Depois de passar três dias internada, Daniele volta para a cela. Chegando lá, Xaiane estava lá, a esperando e sorrindo orgulhosa, do estrago que fez.
Daniele estava com o rosto todo inchado e roxo e tinha um braço engessado.
Quando viu Xaiane, a garota se recusou a entrar na cela, a guarda ficou a empurrando e Daniele olhou para ela e começou a tentar dizer:
– Foi, foi… – ela apontou para Xaiane, mas Cirleia, a sua segunda colega de cela aparece atrás de Xaiane e balança a cabeça em negativa, tentando lhe avisar para não fazer isso.
– Foi a Xaiane que te espancou, foi isso? – pergunta a guarda.
– Não… não foi ela. Eu me enganei. – Daniele inteligentemente, resolve não dedurar a sua companheira de cela e então a guarda a empurra com força para a dentro e tranca a cela.
Daniele vai direto para o seu canto frio, se senta lá e se encolhe, com medo.
– Garota, vou te dar um conselho. – diz Cirleia – Não existe coisa pior na prisão, do que X9.
– O que é um X9?
– Alguém que fica dedurando os outros. Se você fizesse isso, iria fazer inimizade com todas as prisioneiras dessa prisão.
– Mas não é justo ela não pagar pelo que fez. Eu não fiz nada para ela. Eu só fico aqui na cela e só saio para comer e tomar banho.
– Ela não vai fazer mais nada, não é Xaiane?! – ela diz alto, alertando a outra colega.
– Por enquanto eu vou ficar na minha. Vou esperar o bracinho dela se recuperar, para depois, quebrar novamente. – disse Xaiane, sorrindo e se deitando na cama.
Cirleia deu de ombros, denotando que podia fazer pouco quanto a isso. Ela não podia estar sempre por perto e impedir Xaiane de espancá-la novamente.
Miguel, mesmo sem o seu chefe pedir, resolveu visitar novamente Daniele, pois ele, desde que a viu, não parava de pensar nela.
Ele sentia muita falta de ver aquele rostinho delicado novamente, mas não foi o que viu quando ela entrou, ele viu o seu rosto machucado e quase desfigurado pelos inchados e roxos.
– Daniele?! – ele diz se levantando da cadeira, assustado – O que aconteceu com você? Quem fez isso?
– Parece que só de respirar eu irrito as pessoas daqui. – ela diz com um olhar amargurado.
– Eu vou ver se consigo te trocar de cela, eu vou te ajudar.
– Não precisa. Pode me deixar onde estou.
Daniele se lembrou que além de Xaiane, ela foi espancada por mais duas outras garotas. Percebeu que se ela fosse transferida, poderia cair em uma cela que estaria essas outras garotas e além de tudo, poderia não ter junto alguém como Cirleia, que controla Xaiane quando está por perto.
Miguel percebeu a tristeza de Daniele e seu coração partiu em pedaços. Ele sentiu aquele ímpeto de segurar nas mãos dela e a tirar naquele momento daquela prisão, mas ele era só um garoto de vinte anos, estudante, que dependia da ajuda e aprovação dos pais.
– Daniele, eu… eu estou muito triste pelo o que fizeram com você. Me diga algo que precise que eu trago para você.
– Só me tire desse lugar, logo! Por favor!
– Eu vou tirar, eu prometo! Você não merece o que está passando.
Ele não a conhecia direito, mas ele sentia que ela estava sendo injustiçada. Ele já tinha entrevistado outras detentas e Daniele era diferente de todas, ela era calma e gentil. Falava poucas gírias e demonstrava um domínio da língua portuguesa, algo que demonstrava que ela deve ser uma boa aluna na escola.
Isso tudo sem contar a sua beleza. Ah como ele a achava linda! Ele estava completamente encantado por ela.
Ao terminar a visita de Miguel, Daniele continua na sala, pois receberia uma nova visita.
Assim que Miguel sai, Victor entra desesperado na sala.
– Minha irmã! Ele vai até ela e a abraça forte.
– Senhor! Se afaste ou vou ter que te expulsar daqui!
Grita a guarda que estava vigiando a sala de visitas. Era um protocolo da prisão, que os visitantes não mantivessem contato físico com as prisioneiras.
– Me… me desculpe… – Victor solta Daniele, um pouco hesitante. – Eu posso apenas a ajudar com suas feridas? – ele diz com um olhar suplicante e a guarda acaba cedendo e acena em positivo.
