Capítulo 8- Não esperava por isso

Todos estão paralisados, boqueabertos. Há um copo de barro caído no chão aos pedaços junto de uma poça de água que se forma. Gorgo está com um olhar sério e inexpressivo com tal notícia que saiu da boca de Aretha: "Eu estou Grávida, de Brasidas".

Viktus se lembra de ter visto seu pai a duas noites atrás adentrando no quarto de sua empregada, o menino foi de Recanto e a tinha visto nua, mas ele jamais esperava que isso tinha haver com o ato e traição.

Gorgo não sabe se chora ou se fica furiosa, ela tenta se acalmar mas não consegue e começa a xingar seu marido até que olha para Aretha que está pálida e com medo do que pode lhe acontecer

- Você, vai embora da minha casa! Agoraaaaa!!!- Ela diz aos prantos

- Puta merda. Pai, que porra você fez?- Sullis vai com as mãos a cabeça

- Vou fazer questão de você não trabalhar mais em nenhuma casa dessa cidade e por toda região do Peloponeso.- Gorgo lhe ameaça

Antônio olha para Brasidas e sua cara diz tudo: " Eu vou te matar", Brasidas não sabe como sair da situação e realmente não há como. Por mais que ele tente dizer algo sua filha e Gorgo não lhe deixam completar a frase. Antônio parecia se divertir com a situação ao mesmo tempo que está furioso e deseja espancar o pai de seus netos, ele sabia que esse homem não prestava e dizia isso para sua filha desde o dia que ela se apaixonou por ele, mas o jovens jamais escutam seus pais.

- Eu falei que ele não prestava...

Aretha, está sem chão, assustada e com medo de ter de ir embora sem um emprego e sem um lar para seu filho em sua barriga. Viktus não quer perder sua amiga e pensa que esse "ser" em sua barriga é seu irmão e que lhe deve proteger a quaisquer custo. O menino toma coragem, respira profundamente e de sua boca sai:

- Por favor, mamãe... não expulse a Aretha. Foi o papai que lhe forçou a ter um filho

Brasidas arregala seus olhos e antes mesmo de falar que isso era mentira, Gorgo lhe dá um soco que o derruba no chão como um saco de pedras e pede para seu filho completar

- Ele disse que a Aretha era muito linda e que não podia se segurar e que deseja fazer coisas com ela...

- Ele tá mentindo, eu não fiz isso! Foi ela que me seduziu

- Cala a porra da boca! Uma criança jamais diria isso, ele é inocente- Gorgo braveja

Brasidas na realidade está falando a verdade, Aretha sempre lhe seduzia abrindo a porta de seu quarto enquanto trocava de roupa, Brasidas sempre resistiu mas acabou caindo na tentação e esse erro acabou lhe levando a esse labirinto do minotauro. Viktus por outro lado soube dessas palavras num livro de Romances Ateniense e pensou que era um bom momento para transformar isso em algo útil mesmo odiando aquele livro.

Aretha olha para o menino, seus olhos estão vermelhos e como um rio de águas cristalinas prestes a transbordar, o garoto dá um sorriso disfarçado e ela balança sua cabeça gentilmente como agradecimento

- Isso é verdade, Aretha? Meu marido te obrigou a fazer isso?

- Sim ele...

Brasidas se levanta e começa a gritar que era mentira, mas é golpeado dessa vez pelo seu sogro que mesmo velho ainda possui uma força surreal. Viktus sabe das consequências e pensa num plano de salvar tanto seu pai como sua empregada e colega, ele pensa e tem uma ideia em mente, o rapazinho olha nos olhos de sua mãe e diz:

- Mamãe... você não pode expulsar a Aretha. Ela não vai ter como cuidar do bebê... e eu não posso deixar isso acontecer com meu novo irmãozinho e por favor perdoe o papai... ele estava com um forte cheiro de vinho quando eu vi ele indo para o quarto dela.

Aretha começa a chorar, a moça não se segura após as palavras. Gorgo lhe segura fortemente pelas mãos, se acalma e diz de uma forma plena e racional:

- Aretha... você pode ficar. Eu te ajudarei a cuidar da criança assim como você me ajudou com os meus. Brasidas, você irá dormir na porra do armazém de sementes até que eu te perdoe e eu não vou dizer nada para seus superiores que você engravidou uma simples escrava.

- Mas... mas...

- Cala a boca, porra! Você teve sorte dela não te mandar dormir nos estábulos- Antônio Braveja

Viktus respira aliviado por ter conseguido salvar os dois, mas de certa forma ele se sente culpado por ter jogado seu pai numa garrafa sem tampa, ele sabe e se lembra muito bem que a culpada disso tudo de fato foi Aretha que seduziu Brasidas e se aproveitou dele por estar bêbado e fora de si naquela noite. Mas essa era a única forma de evitar algo pior.

A poeira baixa e a noite caí, Brasidas está nos armazéns passando frio até que a porta se abre e dela se revela Viktus com um cobertor de lã. O homem olha para o menino com uma raiva surreal

- Desculpe, pai. Mas essa era a única forma de eu salvar vocês dois... não queria a Aretha expulsa e nem você.

Brasidas dá um sorriso para sua cria, ele se levanta, pega o cobertor e coloca as mãos na cabeça da criança que espera pelo pior mas o que lhe acontece é algo inesperado... um abraço

- Você é esperto, garoto. Muito mais que eu e sua mãe juntos. Quando você crescer será um bom líder para sua tropa... Desculpa eu fracassei com vocês

- Não fracassou não. Você só cometeu um erro de cair na tentação mas é como eu li num livro: " Os homens gostam de pensar mais no desejo carnal que em si próprios"

Brasidas pergunta para si mesmo no interior "Que tipo de livro esse moleque tá lendo?".

O Guerreiro pela primeira vez em muito tempo chora, pelo seu erro e também pelo seu filho poder se tornar o grande homem que ele deseja que seja.

Viktus adentra na casa e vê uma luz acessa no quarto de Aretha, ele abre a porta devagar e vê sua empregada com as mãos na cabeça, sentada na cama. Ele chama por ela que ergue sua cabeça e demonstra seus olhos cheios de água e vermelhos. O garoto se senta ao lado de sua doméstica e pede para ela se acalmar, ela simplesmente o agarra e o segura contra peito e não o solta por nada

- Obrigado, Viktus. Muito obrigado- Ela chorando lhe agradece

- Você tá me sufocando. Pode me soltar?

Aretha se desculpa e solta o jovem que coça sua cabeça ele respira profundamente e diz:

- Eu não podia deixar você ser expulsa com meu irmão em sua barriga... por favor cuide dele ou dela

A criança apenas diz isso e se retira fechando a porta. Ele parte no quarto de sua mãe mas não obtém resposta dela, desistindo se desloca para seu quarto e repara que sua irmã não consegue dormir, ela está parada na janela enquanto a luz do luar lhe ilumina por aquele cômodo escuro e silencioso como uma caverna.

- Eai, pirralho... eu disse que a gente iria ter um novo irmão né? eu acertei... mas não pensava que seria assim. Nunca mais vou conseguir olhar nos olhos daquela víbora traiçoeira.

- A culpa não foi dela, foi o pai que forçou

- Será mesmo? Por que ela não disse nada? e você que viu tudo por que também não falou?

- Eu não sabia que era traição... e ela poderia está com medo... não sei

- É. Você tem razão e não teria como adivinhar

Sullis se deita na cama ainda pensativa, e exausta com tudo que ocorreu, ela cobre seu corpo todo e dorme rapidamente. Viktus se deita com a barriga pra cima com sua mente a milhões e feliz por ter evitado uma desgraça maior.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***