaria com minha primogênita decentemente. Tentei recordar a última vez que conversei com ela sem pressão... foi difícil encontrar na memória, mas me lembrei de uma garotinha ainda, sorridente e que me chamava de papai, louca para um acampamento em família. Uma lágrima rolou no meu rosto, além de perder minha esposa, parecia estar perdendo a Holly também... as lembranças dos momentos em família, estavam tão distantes, que nem pareciam real. Me servi da segunda dose, estava com o coração apertado no peito. Por algum motivo, me lembrei da Kimberley, e procurei o cartão com seu telefone, e adicionei no meu celular. A imagem dela com o filho, na foto de perfil, logo apareceu, e um sorriso desenhou nos meus lábios, ao ver o rosto sorridente dela na foto. Queria conversar com ela, mas não tinha idéia do que dizer, digitei mil mensagens, mas nenhuma me agradava, acabei me contentando com um simples "Oi".

Larguei o celular na mesa, e me surpreendi com a rapidez da resposta.

📲

Kim:"Oi!

Não consegue dormir também?"

Eu: "Ainda nem tentei...

Estava lamentando não ter conseguido conversar com minha filha... E lembrei de você..."

Kim:"Que pena... vai precisar ir devagar com ela..."

Eu: "Posso te ligar agora?"

Kim: "Claro!"

Escrever mensagens não era suficiente, eu precisava ouvir uma voz amiga, que não me julgasse, apenas me entendesse.

Fiz uma chamada de vídeo. Logo ela atendeu.

— Puxa! Pensei que ia só ligar...— ela falou arrumando os cabelos— Já estou deitada, então não repara na cara amassada e nos cabelos desgrenhados...

Sorri ao ver ela tentando arrumar os cabelos, mas para mim estava perfeita, com um óculos de grau na ponta do nariz.

— Está linda!— exclamei— Estava lendo?

— Quem me dera!— ela exclamou revirando os olhos— Contabilidade do bistrô!— concluiu me mostrando a cama cheia de papéis e um notebook aberto, e as pernas dela num pijama.

— Vixe... já vi que é pior que eu... tenho a vantagem de não precisar trazer trabalho para casa.

— Ainda bem, imagina fazer cirurgias na sua casa!— disse rindo.

— Por outro lado, as vezes tenho pacientes que me exigem a presença no meio da madrugada.— falei me encostando na poltrona.

— Não é fácil ser doutor, mas precisamos de vocês...

— Não estou reclamando, gosto do que eu faço.

— Que bom! Odiaria ser atendida por um médico que não gosta da profissão!

Dei risada dela, ela estava bocejando.

— Vou desligar, está com sono...— falei.

— Não!— ela protestou.

A olhei desconfiada, mas ela abaixou os olhos tímida.

— O que foi?— perguntei preocupado.

— As horas de dormir, não são as piores?— ela me indagou entristecida.— Não é horrível deitar na cama, e saber que tem que dormir sozinho o restante da noite?

— Uma das partes piores, sim...— murmurei pensativo.

— É estranho... ao mesmo tempo que não quero me relacionar nunca mais, também acho solitário e fico me perguntando se seria tão mal abrir o coração novamente, me entende?

— Perfeitamente, Kim... mas você, não tem nada que a impeça de amar de novo. Deveria tentar.— sugeri com um sorriso.

— Está querendo dizer que você não?— perguntou confusa.

— Acho que não... não deixo de pensar que estaria traindo a Lize...— murmurei.

— Eu não conheci sua esposa, mas tenho certeza que está certo! Se fosse eu a defunta, e meu marido casasse com outra, faria questão de assombra-lo toda noite!

Dei uma risada alta, e coloquei minha mão na boca, a fim de afogar o riso.

— Sabe que é brincadeira, a promessa é, "até que a morte o separem". Está livre para amar de novo, Maverick. Sua esposa, com certeza era mais boazinha do que eu, e não ia querer vê-lo sozinho o restante da sua vida...

— Quem sabe o que o futuro nos aguarda, não é mesmo?— disse levantando as sobrancelhas.

Ela assentiu misteriosa.

— Posso desligar agora?— perguntei.

— Claro!— ela respondeu rindo.

— Boa noite, Kim!

— Boa noite, Maverick!

📲

Desliguei o celular pensativo, bebi o restante do uísque do meu copo, e subi para o quarto. No caminho, parei no quarto da Holly, ela estava na escrivaninha, escrevendo. Abracei ela por trás e deixei um beijo no topo da cabeça dela.

— Eu te amo, Holly. Boa noite!

Ela ficou estática, mas pude notar que quebrei um fragmento do gelo que estava entre nós, isso me fez sorrir. Fui até meu quarto, e me joguei na cama, em poucos minutos adormeci.

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Comments

Dina Faria

Dina Faria

é muito difícil criar filhos sem paí ou mãe

2024-05-08

1

Vanessa Costa

Vanessa Costa

🤣🤣🤣🤣🤣🤣

2024-05-02

1

Denise Figueiredo

Denise Figueiredo

estão se curtindo através da amizade, legal isso,se conhecendo...🤔👀☺️☺️

2024-03-31

12

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