Victor coloca uma bolsa de primeiros socorros em cima da mesa e retira de lá algumas gases, alguns medicamentos e começa a fazer a assepsia das feridas no rosto de Daniele.
– Minha irmã, você não merece isso. Eu vou te tirar daqui, tudo bem? O papai está rancoroso agora, mas eu tenho certeza que o coração dele vai amolecer e ele vai se arrepender.
– Ele não gosta de mim, Victor. Eu tenho certeza disso. Eu passei tanto tempo da minha vida querendo conhecer o meu pai e quando o conheço não consigo conhecer o que é realmente o amor de um pai.
– Não pense assim, minha irmã. O papai parece durão, mas ele tem um coração bom.
– Mas ele sempre ouve a sua mãe e ela me odeia. Se depender dela, eu nunca irei sair daqui.
– Aguente firme, tudo bem? O tempo vai passar e quando as coisas não estiverem tão recentes, eu acho que consigo fazer papai voltar atrás e te tirar daqui. Enquanto isso, eu te trouxe isso.
Victor coloca uma bolsa na sua frente e lhe mostra o conteúdo. Havia cigarros, chocolates e dinheiro. Havia também um novo caderno e um lápis, para ela continuar escrevendo os seus versos.
– Eu pesquisei e soube que você tem que pagar por segurança na prisão. Veja se isso pode ajudar. Pague alguém para te proteger e não deixar que batam em você novamente. Eu vou trazer sempre essas coisas e se quiser algo novo, me peça que eu trago também.
Daniele pegou na mão de Victor e apertou. Apesar de terem se conhecido depois de crescidos, Victor era um irmão de verdade. Talvez fosse a sua única família agora, já que se sentia abandonada pelo próprio pai.
Daniele pegou os seus pertences, se despediu de Victor e voltou para a sua cela. Chegando lá, ela se sentou em seu chão frio e começou a ponderar se deveria pagar a Xaiane pela cama, pois ela não parecia confiável.
Para clarear a mente e conseguir tomar a melhor decisão, ela resolveu escrever um verso em seu caderno:
"Como uma criança perdida na floresta escura, aqui estou;
Mamãe? Papai? Ninguém parece me escutar;
Vejo vultos, olhos amarelos espreitando da floresta… para onde vou?
Para qual direção posso ir, a qual os monstros não possam me encontrar?"
– Ei, me deixe ver o que está escrevendo! – disse Cirleia tomando o caderno de sua mão.
Cirleia leu o que estava escrito por alguns segundos e após disse:
– Eu gostei! Você escreve bonito garota! Faz um para mim?
– Sobre o quê quer que eu escreva?
– Humm… – disse colocando o dedo indicador nos lábios – Escreva que eu sou bonita e corajosa. Coloque um bonitão também, que me ama e me abraça.
Dani sorriu e começou a escrever os versos. Após ela entregou a Cirleia e esta sorriu feliz, com o que leu.
– Eu adorei, garota! Faz o seguinte, me dê essa poesia e eu deixo você dormir comigo na minha cama.
– Mas… mas é muito pequeno para nós duas.
– Cabe nós duas sim, você é muito pequena. E não se preocupe, eu não gosto de mulher não!
Dani sorriu feliz e se sentou ao lado de Cirleia em sua cama.
– Muito obrigada por me ajudar. – ela diz e após abre a sua sacola e da a Cirleia um pedaço de chocolate – Olha, se você conseguir deixar a Xaiane longe de mim, eu te dou mais.
– Ah, por mim você só podia me escrever essas poesias bonitas, mas para as outras garotas, acho que vai ter que ter mais do que chocolates.
– Outras garotas?
– Sim! Aqui a gente se protege só se pertencer a um grupo. Se você pertence a um grupo forte, sempre estará protegida.
– Então eu quero entrar no seu grupo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 90
Comments
Taty
acho que a autora esqueceu de colocar a foto da Daniela
2025-02-25
1
Maria Pinheiro
Tadinha parece ser uma menina bem inocente mas o preconceito ronda a sociedade tem preconceito por que você é negra , tem preconceito por que você é pobre e tem preconceito por que você mora na favela , as pessoas com um certo padrão de vida se acham no direito de aceclas aceclar uma pessoa por sua cor , renda familiar ou simplesmente pelo lugar que você mora a madrasta dela é assim não a quer por perto para não ter que dividir a herança que séria só do filho dela com uma favelada .
2024-11-18
0
Maria Alves
coitada passando por tantas maldades creio.
2024-10-29
1