Cap-15

Kim

Olhei para o diretor da escola, sem acreditar no que estava ouvindo. Como Ainden foi se meter numa briga dessas? E ainda pegar 5 dias úteis de suspensão?

Sinceridade, não estava reconhecendo o meu filho, que no momento estava com o nariz sangrando, um olho roxo e segurava um gelo nos lábios.

O diretor pediu para Ainden sair da sala, e assim que a porta foi fechada, o senhor de cabelos grisalhos e barba impecavelmente feita, me encarou.

— Sra. Montgomery, precisa dar uma atenção especial ao seu filho... estamos há alguns meses do final do anos letivo, e o Ainden, teve uma recaída drástica nos últimos meses... ele sempre foi um bom aluno, se destacava dos demais...

— Eu sei sr. Thompson, é que ele passou por um momento difícil... eu e o pai dele nos separamos... E ainda estamos nos adaptando...— argumentei.

— Sei que não é fácil. Mas não deixe seu filho de lado... ele tem andado com companhias erradas... do tipo que não se importam com nada... E isso o tem prejudicado. Seria bom tentar conversar com ele e ver o que está acontecendo. Psicólogos, é uma ótima abordagem também.— sr. Thompson me alertou.

— Eu vou dar mais atenção pra ele... é que até agora só foquei em mim, no quanto eu me abalei com tudo isso... E acabei que não dei atenção suficiente ao Ainden... mas vou me corrigir, eu prometo.— falei encarando o diretor.

— Eu sei que vai, sempre foi uma ótima mãe. Mas não deixe de se cuidar também, sra. Montgomery. Psicólogos são bem vindos para todos!

Assenti e me levantei.

— Boa tarde, sr. Thompson!

— Boa tarde, sra. Montgomery!

Saí da sala do diretor agarrada na minha bolsa. Parei de frente ao Ainden, e não sabia o que dizer. Ele deu um sorriso debochado.

— O outro está pior, acredite!

Balancei a cabeça em negação.

— Não brinca com isso, Ainden!— protestei.— Vamos!

Peguei a mochila dele e saímos da escola até o carro. Entrei em silêncio, dirigi até em casa. Quando chegamos, peguei mais gelos, e entreguei a ele. Apontei para o sofá. Ele bufou impaciente, mas já sabia o que significava.

Ele se encostou no sofá.

— Porque o sofá está cheirando o dr. Barker?— ele perguntou cheirando o encosto do sofá.

Esse garoto sabe exatamente como se safar.

— Assistimos um filme...— murmurei.

Ele se levantou bruscamente.

— Eca! Vocês transaram no sofá?!— exclamou com nojo.

— Não! Só assistimos um filme!— falei revirando os olhos.— Senta Ainden!— ordenei.

Ele deu a volta e se sentou na poltrona da sala. Com a paciência por um fio, me levantei e me sentei na frente dele.

— Meu filho, o que aconteceu? Porque se meteu em briga?— perguntei preocupada.

— O cara me provocou eu revidei!— respondeu dando com os ombros.

— Você quebrou o nariz do garoto!— esbravejei— Tomou suspensão de 5 dias! Quando foi que ficou tão violento e desleixado?

— Então era pra eu ficar quieto e aguentar os desaforos daquele moleque desgraçado?

A pergunta dele tinha tom de afirmação.

— Existe outras formas de resolver os problemas, Ainden!

— A senhora não sabe de nada! O Adam é um escroto! Se acha o maioral, humilha todos que ele "supõe" estar abaixo dele. Dei uma lição no no filho da put@!

— Ainden!— protestei— Nada de palavrões!

— Que se dane! Eu enchi o Adam de porrada mesmo! E faria tudo de novo! Quero que ele vá para a casa dos caralhøs!— Ainden gritou indignado.

Arregalei os olhos assustada com o linguajar dele. Não estava reconhecendo o Ainden. O diretor estava totalmente certo...

— Nem sei o que dizer...— murmurei cabisbaixa.— Ainden o que está acontecendo com você?

— Nada, mãe! Foi só um ataque e contra-ataque! Estava apenas me defendendo.— argumentou revirando os olhos.

— Não foi assim que eu e seu pai te criamos, filho... essas atitudes vão ter consequência. Me dê o celular.— afirmei estendendo a mão.

— Ah, mãe!— ele protestou.

— Cinco dias de suspensão, cinco dias sem celular!— exclamei com firmeza.

Ele colocou a mão no bolso e bufando se levantou e jogou o celular no meu colo.

— Me respeite, Ainden!— esbravejei.

Ele deu com os ombros e subiu as escadas. Suspirei profundamente. Enviei mensagem para Grace, e pedi para ela ficar até o horário de fechar o bistrô. Não ia trabalhar e deixar o Ainden sozinho, e também não estava a fim de fazer mais nada depois de tudo isso.

Fui para o meu quarto e resolvi contabilidade atrasada do bistrô, fui parar já começava a escurecer. Fui até o quarto do Ainden, ele estava jogado na cama, ouvindo música num MP4 antigo.

— Vou fazer um sanduíche, quer?— perguntei tirando um dos fones dele.

— Pode ser...

Desci para cozinha preparei os sanduíches, olhei meu celular, tinha mensagens do Maverick. Ainden desceu e comeu em silêncio.

— Filho, eu te imploro, não se meta mais em brigas... se tiver algum problema, fale comigo. Eu sou sua mãe, quero te ajudar. Existem outras formas de resolver os problemas...

Ele assentiu desinteressado. Terminou de comer e foi para sala assistir TV. Me sentei e terminei de comer. Peguei meu celular e resolvi responder as mensagens do Maverick.

📲

Maverick:"Olá, Kim!

Sentindo sua falta..."

Eu:"Oi!

Também...

Adoraria conversar contigo agora..."

Larguei o celular, mas logo ele vibrou, então peguei de volta.

Maverick:"Posso te ligar?"

Eu:"Me dê dois minutos"

Levantei da cadeira e observei o Ainden, estava distraído assistindo uma série. Subi as escadas e fui até o meu quarto, antes de esperar a ligação do doutor, eu mesma liguei.

— Oi...— a voz dele atendeu desanimado.

— Oi... dia difícil?— perguntei me deitando na cama.

— Bem difícil... E o seu?

— Nada bom também...— murmurei.

— Fui buscar minha filha na escola, e a peguei aos beijos com um garoto... perdi a cabeça e botei o moleque pra correr...

— Vixe... E meu filho que quebrou o nariz de um colega, se metendo numa briga e levou suspensão de cinco dias!

E nesse conversa, como bons amigos, desabafamos nossos pesares... tudo que sentíamos em relação aos nossos filhos... A ligação durou mais de uma hora, mas nos ajudou a manter a nossa sanidade...

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