Capítulo 6- Retorno

Ele sente os raios solares em sua pele e abre seus olhos, ele olha aos arredores e vê de longe o belo Mar Ático e a voz de sua mãe dizendo: "Chegamos" penetra seus ouvidos. O menino ergue sua cabeça e já dá um sorriso do tamanho do mundo.

Gorgo começa a preparar seus utensílios para a venda e Viktus a ajuda, porém olhando para os lados na esperança de vê seus amigos, ele não conhecia muito bem a cidade e tinha medo de se perder ao ir para a casa de Kiara e Alexios, porém a criança rapidamente fica feliz ao vê Alexios indo comprar alimentos ali com sua mãe e irmã. O garoto vai correndo em direção a família, as crianças demonstram felicidade em vê Viktus.

- Mamãe posso brincar?- Alexios pergunta

- A vontade, meu filho. Mas volte para casa quando o sol chegar no meio dos céus

- Digo o mesmo- Fala Gorgo parecendo que saiu do chão e assustando a mulher

As crianças partem para brincar, felizes e pulando de alegria deixando as suas mães para trás que ficam se encarando, ambas se analisam de cima a baixo. A Ateniense é mais magra e menos robusta que a Espartana que parece ter sido feita esculpida com tamanha perfeição corporal.

- Prazer em te conhecer senhora...

- Gorgo- A Espartana responde de forma seca

- Me chamo Kassandra o que você vende?

- Alimentos e vinhos. Se me der licença tenho de retornar ao trabalho. Fico feliz pelas nossa crianças a gente se vê por aí. Você certamente tem coisa pra fazer- Gorgo fala com uma aparência séria e dando as costas

- É claro, claro. Foi um prazer.- Kassandra responde dando um sorriso envergonhado.

Viktus e as demais crianças seguem até uma cachoeira e se sentam ali na beirada. O jovem espartano vê que Kiara possui um livro e abre um ponto de interrogação em sua cabeça

- Que livro é esse?- Ele pergunta

- Ah é sobre as aventuras de Hércules

- Quer ler?

Viktus abaixa a cabeça e não responde, Alexios percebe tal movimento " Você não sabe ler?" ele pergunta. O garoto balança a sua cabeça positivamente, algo que faz o Ateniense dá um sorriso

- Vamos fazer o seguinte... Você me ensina a lutar bem e eu te ensino a ler. Aceitas?

O jovem Espartano levanta sua cabeça incrédulo, ele dá um belo sorriso e se levanta em prontidão. Os dois vão até um terreno verde nas proximidades e ambos fizeram um trato: Viktus lhe irá ensinar 3 golpes e Alexios irá lhe ensinar a escrever 3 palavras e a ler o básico.

Os dois meninos ficam frente a frente e a bela Kiara se senta abaixo de uma árvore e começa a lê o livro, o primeiro golpe que ele lhe ensina é um agarramento que derruba o Ateniense no chão sem ele mesmo notar. Alexios tenta repetir, mas acaba tendo certas dificuldades com o agarramento. Alguns tempos se passam e o jovem Ateniense fica satisfeito com sua performance, eles se sentam ao lado de Kiara a vista de um belo campo natural de grana alta, Kiara lê o livro para Viktus e isso lhe deixa encantado tanto pela voz angelical da menina como seus belos olhos azuis que refletem os raios solares como se fossem uma pedra de cristal rara.

Alexios lhe ensina o básico da alfabetização e o menino fica encantado ao conseguir escrever sua primeira letra no chão de terra usando um galho.

O Sol chega até o meio do sol e os três se despedem, Viktus caminha sorridente para encontro de sua mãe que está a guardar todos os restos na carruagem

- Se divertiu?

- Muito, mamãe

- Vamos para casa.

A carroça anda pela a estrada de barro; o canto dos pássaros, as borboletas que voam pelos belos campos fazem parte da bela paisagem Ateniense. A noite caí e os cantos dos pequenos pássaros são substituídos pelo das majestosas aves de rapina, Viktus vê olhos vermelhos e escuta sons que parecem ser gargalhadas correndo pela mata. De início ele pensa que são monstros mas é acalmado por sua mãe que lhe diz que são apenas lobos e pássaros.

A criança acorda e o verde é substituido pelo o amarelo sem vida das plantações de trigo Espartana.

- Bom dia, pequeno- Gorgo lhe deseja com o rosto com olheiras

- Você tá bem mãe?

- Tô... só não dormir... queria chegar logo em casa. Me disseram que as estradas estão perigosas devido os leões e não pude desviar do caminho para outra cidade.

Em casa, Gorgo vai para sua cama e dorme rapidamente como se fosse um urso prestes a hibernar, Viktus se desloca para frente de uma sala da qual ele tenta a abrir mas não consegue. O menino vai sorrateiramente até o quarto de sua mãe e abre uma gaveta porém esta estala e ele escuta o som do cobertor se mechendo que lhe fazem arregalar seus olhos ao vê que sua mãe se mecheu... mas foi só um susto, a mulher continua a dormir feito pedra. Ele tira da gaveta uma chave e lentamente se retira do quarto dessa vez com mais cuidado.

