Capítulo 6

Há um mês atrás, quando aconteceu o acidente e Victor deixou esse mundo, Bela, mesmo tomando indiscriminadamente anti abortivos, não conseguiu segurar a gravidez. Porém, como Leila e Henrique estavam enlutados, foi fácil para ela conseguir esconder que não esperava mais um bebê.

Leila e Henrique chamaram Bela para morar em sua casa, pois queriam lhe dar todo o cuidado para que o neto nascesse saudável e é claro que Bela esperava que eles fizessem isto.

Em um dia, Bela estava pensativa, tentando encontrar uma solução para continuar dentro da casa dos Alencar. Ela pensou que poderia talvez engravidar de outro homem, mas depois do acidente, os médicos lhe avisaram que ela teria poucas chances de engravidar novamente.

Então, pensou que poderia inventar uma viagem e retornar com um bebê de outra pessoa, mas percebeu que os Alencar, depois da morte de Victor nunca a deixaria se afastar.

Enfim, todos os planos que imaginava, tinha um porém, ou um risco muito alto de não dar certo.

Foi aí, que por coincidência do destino, ela ouviu Leila conversando ao telefone.

– Eu não sei o que fazer? Olha, tudo está muito recente, eu não tenho cabeça para decidir agora o que fazer com os sêmëns.

– …

– Sim, provavelmente eu irei doar mesmo, mas posso te retornar em outro momento?

– …

– Obrigada! Vocês da clínica São Luiz, são sempre atenciosos.

Leila desliga o telefone e Bela se esconde, pensativa. Pelo que ela entendeu, existiam sêmëns de Victor congelados.

Assim que Leila sai do escritório, Bela imediatamente entra e começa a vasculhar tudo. De repente, percebe uma caixa no canto, com documentos que pertenciam a Victor e ao verificar a caixa, encontra o registro da clínica onde está guardado o material congelado.

Disposta a tudo, Bela procura Henrique, pois este está depressivo, depois da morte do filho. Leila também estava arrasada, mas ela ainda tentava manter a sanidade, mas Henrique, começou a beber e a passar seus dias recluso em seu quarto.

– Sr Henrique? – diz Bela, entrando no quarto.

– Ah? Sim Bela, pode entrar querida. – ele diz se virando para ela, com um olhar perdido.

– Sr Henrique, eu resolvi lhe trazer uma sopa revigorante.

– Ah, é muita gentileza de sua parte. Pode deixar na mesinha de canto que depois eu tomo.

– Sr Henrique, não tente me enganar. Sei que não anda se alimentando direito, você está até mais magro.

– Que meu neto me perdoe Bela, mas qual é o sentido da vida agora? Deveria ser proibido um pai perder um filho. Imagine eu, que perdi dois.

– Sr Henrique, um dia talvez a Daniele se arrependa do que fez. Talvez não seja agora, porque eu soube que ela até se tornou líder de uma gangue na prisão. Enfim, não vou continuar a te chatear com histórias da sua filha rebelde. Mas eu acredito que todos na vida podem se arrepender um dia.

Henrique estendeu a mão, Bela segurou ele deu um beijo em sua mão.

– Você é uma mulher de um bom coração, Bela. Tenho certeza que será uma ótima mãe para o meu neto. É nisso que deve se preocupar, não se preocupe com Daniele.

Bela se sentou ao lado de Henrique e começou a lhe ajudar a tomar a sopa.

– Sr Henrique, eu me sinto mal por fazer isso, mas você sabe que perdi meu emprego e não consegui outro. Eu… preciso de um valor, sabe? Para pagar algumas dividas. Juro que irei pagar quando conseguir um emprego.

– Não precisa preocupar, tudo bem? A partir de agora só se preocupe em ser mãe do meu neto. Eu vou ligar para o banco e disponibilizar um cartão para você.

– Obrigada, Sr Henrique! – inadvertidamente, Bela o abraça – Eu prometo que irei pagar no futuro.

Henrique disponibiliza uma conta com um valor alto para Bela, ele nem perguntou de quanto ela precisava, ele apenas depositou um valor que fosse suficiente para ela pagar tudo que precisasse e ainda sobrar uma boa quantia.

Utilizando o dinheiro que Henrique lhe deu, Bela foi até a clínica, onde havia o banco de sêmëns. Lá, conseguiu subornar um funcionário e pegar algumas amostras de Victor.

Após isso, ela foi direto para uma clínica clandestina, esperando que pudesse ser fertilizada, já que os médicos lhe disseram que ela teria dificuldade de engravidar da forma normal e não lhes disseram que não conseguiria através de uma fertilização. Porém, acabou descobriu que não poderia também por uma fertilização, já que seu corpo precisaria de meses para se recuperar do recente äbörtö.

Foi nesse momento que ela pensou em Daniele. Ela sabia que Daniele estava correndo perigo na prisão e imaginou que a garota aceitaria qualquer coisa para ser ajudada.

O plano se formou na mente de Bela, ela fingiria estar grávida para os Alencar, enquanto na verdade, seria Daniele carregando o bebê. Depois que Daniele tivesse a criança, ela a pegaria e levaria para eles, como se tivesse sido ela a conceber o filho.

Bem, como sabemos, Bela estava certa, Daniele estava desesperada e aceitou o acordo.

Após ser fertilizada, Bela organizou tudo, já marcando a data da cesariana de Daniele. Ela deveria dar à luz com oito meses, para que ninguém desconfiasse da diferença de tempo da gravidez de Bela. Ela também, disse que o pai de Daniele, estava prestes a tirá-la da prisão, por causa do bebê, apenas para que Daniele não desconfiasse de seu plano. E também a alertou, para não contar a ninguém da prisão, sobre como ocorreu a sua gravidez, pois por ela ser menor de idade, poderia atrapalhar o pai dela a tirar de lá.

Daniele, inocentemente, acreditou nas mentiras de Bela.

Muitas pessoas na prisão, começaram a lhe perguntar, quais tipos de exames ela foi fazer do lado de fora, já que existia atendimento dentro da prisão. Bela não conseguia explicar e começou uma fofoca pelos corredores, dizendo que ela na verdade, saiu da prisão porque alguém muito rico lhe ofereceu dinheiro por sua virgindade, pois ela voltou para a prisão, com a mochila cheia de chocolates caros.

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