CAPÍTULO 15 ‐ Me devolva para os meus pais.

Quando eles chegam em casa, Cris corre até ela preocupada e arrependida de ter a levado para o shopping, e por ter deixado ela sozinha. Said a puxa com força, sem deixar Cris se aproximar.

— Sobe e me espera no quarto — Ele olha para Cris e João — Vocês dois me acompanhem

Zaya sobe as escadas correndo, ainda chorando e assustada, com medo do que possa lhe acontecer. Não imaginou está passando por uma situação assim após casada, a sua vida era tão pacata antes. Sua mãe disse que ela viveria para servir o marido, mas parecia que nem marido ela tinha.

Enquanto isso João e Cris seguem Said até o escritório, já imaginando que serão demitidos, afinal eles perderam a esposa do patrão.

— Vocês já imaginaram se tivesse acontecido alguma coisa com ela? Ela quase foi atropelada, se não fosse um bastardo para ajudá-la ela ainda estaria perdida.

— Nos desculpe senhor...

— A vontade que eu tenho é de mandar vocês dois embora — Said interrompe João — Mas vou dar mais uma chance a vocês, mas prestem bem atenção, a partir de hoje, João só a leve para sair se ela não descer do carro. — Ele olha para Cris — E quanto a você está proibida de sair com ela, proibida. Agora sumam os dois da minha frente.

Said está com muita raiva, mais ainda ao lembrar daquele jovem loiro defendendo a sua mulher. Ah! Zaya, você passou dos limites, ele pensa subindo as escadas e deixando todos preocupados com Zaya, pois todos aprenderam a gostar dela.

Quando Said entra na suíte deles, ela estremece, está sentada no sofá escolhida no canto, com medo do que possa lhe acontecer. Ele fica de pé a olhando, a noite dele prometia ser ótima, mas teve que largar Alana por culpa dessa que estava a sua frente, a sua esposa.

— O que tem a me dizer? — Said pergunta irritado.

— Me desculpe...

— Olha para mim Zaya — Ela não consegue olhar — Olhe para mim — Said repete pausadamente. E ela o olha com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar — Me desculpe, é só isso que tem a dizer? O que estava fazendo com aquele bastardo?

— O Carlos me ajudou, eu estava assustada...

— Carlos... é isso mesmo? Você esqueceu que é casada?

— Eu não sabia voltar para casa, me desculpe. Eu estava com tanto medo — Zaya volta a chorar em desespero, ela sabe que está errada, se seus pais soubessem o que ela fez, nem conseguia imaginar o que seria dela.

— O que devo fazer com você? — Pergunta, com a raiva indo embora por vê-la tão assustada ainda.

— Você vai me bater? — Quando ela perguntou isso, ele percebe que além de assustada por ter se perdido ela estava com medo de ser castigada por ele.

— Você acha que merece esse tipo de castigo? — Ela abaixa a cabeça e não responde — Responda. — Ele pergunta com calma, ele jamais encostaria a mão nela.

— Eu não quero apanhar — Ela está tremendo e ele não consegue vê-la assim

— Eu não vou te bater, jamais faria isso com você.

— Não!??? — Ela o olha esperançosa

— Não. Eu não vou e nunca irei fazer tal coisa — Said responde e se senta ao lado dela, mas ela se encolhe ainda mais — Só quero que me prometa que não sairá mais com Cris, e quando sair com João não sairá do carro.

— Eu prometo. — Responde sem nem pensar na promessa que está fazendo.

— Agora me conte o que aconteceu, quero saber todos os detalhes. Até aquele bastardo te encontrar. — Ele enxuga o rosto dela com os dedos e ela não se afasta.

Zaya começa a contar tudo nos mínimos detalhes, desde do café da manhã, o almoço com Cris, do segurança a olhando, das pessoas esbarrando nela na saída do shopping, dos carros buzinando até Carlos a salvar. Ele sabe que ela realmete deve ter ficado apavorada, mas ele fica com raiva ao pensar nela sendo socorrida por esse tal Carlos que a tocou, e ainda teve a coragem de defendê-la, o enfrentando. Quem tem o direito de defendê-la é ele, que é o seu marido, e não um maldito bastardo desconhecido. Precisava dar a ele uma recompensa para não ficar em dívida com aquele maldito, pensa Said.

Ele diz para ela tomar um banho e desce para comer alguma coisa, pediria a Dolores para preparar algo leve para ela, pois ela provavelmente teria dificuldade em dormir, devido ao que ela passou. Dolores ao ouvir o pedido de Said vai para cozinha preparar o que ele pediu, fica feliz por vê-lo preocupado com a esposa.

Quando Zaya desce para o jantar já era muito tarde, mas ela estava com fome, ela só tinha almoçado, ela vai direto para a cozinha e Dolores ao vê-la abatida vai até ela e dá um abraço, e ela mais uma vez chora, por querer estar em casa com a mãe dela.

— Você está bem minha menina?

— Eu estou sentindo muita saudade da minha mãe. Eu nunca fiquei longe dela. E hoje eu iria ligar para ela, mas nem isso eu consegui fazer.

— Amanhã você liga, eu vou levar uma sopinha para você poder jantar.

— Eu vou comer aqui, não precisa ser na mesa.

— Seu marido está em casa filha e deve jantar com ele.

— Onde ele está?

— No escritório.

— Eu vou falar com ele, ele deve estar chateado comigo.

— Senhora, ele já deve estar vindo, melhor esperá-lo aqui.

— Eu vou me desculpar — Zaya fala saindo da cozinha e Francisco olha para Dolores e ela entende que Said estava ao telefone com alguém.

"— Desculpa Alana, eu precisei te deixar, era urgente, precisava resolver um problema"

"— Não faltará oportunidade de ficarmos juntos, nada vai mudar"

"— Se der amanhã eu te vejo. Eu estou com muita saudade, estou precisando me desestressar"...

Zaya ia bater na porta, mas estava entreaberta e Said estava falando ao telefone, quando ela ouviu Alana, Zaya não consegue se mover, Alana esse era o nome da mulher que ele tinha. Ela continua ouvindo ele ao telefone.

Lágrimas correm por sua face mais uma vez, enquanto ela estava perdida ele estava com essa Alana. Ela para ele era "o problema". Como poderá amá-lo assim? Será que tem que ser sempre assim? Será que o pai dela também tinha outra. Ela estava perdida em seus pensamentos e não viu Said encerrar a ligação e abrir a porta ficando de frente para ela. Ela levanta a cabeça e o olha e tudo o que mais queria era voltar para a casa de seus pais.

— Por favor, me devolva para os meus pais, prefiro ser chicoteada até a morte por ser devolvida a ficar aqui com você.

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