CAPÍTULO 13 ‐ Uma pessoa ligou

Depois do dia que Zaya saiu com João para conhecer a cidade e encontrou Said em casa quando chegou, ela resolveu não sair mais de casa, ela ficava no seu quarto, ou na cozinha ajudando Dolores, mesmo ela reclamando, dizendo que Zaya não era para ficar ali na cozinha. Já estava casada há uma semana, mas não tinha chance de ter nenhum bebê no forno, ela pensou que no primeiro ano de casada já teria o seu primeiro filho, mas talvez ela nem tivesse filhos com Said, já que ele nem a beijava mais, só dormia ao seu lado, mas a cama era tão grande que ela nem conseguia sentir o calor do corpo dele. O que ela não sabe é que Said todos os dias acorda com uma perna dela sobre ele, e ele tem que tirar com todo cuidado para não acordá-la. Zaya desconfiava que ele tinha outra mulher, já que só se casou com ela apenas pelo compromisso firmado entre as famílias.

Era um sábado e ela pensou que Said fosse ficar em casa, mas ele nem tomou o café da manhã com ela, como nos dias anteriores, ele saiu sem que ela o visse. Eles só jantaram juntos duas vezes desde que eles chegaram ao Brasil, e as vezes quando ele chegava ela já estava dormindo. Se não fosse os empregados da casa, ela ficaria sozinha todo o tempo, não sabia ao certo quando os seus sogros voltariam, mas ela nem queria imaginar como seria com eles em casa.

Cris tornou-se uma boa companhia para Zaya, ela descobriu que ela era filha de Damião o jardineiro, e durante o café da manhã ela sempre fazia companhia a ela. Cris sabia que Said devia ter outra pessoa, pois era nítido que ele não ligava para a esposa, e isso já estava deixando ela irritada, pois ela achava Zaya muito boa para aturar as safadezas do marido, ele simplesmente deixou a esposa sozinha em casa na primeira semana de casada e sem conhecer ninguém. Quando Zaya estava tomando o seu café da manhã, Cris estava ao seu lado como sempre e pensa em algo para fazer com Zaya para que ela pudesse se distrair.

— O senhor Said não te proíbe de sair, não é verdade? — Pergunta Cris, com um ideia na cabeça.

— Ele não se importa comigo — Cris percebeu a tristeza na voz da jovem, e isso a deixou ainda mais irritada com o patrão. Cris tinha 24 anos, trabalhava na casa desde os seus 20 e gostava do que fazia, geralmente ela só servia os patrões nas refeições e cuidava dos quartos. Sábado era sua folga a parte da tarde, ela saia depois do almoço e só voltava no domingo a noite.

— Se quiser posso sair com você. Hoje é a minha folga e posso te levar para conhecer alguns lugares. Iremos com João.

— Não acho uma boa ideia — Francisco opina, surgindo de lugar nenhum como sempre.

— Eu adorei a ideia. Eu vou me arrumar e podemos sair agora pela manhã.

— Podemos almoçar na rua e só voltarmos a tarde, com certeza o senhor Said estará muito ocupado e nem sentirá a sua falta.— Cris fala, recebendo um olhar de advertência de Francisco.

— Mas eu não tenho dinheiro para poder comermos fora.

— Eu pago para você hoje.

— Então vamos — Zaya fala animada — Venha, me ajude a escolher a roupa.

Zaya pega Cris pela mão e correm para a suíte, ela até estava se sentindo feliz por poder sair com uma amiga. Ela nunca tinha feito tal coisa. Estava conformada em ser rejeitada pelo marido, desde que ele não a devolvesse. Said não a tratava como esposa, mas também não a maltratava, e ainda a deixava fazer o que quisesse, fazendo ela gostar da sensação de ter vontade própria.

Francisco não gosta da ideia de Zaya sair com Cris, pois ele não confia muito em Cris, por achá-la muito destruída, e tinha medo de que algo acontecesse a esposa do patrão. Pensa um pouco e resolve então ligar para Said, ele precisava está ciente.

—O que aconteceu Francisco?

— Senhor, desculpe incomodá-lo, mas gostaria de avisar que a senhora Zaya vai sair com a Cris.

— Para onde elas vão?

— Acredito que Cris deve leva-la para passear em algum lugar.

— Se for só isso, qual o problema?

— Nenhum senhor, apenas achei que o senhor deveria saber, pois sabe como Cris é distraída.

— Ela não é louca de se descuidar de Zaya. Deixe ela se divertir um pouco conhecendo a cidade — Said desliga e volta para juntos dos seus amigos que estavam em um churrasco, e uma mulher logo se senta no seu colo, sendo abraçada por ele.

Eram quase oito horas da noite quando o telefone de Said toca, ele estava indo para o carro de mãos dadas com Alana, a mulher com quem passou o dia, iria para o seu apartamento, ela era a única que frequentava o lugar, essa noite Said estava disposto a não ir para casa.

— O que foi Francisco?

— É a sua esposa senhor?

— O que tem ela? — Pergunta despreocupado pensando ser alguma bobagem.

— Ela se perdeu e Cris não está a encontrando. — Said para, para poder ouvir o que está acontecendo.

— Elas não voltaram para casa até agora? — Pergunta já preocupado

— Cris acabou de ligar, João está rodando a cidade tentando achá-la, já que ela se veste um pouco diferente e Cris não sabendo mais o que fazer resolveu ligar para avisar que ela perdeu a senhora Zaya.

— Eu vou matar Cris, não tenha dúvida disso.

— O que foi amor? — Alana pergunta quando ele se afasta a deixando para trás.

Said não se dá o trabalho de responde Alana, não tinha que dar satisfação a ela. Ele entra no carro e sai em disparada, precisa encontrar Zaya, é a única certeza que tem. Ele chega em casa em menos de meia hora, e entra já gritando com todos.

— Para onde elas foram? Alguém pode me dizer para onde Cris levou a minha mulher?

— Não sabemos ao certo senhor — Francisco responde — Sabemos que Cris é um pouco distraída, o que ela informou foi que a perdeu no Shopping. Por conhecer Cris, avisei ao senhor antes delas saírem.

— Agora a culpa é minha por aquela doida não tomar conta da minha esposa e por Zaya ter sumido... só me faltava essa. Liga para o João e pergunta o que aconteceu.

Said vai para o escritório e liga para um amigo que era policial, explica o que está acontecendo e pede ajuda, exigindo sigilo, mas precisava encontrar a sua esposa urgente. As horas passam e nenhuma notícia, João explicou que Cris foi ao banheiro e quando saiu não encontrou mais Zaya.

Lucas, o amigo policial de Said conseguiu as imagens do Shopping onde elas estavam, e foi possível ver Zaya saindo assustada do Shopping, como se estivesse com medo, mas não dava para saber para onde ela foi, estava buscando outras imagens.

Said anda de um lado para o outro, ele sabe que a culpa é dele, se tivesse dado mais atenção a esposa não estaria pasando por isso. Já era tarde quando o segurança da empresa de Said liga para ele.

— O que foi? — Said atende irritado, se acontecesse alguma coisa com Zaya ele seria o único responsável.

— Senhor Said, uma pessoa ligou para a empresa dizendo estar com a sua esposa.

— O que???? — Said sente o coração disparar.

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