Entre Doces & Traumas
Kimberley Montgomery, 32 anos
O ano mal iniciou, e eu já estou em mais um detestável encontro, para acertar os últimos detalhes do divórcio, com meu ex marido Colin Crawford.
"Meu presente de ano novo!"
Se não bastasse meu marido, companheiro há 14 anos, chegar em você e dizer que não te ama mais, ainda descobri que estava sendo "corna" há mais de dois anos.
Foi o pior Natal e Ano Novo da minha vida, passei as festas na cama, lamentando a dor de um coração partido, e me perguntando: "Quando foi que eu deixei de ser atraente? A onde foi que pequei nesse relacionamento?"
Como filha única, meus pais ficaram arrasados, tentaram me animar, mas foi em vão, precisava do luto emocional.
Agora sentada na mesa dessa sala de reuniões, com meu advogado do lado, fito os olhos azuis escuros e frios de Colin, e me sinto desvalorizada, uma mulher sem atrativos.
"Será que nem de ser amada eu sou digna?"
Estou mais conformada, mas ainda doía demais, e sinceramente ainda estou vulnerável.
Para piorar a situação, tem o nosso filho, o Ainden de 14 anos.
Ainden foi o motivo do meu casamento prematuro, tinha acabado de ingressar na "Central Washington University", para cursar minha paixão, culinária, e no primeiro ano acabei grávida de Ainden. Colin já estava no último ano do curso de ciências humanas, um garoto popular e ambicioso. Eu nos meus dezoito anos e Colin nos seus 21 anos, e mesmo novos e sem juízo, nos vimos na obrigação de assumir o filho e a nova paixão. Nos casamos, mas não desisti do meu sonho, embora tive que trancar a matrícula por alguns meses, logo que pude voltei ao curso e o conclui. O casamento sempre foi bom, não tinham o que reclamar. Mas acho que o perigo mora no comodismo, acostumei a não ver Colin todos os dias, foquei no bistrô, ele em uma promoção na empresa, só o Ainden nos mantia próximos enquanto era um menino, mas com a adolescência dele, acabou que nos afastamos como casal, deixamos a rotina nos atingir, e numa dessa, Colin se viu no direito de me trair, com uma colega de trabalho na empresa onde é diretor administrativo, o desgraçado manteve a amante durante dois anos, até resolver pedir o divórcio.
Foi um choque para mim, pois apesar de não termos muita aproximação, eu ainda gostava de Colin, e saber das duas notícia— divórcio e traição— me abalou muito, me sinto rejeitada, com a auto estima inferiorizada, uma mulher frustrada...
Ainden preferiu morar comigo, mas isso não melhora a minha situação, já que o meu filho, me culpa pelo divórcio do pai.
Cruzei os braços impaciente, mal ouvia os advogados conversarem, pouco me importava com a casa, o carro, ou os bens que temos. No momento, meu único refúgio estava no bistrô, o único lugar que me interessava e que foi um presente do meu pai.
A reunião terminou, peguei minha bolsa, vesti meu casaco e saí do prédio pisando fundo, não suportava olhar a cara do meu ex marido.
"Cínico"!
Estava um dia frio, e a previsão prometia neve.
Colin não ficou numa boa situação, com a traição, meu advogado conseguiu a posse da casa, e uma boa pensão para o Ainden.
"O que importava agora?"
O que eu quero é minha dignidade de volta! Meu orgulho está ferido, e me sinto a mais baixa das mulheres.
Me aproximei do meu carro, um Chevrolet Spark vermelho, e logo Colin veio atrás de mim.
— Kim, não fique assim... podemos ser amigos... não precisamos nos tratar como inimigos... você ficou com a casa... vai ficar em boas condições...— Colin tentava conversar comigo.
Bufei enfurecida, e entrei no carro sem falar uma palavra, desde que ficou tudo as claras entre nós, não conversei com Colin, só o estritamente necessário, — geralmente sobre o Ainden— mas no momento, minha vontade é de passar encima dele com carro, e está bem propício para isso, já que ele entrou na minha frente, me suplicando para falar com ele.
Uso a buzina do carro, e reviro os olhos enquanto ele tenta chamar minha atenção, com as mãos no capô do carro.
— Se acalme, Kim! Vamos conversar!— insistiu.
Estreitei meus olhos para o filho da put@, e assenti.
Ele veio até o banco do motorista, e tocou no vidro para eu abaixar. Numa atitude bem azeda, abaixei o vidro e o olhei com desprezo.
— Kim, temos um filho, não podemos agir assim... ainda gosto de você... vamos manter a civilidade, e agir como adultos?— Colin falou sério, com os braços apoiados na janela do carro.
Sem conseguir segurar, soltei um riso nervoso e debochado.
— Agir como adultos? Conversar com civilidade?— repeti as palavras dele com escárnio— Foi uma atitude civilizada, ter uma amante por dois anos? Você foi muito "adulto" em manter uma traição escondida por todo esse tempo, não é?
Estava com tanta raiva, que apertei com toda força o volante do carro, as juntas dos meus dedos ficaram brancas.
Ele suspirou.
— Kim... já conversamos sobre isso... já pedi perdão!— ele murmurou.
— Esquece Colin, você quis o divórcio, está feito. Agora larga do meu pé, porque de mim, nem amizade você merece. Conversaremos só sobre o Ainden, do mais, você morreu pra mim!— exclamei decidida.
Dei partida no carro, Colin se afastou passando as mãos pelo cabelo. Numa arrancada brusca, saí cantando os pneus.
No meio da rua eu batia no volante com raiva, e xingava Colin de todos os nomes. Ainda não sei como vou superar essa raiva, essa dor, esse sentimento que me deixa impotente.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Maricoelho
Coitada, enfrentar um processo de divórcio, deve ser doloroso imagine com uma traição, ao mesmo tempo.
2024-09-29
2
imaculada lima
sempre pensei assim,se me traiu e pq não presta, então foi um livramento.
2024-08-25
5
Carla Vitória
tenho uma dica se escreva em uma academia que tenha aulas de lutas isso vai ajudar aliviar a raiva.
2024-07-27
1