Cap-8

Kim

— Está tudo bem?— Grace falou com a mão na minha testa.— Sem febre, sinais vitais normais. Hmm... acho que tem tudo a ver com um certo doutor.— Grace concluiu com a mão no queixo, pensativa.

— Só preciso descansar.— respondi.

— Não me engane, Kim. Seu filho está com o pai. E quando fica sozinha, só falta dormir nesse lugar! E agora diz que vai sair mais cedo e talvez não abra amanhã?! Tem dedo do doutor aí!

Suspirei revirando os olhos, enquanto pegava uns ovos na geladeira.

— Vamos no show dos "Coldplay"!— exclamei de uma vez.

— Sabia!— ela respondeu eufórica— Para quem queria tranquilidade e zero homens, está bem apressadinha...— concluiu rindo maliciosa.

— Vamos sair como amigos! Ele ia levar as filhas dele, mas acabaram indo para casa dos avós maternos, então para não perder os ingressos, ele me convidou!

— Eu ouvi direito?— Mia nos interrompeu entrando na cozinha.— Vai sair com o doutor bonitão?

— Isso mesmo Mia. Sozinhos, sem filhos para atrapalhar... final de semana vai ser quente!— Grace falou sorrindo maliciosa.

— Meninas, estão "viajando na maionese". É só uma saída inocente de amigos, que trabalham muito e querem se divertir juntos.

Grace se aproximou e colocou a mão no meu ombro.

— Kim, não tem problema ter um encontro, sair com homens, se apaixonar novamente... Aproveite o bonitão, não se segure, deixe rolar.— falou séria.

— Não! Eu não quero me apaixonar agora... e ele ainda ama a esposa morta...

— Ele sempre vai amar a esposa, Kim. Mas isso não quer dizer que ele não possa amar de novo.— ponderou Grace.— Fala como se pudessem controlar os sentimentos do coração. Eu vi a maneira que o doutor te olha... O amor está no ar!— Grace fala cantarolando.

— Meninas, parem com isso... acabei de sair de um divórcio, que me machucou muito... acreditem, ele tem sido um bom amigo... Não quero complicar as coisas.— murmurei pegando ingredientes para fazer tortas.

— Só me prometa uma coisa: que aconteça o que acontecer, você vai se divertir. E se rolar um clima, não restrinja o doutor! Está solteira, e merece alguém que te valorize!

— Vou me divertir com meu amigo. Isso eu garanto.— falei sorrindo.

Fiz várias tortas, uma em especial de chocolate, para levar para casa, para eu comer na minha solidão. Quando deu 14h fechei o bistrô, sob os conselhos incansáveis da Grace e Mia. Talvez elas tenham razão, eu ainda não me acostumei com minha nova situação, estar solteira. Mas como me acostumaria tão rápido assim, já que fui casada desde os meus dezoito anos. Está na hora de abrir minhas asas e ao invés de lamentar a solidão, aproveita-la.

Fui direto para um salão de beleza, com direito ao pacote completo da beleza, unhas, cabelo e depilação. Fiquei horrorizada ao lembrar, que fazia um bom tempo que não tirava um tempo para cuidar de mim. Fui para casa, já me sentindo melhor. Precisava abandonar esse sentimento de inferioridade, de que não sou uma mulher atraente. Me despi, e antes de entrar no chuveiro me olhei no espelho, ainda estava tudo "encima", quadris largos, seios na medida certa, certamente ainda sou uma mulher bonita e atraente. Tomei um banho demorado, abri meu armário de roupas, e peguei uma calça jeans skinny, blusa de lã verde militar gola alta, uma jaqueta de couro preta e uma bota cano alto, ainda estamos no inverno em Seattle. Vestida e maquiada, me olhei no espelho, e dei um sorriso, "até que não estou mal". Pontualmente, Maverick buzinou em seu "Jeep". Enquanto fechava o portão ele desceu do carro e se aproximou, quando me virei para encara-lo, quase perdi o fôlego! O homem estava lindo! Diferentes das roupas sociais habituais, vestia uma calça jens justa, que desenhava as pernas grossas, uma camiseta cinza e um casaco azul escuro. O look lhe dava uma aparência jovial.

— Está linda, Kim!— ele exclamou me dando um beijo no rosto.— Cheirosa...

Sorri encabulada, ao sentir que ele parou ligeiramente no meu pescoço e inspirou meu perfume.

— Que gentil!— disse deixando um beijo no rosto dele.— Também está lindo!

Ele sorriu e abriu a porta, entrei no carro, logo ele contornou e sentou no banco do motorista. O perfume amadeirado e sensual, invadiu o carro, me provocando reações inesperadas. Ele deu partida e saímos rumo ao show.

— Como tem sido com a Holly?— perguntei, a fim de puxar assunto, odeio ficar no silêncio.

Ele suspirou profundamente.

— Comprei esses ingressos por ela... sempre a vejo ouvindo essa banda. Mas rejeitou sem pensar... tenho certeza que meus antigos sogros, iam entender elas irem no próximo fim de semana na casa deles... mas mesmo assim, ela fez questão de mostrar desinteresse e me contrariar...— falou desanimado.

— Um passinho de cada vez, Maverick...— murmurei.

— E nem é minha banda favorita... sou dos mais antigos, prefiro "Nirvana". Me sacrifiquei para os gostos dela...mas o que recebo? Um grande desdém!— reclamou indignado.

— Me diga sua música preferida do Nirvana?— perguntei.

Mudei o assunto para vê-lo se acalmar um pouco.

— Fácil! "Small Like Teen Spirit"! A melhor!— ele exclamou com um sorriso.

— A melhor, eu não diria...— repliquei.

— Faz sucesso até hoje!— falou orgulhoso.

— Sim, mas prefiro "Come As You Are". Mas não é minha banda favorita.

— Magoei! Qual é, então?

— "Bon Jovi". Também gosto das mais antigas.— respondi sorrindo.

— Os caras tinham mais garra e boas inspirações... Mas Rock é seu estilo preferido?— ele perguntou me olhando de soslaio.

— Sou do tipo variado, pop romântica, eletrônica, country, rap, clássica, reggae, blues, jazz... depende do meu humor.— falei rindo.

Ele assoviou impressionado.

— Mas se tivesse que escolher um estilo?

— Ficaria entre pop romântico, sou mulher, amamos um clichêzinho romântico, e clássica, adoro orquestras sinfônicas.

— Também gosto de músicas clássicas. Quando faço uma cirurgia marcada, sempre peço para ligarem o som de uma sinfonia, me ajuda na concentração.

— Interessante... como aquele negro, que era neurocirurgião pediatra? Como é o nome dele mesmo?

— Ben Carson. Me inspirei nele com a música clássica, realmente, faz toda diferença.— ele aproveitou um sinal vermelho para me encarar—  Leu a biografia de Ben Carson?

— Não. Assisti o filme.— respondi.

Ele deu risada.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***