Eles ainda estavam no carro, quando Said resolve puxar assunto, já que a sua esposa está olhando para a cidade pela janela do carro como se ele não estivesse ali.
— Você é sempre assim, calada? — Ele pergunta e ela se assusta ao ouvir a voz grossa dele tão perto dela — Me desculpe se a assustei.
— Eu estava destruída — Ela responde com uma voz doce — Mas o que perguntou?
— Se você é sempre calada.
— Não sei nem como te responder. — Ela olha novamente pela janela — Eu não podia conversar com muitas pessoas, sempre foi apenas os meus pais e uma prima que é mais velha do que eu, ela sempre estava na minha casa me fazendo companhia.
— Porquê você não tinha amizades? — Ela o olha antes de responder.
— O meu pai não me permitia, ele não queria que eu tivesse uma má influência com amizades erradas. Atualmente as mulheres libanesas são mais independentes, e muitas não seguem mais as tradições – Zaya deixa de olhar para ele e volta a olhar pela janela — Mas deve saber disso, por ser um homem moderno.
— Algumas coisas mudaram por aqui, mas e você? Não tinha vontade de ter essa liberdade?
— Nunca pensei sobre isso, eu sempre soube que me casaria com você. — Ela o olha — Cresci sabendo que precisava aprender a ser uma boa esposa e um boa mãe, nada mais que isso — Quando ela pensa no que tem que fazer para ser mãe, ela sente o rosto enrubescer e desvia o olhar.
— Quantos filhos você pensa ter? Eu quero muitos, a casa cheia. — Ele mente apenas para ver a reação dela.
— Você quer mesmo ter muitos filhos? — Zaya já pensa que a sua vida será só para ser dele e gerar filhos, sem intervalos, só assim conseguiriam encher uma casa de crianças.
— Sim, eu quero, mas tenho certeza que você será uma boa mãe.
— Quantos filhos você quer ter? — Zaya pergunta sem jeito.
— Oito acho o suficiente, e você, o que acha? — Said responde já com vontade de rir pela reação dela.
— Eu acho muitos filhos, mas se você quer realmente oito, iremos ter.
— Tudo bem, mas podemos reduzir para quatro. Quem sabe já colocamos um no forno hoje — Ele prefere acalmá-la, e responde rindo a sugestão de reduzir para a metade a quantidade de filhos.
— Forno? Como assim? Me desculpe, mas eu não entendi — Zaya fala espantada quando ele diz forno, e Said solta uma gargalhada pela reação dela
— Quando eu digo forno, estou me referindo ao seu ventre, é apenas uma figura de linguagem.
— Entendo — Ela fica vermelha, quando ao falar, Said encosta a mão na sua barriga.
Said vê que ela fica com vergonha, 'virgem, a minha primeira vez com uma virgem'
— Você é linda sabia — Ela abaixa a cabeça e sente o seu rosto ainda mais corado, pela ardência que sente nele.
— Obrigada — Responde timidamente — Você também é muito bonito.
— Isso quer dizer que os nossos filhos também serão lindos — 'Só em pensamentos, filhos' Said pensa
— Sim, serão, pelo menos eu acredito que sim.
Said a olha com aquele vestido imenso, só de saias deveria ter uma loja de tecidos. Como entraria no hotel com ela sem chamar atenção?
— Porquê você não trocou de roupas?
— Nossas mães acharam melhor eu continuar com o meu vestido de noiva. Você não gostou de eu ter vindo vestida assim?
— Ele é lindo, mas acredito que chamará muito a atenção ao entrarmos no hotel. E as nossas mães não estarão aqui — Ele pisca para ela, pensando em um jeito dela se livrar daquele vestido volumoso.
— Eu poderei deixar as saias aqui no carro... — Responde, arrependida de ter ido com aquele vestido para o hotel, percebe que desagradou o seu marido.
— Como fará isso?
— Poderia virar o rosto um instante? — Eles estão em uma limosine e ele ri ao ouvi-la pedir que ele vire o rosto, mas ele atende o pedido dela, e logo um monte de tecido está sobre ele.
— Pronto! — Ela joga as saias no banco a sua frente, ela tinha ficado apenas com o vestido principal que tinha uma saia longa. Continuava vestida de noiva, mas não com tanta extravagância.
— Ficou ótimo — Ele olha para ela e queria muito que ela estivesse de pé para poder vê-la melhor, já que não dava para ver muito bem com ela ali sentada, mas o que ela fez com o vestido ficou muito melhor.
— Na verdade, eu já estava me sentindo sufocada com tanto tecido — Ela fala rindo, e é a primeira vez que ele vê o seu sorriso espontâneo, sorriso esse que a deixava ainda mais bonita — Eu gosto de moda, e no Brasil a moda é muito diferente.
— No Brasil você é livre para ser quem você quiser — Ele pensa um pouco — A não ser quando se está comprometido com uma desconhecida — Ele fala ao lembrar que foi obrigado a se casar com ela
— Você não queria se casar comigo? — Ela pergunta com a voz triste, o fazendo olhar para ela.
— Eu já havia criado outro estilo de vida para mim no Brasil, e casar não estava nos meus planos — Ao ouvir o seu marido dizer aquilo, Zaya sente uma imensa tristeza.
Ele não pensava nela, não sonhava com o dia de conhecê-la, nem mesmo queria estar ali. Ele não tinha sentimentos nenhum por ela, casou por ser obrigado, enquanto ela cresceu ouvindo que precisava amar o seu marido e obedecê-lo em tudo.
— Mais aqui estou eu, casado com uma linda jovem — Said fala rindo ao perceber que as palavras dele a entristeceram, e isso o incomodou, não deveria, mas incomodou.
Tentou dizer algo que desfizesse aquele semblante triste da sua esposa, sabendo que foi um erro ter confessado o seu desagrado em relação ao casamento na primeira oportunidade. Ele fica a olhando, sem saber o que dizer.
— Estamos longe? — Pergunta, sem o olhar.
— Olha Zaya, eu sei que você também não devia estar tão entusiasmada com esse casamento.
— Não precisa se preocupar, eu sei que os homens nem sempre se agradam das suas esposas — Ela responde sem olhá-lo — Minha prima me disse isso, mas não se preocupe, saberei o meu lugar.
— Zaya, me desculpe, mas é porque eu tinha esperança de não ser preciso me casar — Foi a única coisa que conseguiu dizer, mas parece que apenas piorou a situação, ela não mais respondeu e nem mesmo o olhou. Continuou o trajeto em silêncio, como se não quisesse nem mesmo estar mais ali.
Quando eles chegam no hotel, Zaya antes de sair do carro, cobre o rosto, deixando apenas os olhos de fora, Said não viu necessidade dela esconder o rosto, já que estava com ele ao lado, que era o seu marido, mas decidiu não intervir na atitude dela. Ela segue ao lado dele, mas não segura as suas mãos, ao invés disso, as esconde por dentro do véu que ela ainda estava usando. Ele ficou pensando se era assim que ela se vestia quando saia a rua, toda coberta, era estranho, nunca imaginou se casar com alguém. assim.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Fatima Gonçalves
ELE MAGOOU ELA PRA CARAMBA
2025-02-19
0
Gloria Katia Baffa
um bobo mesmo ele
2025-01-26
0
Josenira Ferreira
pena q não colocou foto dos personagens 😔
2025-01-21
1