Após toda a confusão, Henrique olha para o nada confuso. Ele se pergunta se estava sofrendo alguma espécie de justiça divina.
Em um mesmo dia, teve a confirmação de que sua esposa, companheira de tantos anos, armou para mandar para prisão uma garota que tinha apenas dezesseis anos, apenas. Esta, ainda por cima, é sua própria filha.
E nesse mesmo dia, descobriu que sua nora e atual namorada, era uma golpista sem escrúpulos.
Ele ficou pensando em o que fazer agora. Daniele já estava há mais de um ano na prisão, para ele, ela não era inocente mais. E se o que Bela disse for verdade, confirmaria que Daniele aprendeu maus hábitos com as menores infratoras.
Ele não queria apresentar para a sociedade, uma filha assim. Que já ficou presa e poderia estar grávida de um pai que não assumiria a criança.
Mesmo com esses pensamentos, ele resolveu procurar Dani.
Era a primeira vez que Henrique ia até a prisão. Ele era um homem esnobe e logo sentiu nojo do lugar. Teve que ficar esperando poder visitar a garota, ao lado de pessoas humildes, que também estavam indo visitar suas filhas detentas. E isto, visivelmente estava o incomodando.
Logo chegou a sua vez de entrar na sala de visitas. Ele entrou no local, que tinha uma mesa e algumas cadeiras. O chão e as paredes eram de ladrilhos encardidos. Ele resolveu não se sentar, com nojo.
Naquele dia, Daniele foi chamada a sala de visitas. Lhe disseram que era alguém diferente que foi a visitar, mas ela nunca imaginou que daria de cara com o seu próprio pai.
Quando Henrique a viu, grávida, tomou para si suas próprias conclusões.
Ele concluiu que Bela tinha dito a verdade. Dani estava grávida por ter se prostituído.
— Pá… pai? — diz Dani, sem acreditar no que estava vendo.
— Oi… Daniele. — Henrique se recusava a chamá-la de filha, pois admitir que ela era sua filha, era uma vergonha para ele.
— Você veio me ver?! — exclama Daniele, surpresa e um pouco feliz. Aquele homem era o seu pai e apesar de tudo, ainda havia um laço de afeto entre eles.
— Eu… — Augusto faz uma pausa, fecha os olhos e balança a cabeça em negativa. Naquele momento passa por sua cabeça que se ele não tivesse deixado Dani ter ido para a prisão antes, a família dele não estaria destruída, o seu amado filho Victor estaria vivo e a garota, talvez estivesse com uma perspectiva de futuro melhor. Agora ele nem sabia se ela era viciada em drogas. — Daniele, eu vejo que Bela não mentiu. Você está grávida.
— Sim, e este bebê é o seu neto.
Augusto respira fundo, um pouco revoltado. Bela era uma bastarda e agora estava lhe dando um neto bastardo.
Augusto abre sua pasta, retira um envelope de papel pardo, que de dentro, retira alguns documentos e um cartão.
Ele entrega a Dani tudo e diz:
— Você é uma vergonha para mim. Mas mesmo assim quero te ajudar. Nesse cartão tem uma quantidade boa de dinheiro, por favor, não gaste com drogas. Gaste para dar um rumo em sua vida.
Uma lágrima cai dos olhos de Dani. Ser acusada injustamente dói, mas ser acusada por seu próprio pai é uma dor ainda maior.
— Você ainda acredita que fui eu que roubei aquele anel? Não fui eu, pai. Eu juro que não fui eu.
— Eu sei que não foi você. — Henrique diz com uma expressão fria e Dani fica sem reação — Um desses papéis é uma solicitação de soltura. Eu consegui com meus advogados que lhe retirassem da prisão. Junto com esses papéis, tem um de sua emancipação. A partir de agora você deve se cuidar… eu… eu não posso te assumir como pai. A única coisa que posso fazer, é te dar um último conselho: Procure uma clínica e aborte essa criança, ou a entregue para adoção. Você não tem que carregar esse fardo.
— Como assim?! — Daniele grita e se levanta, revoltada. Henrique dá alguns passos para trás, com medo — Ele é o seu neto! E o Victor? Você não tem nenhuma consideração por Victor?
— Daniele! — Henrique levanta a voz — Não coloque o Victor nessa conversa. Só siga o meu conselho, ok? Pelo menos uma vez, siga o conselho do seu pai.
— Você sabe a origem do bebê? Bela te contou a origem do bebê? — Daniele pergunta, desesperada.
— Eu sei… eu sei e não posso aceitar essa criança.
— Pai?? — Dani estava confusa e desesperada da ao mesmo tempo.
— Só faz o que eu aconselhei, Daniele. Gaste esse dinheiro para dar um rumo em sua vida. Cuide-se.
Após dizer, Henrique vai embora, deixando Daniele desnorteada.
Daniele pega o cartão, a senha e esconde. Pega os papéis, assina, entrega para a guarda e volta para a sua cela.
Chegando lá, começa a organizar os seus poucos pertences.
— Que cara é essa? — pergunta Xaiane, a olhando de um canto.
— Em poucos dias, vou ser tirada da prisão. — Daniele olha para Xaiane, ouvindo as palavras que saiam de sua própria boca, que nem pareciam verdade. Ela já tinha se convencido que iria mofar naquele lugar.
— Isso é bom. Por que está assustada? Muitas daqui estariam festejando e comemorando.
— Para onde eu devo ir? — Daniele diz, olhando para o nada, pois agora tinha a certeza que estava sozinha no mundo.
Na prisão, ela pelo menos tinha um lugar para ficar e bem ou mal, um certo suporte. Mas no fundo lá fora, ela estava totalmente por sua conta.
A garota só tinha dezessete anos, grávida e sem nenhum preparo para a vida.
— Você tem que decidir. — Xaiane diz, se aproximando — Não conhece nenhum parente que pode te abrigar?
Daniele acena em negativo.
— Tem algum dinheiro guardado?
— Sim, é… tenho uma poupança que meu pai fez para mim no passado. — ela diz, escondendo que o pai tinha lhe dado um cartão com uma quantia que era desconhecida para ela, mas pela descrição dele, ela imaginou que era uma boa quantidade em dinheiro.
— Pega esse dinheiro e aluga um lugar perto da sua maternidade. Vai ser mais fácil para você se deslocar assim. Não confie totalmente naquela louca, mãe do seu filho. E lembre-se, no próprio hospital você pode dizer que quer colocar a criança para adoção. Não carregue o peso de cuidar de um filho dos outros. Cuidar sozinha dessa criança vai ser muito difícil.
Daniele olha para o seu ventre e sente pena da criança. Ele nem nasceu e todos a sua volta a aconselha a abandoná-lo e teve Miguel, que disse aquela barbaridade para ela. Será que ela deveria mesmo seguir o conselho de todos?
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Atualizado até capítulo 90
Comments
Jucileide Gonçalves
Ela tem que ficar com a criança e aparecer uma forma dela conseguir criar essa criança com dignidade.
2025-03-31
0
Maria Pinheiro
Ela vai ficar com a criança é filho do irmão que ela adorava e ela vai se apaixonar por ele assim que ele nascer .
2024-11-18
1
Fatima Gonçalves
TAMBÉM ACHO
2025-03-16
0