Brasidas acabará de ter um longo dia, sua pernas não param de se tremer após uma longa corrida de 10KM. No quartel seu Polemarco lhe libera de suas obrigações por hoje e lhe deixa vê sua família mas porém deve retornar no terceiro nascer do sol. O pai vai andando pela a cidade e todas as belas damas lhe encaram mordendo os lábios e com olhares maliciosos mas o rapaz não liga, ele apenas quer vê seus filho e sua filha. Brasidas sobe a pequena colina e se locomove por uma subida de terra que dá acesso a sua casa, ele abre a porta e dá um suspiro, ele vai até o quarto de sua filha e lhe dá um beijo na testa, vai até o da sua esposa e faz o mesmo, ele vai até o quarto de Viktus e não o vê. Ele o procura no celeiro, nas plantações porém nenhum sinal de vida do garoto, ele adentra a casa novamente e olha atentamente para os cômodos, ele vai até a cozinha e nota que há uma faca faltando, sobe as escadas novamente e a luz do sol refletida pela a janela ilumina uma pequena mancha vermelha na porta da biblioteca, Brasidas dispara em velocidade para ela e abre a porta esperando pelo pior... ao vê a cena ele dá um grito que acorda todos os moradores da casa lhes fazendo partir de imediato em direção a ele.

Gorgo para em frente a porta segurando um punhal, Sullis vai correndo até o quarto de sua mãe assim como Aretha, as três olham para o fim do corredor e vêem a porta da biblioteca aberta ambas vão lentamente até ela e ao vê a cena Gorgo abaixa seu punhal: As paredes da biblioteca possuem letras feitas de tinta de maquiagem vermelha, o pequeno Viktus está parado segurando uma lâmina manchada assim como suas mãos e ele está também de cabeça baixa e com lágrimas nos olhos levando uma bronca do seu pai.

- Eu vou te matar, seu pirralho!!!! VOCÊ USOU ELA TODA!!- Grita Sullis após perceber que a maquiagem usada na arte era a sua

- Eu e seu pai vamos cuidar disso. Vai para seu quarto e você também Aretha- Gorgo fala com toda calma do mundo

- Haha, vai levar uma bronca

- Não pense que você vai se safar, mocinha. Quem lhe deu autorização para usar maquiagem? você sabe muito bem que isso é coisa de prostituta

Sullis dá um sorriso sem jeito, pega Aretha pelo braço e sai do cômodo como se tivesse fugindo de um minotauro.

- Você sabe que escrituras não são necessárias. Você e um espartano, Seu MALAKA !!!- Brasidas grita para seu filho.

Gorgo vê o estrago e percebe que as letras possuem um formato único e belo, ao vê seu nome escrito na parede ela caminha lentamente até seu filho e lhe pede para a olhar no fundo dos olhos e pergunta:

- Foi você que fez isso tudo?

O menino balança sua cabeça como um gesto positivo com lágrimas nos olhos. Gorgo ao receber a resposta dá um grito de felicidade e começa a gargalhar como se fosse uma criança, Brasidas olha para ela sem entender nada assim como Viktus. O pai começa a colar as pontas e pergunta furioso:

- Puta merda, mulher. Você ensinou ele a escrever?? eu te falei no dia do nosso casamento que os meninos que tivéssemos seriam minha responsabilidade e você ficaria responsável pelas meninas.

- Eu te juro que não ensinei nada- Ela responde toda sorridente- Onde você aprendeu a escrever? e até ler pois você escreveu meu nome

Viktus para por um momento e pensa: " Se eu contar a verdade eu nunca mais vou brincar com o Alexios e a Kiara". então da sua boca sai um:

- Eu aprendi sozinho... Mas só sei pouco.

Gorgo dá um pulo de alegria e comemorando pensando que seu filho é um gênio, Brasidas não gosta de nada disso e lhe encara com um olhar de psicopata.

- AH PUTA MERDA... leitura não leva a lugar nenhuma!! ele tem que ser um Guerreiro!

- Amor... pensa comigo se nosso filho sabe ler ele pode ser um bom estrategista e Polemarco e quem sabe até um rei.

Brasidas dá uma bufada e põe sua mão no rosto e nota que até que ela tem razão

- É. poucos são nossos soldados e oficias que sabem ler... MEU FILHO VAI SER O DESTAQUE E EU POSSO ESFREGAR ISSO NA CARA DO DESGRAÇADO DO MAKIUS!!!- Brasidas comemora

- Eu tô de castigo?

- Não.- Gorgo responde gentilmente

- SIM!- Brasidas grita- A gente não pode deixar ele impune, ele fez besteira em pintar isso nas paredes da casa.

- Você tem razão. Vá já para o quarto e só saia de lá quando a gente ordenar. Eu e seu pai vamos pensar no castigo

Viktus passa pela a porta cabisbaixo e sua irmã lhe esperava ali encostada na parede furiosa e lhe debocha

- Haha tá de castigo!

- SULLIS QUE HISTÓRIA É ESSA DE QUE VOCÊ TÁ USANDO MAQUIAGEM ???!!- Brasidas grita fazendo a casa estremecer e fazendo a menina arregalar seus olhos igual os de uma coruja

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