Capítulo 8

Naquela noite, Dani não dormiu sem se preocupar. Ela já tinha desistido de tudo e pensava que se Xaiane a atacasse enquanto estava dormindo, seria até melhor.

Porém, amanheceu e quando acordou, percebeu estar sozinha na cela.

Daniele pegou suas coisas e foi para o banheiro, tomar banho. Enquanto se ensaboava, percebeu a leve protuberância em sua barriga. Ela ainda não tinha percebido que sua gravidez começou a ficar aparente.

Ela acariciou o seu abdômen, tentando se acostumar com aquilo. Era tudo muito diferente. Na verdade ela nunca se imaginou assim, gerando uma vida em seu ventre.

– Já está de quatro meses, não é? – disse uma das prisioneiras que estavam tomando banho ao seu lado.

– Acho que sim… aqui dentro eu perco a noção do tempo, às vezes.

– É nessa época que começa a aparecer a barriga. Eu já tenho um de dois anos, sei como é.

Daniele olhou para a garota, um pouco assustada.

– Você tem um bebê?

– Sim. Eu tive filho cedo, com quatorze anos. O pai me abandonou, minha família me expulsou de casa e para cuidar do meu menino eu acabei entrando na vida errada.

– Eu sinto muito.

– Deveria mesmo. Já pensou no que vai fazer quando sair daqui, sozinha com esse bebê? O pai não vai assumir, não é?

Daniele percebeu bem as suposições que estavam por trás daquelas palavras. É claro que como a fofoca da prisão é que ela engravidou por ter se prostituído, vendendo sua virgindade, supõe-se que o pai do bebê não vá assumir.

– Esse bebê já tem um lugar para ir. – ela diz acariciando a sua barriga.

– Vai colocar ele para a adoção, não é? Acho que é melhor mesmo, ele ter uma chance de ter um lar amoroso do que viver a vida que vivemos.

A outra garota, continuou a tomar seu banho e Daniele ficou olhando para sua barriga arredondada, pensativa.

Após o banho, Daniele foi para o refeitório, tomar café. Chegando lá, ela cumprimentou as cozinheiras.

– Oi Gilda, quer ajuda em alguma coisa?

– Hoje não, minha querida. Pegue! – ela diz lhe oferecendo dois kits de café da manhã – Vou te dar dois porque você precisa se alimentar por dois.

Daniele deu um sorriso para a cozinheira, pegou os seus kits e foi para o pátio. Ela se sentou em um canto no chão e ficou olhando o céu azul, enquanto comia um sanduíche de um dos kits de café da manhã.

Esses kits, continham um sanduíche de atum, um pedaço de um doce, de sabores aleatórios, e uma garrafinha de plástico com um suco.

De repente, três garotas aparecem na sua frente, sorrindo com deboche.

– Ei, pütä! Está ficando gordinha, hein? – elas dizem sorrindo.

Uma delas tomam o outro kit de lanches da mão de Daniele.

– Me dê isso aqui! Está comendo demais!

Daniele apenas demonstra indiferença, ela não se abala mais com as perseguições que sofre naquele lugar. Na verdade ela até já se acostumou.

– Devolve o lanche para ela.

De repente se ouve uma voz vinda de trás das garotas e todos olham na direção da voz. Lá estava Xaiane com os braços cruzados e com um olhar hostil.

A garota hesita em fazer e Xaiane diz:

– Eu não vou falar uma segunda vez.

A garota joga o saquinho com o kit em Daniele, bufa e as três garotas vão embora.

Daniele olha surpresa para Xaiane e está, se vira de costas e também vai embora.

…

Na mansão dos Alencar, Leila estava tomando café da manhã com Bela e está lhe diz:

– Senhora Leila, eu já estou satisfeita. Peço licença, pois vou levar alguma coisa para o Sr Henrique comer.

Ela se levanta e Leila a acompanha com os olhos.

– Bela, espere!

– Sim.

– Você já está de mais de quatro meses, não é? Porque ainda não tem barriga?

Bela congela no lugar, pois não se lembrava de ver barriga em Daniele. Porém, por um instante, se lembra que se estivesse grávida de verdade, ela estaria com um mês a mais do que Daniele.

– Ah, é… os médicos disseram que eu não vou ter muita barriga.

– Hummm… estranho. – Leila diz e dá uma garfada em algumas frutas.

– Você está com enjôos hoje?

– Não, eu estou muito melhor.

– Por que está comendo tão pouco? Quando eu estava grávida nessa fase, sentia muita fome.

– Ah… é que cada gravidez é de um jeito, não é? – ela diz disfarçando – Agora eu vou lá levar o café para o Sr Henrique, tudo bem?

Bela deu alguns passos e foi parada novamente por Leila.

– Bela!

– Sim, senhora Leila.

– Nós temos empregados, você não precisa levar o café do Henrique.

– Eu faço questão, senhora Leila. Vocês tem cuidado tão bem de mim que é o mínimo que eu posso fazer para compensar.

– Certo. Mas não se esforce muito, se preocupe mais com sua gestação.

Leila continuou a tomar o café da manhã e Bela foi para o quarto de Henrique.

– Senhor Henrique, acorde! – ela diz, acariciando os cabelos dele.

– Ah, oi Bela, minha querida. – ele diz, despertando.

Eu te trouxe algumas coisas para comer.

– Não precisava se incomodar.

– Ah, não é incomodo, é um prazer cuidar de você. – ela diz com uma voz meiga.

Henrique se senta na cama e ela coloca a bandeja com o café em seu colo.

– Você tem sido muito prestativa, Bela. Já te considero como uma filha.

Bela faz uma expressão triste e Henrique fica preocupado.

– O que houve, Bela? Por que ficou triste de repente? – pergunta Henrique.

– É que… Henrique, eu não queria que me considerasse como filha.

– Por que? Como assim?

Bela toma coragem e dá um beijo rápido nos lábios de Henrique. Após, faz uma expressão de culpada.

– Me desculpe, eu… eu não deveria ter feito isso.

Ela se levanta e sai do quarto, fingindo estar envergonhada.

Após sair, Bela dá um sorriso vitorioso, pois esse será o seu novo plano para ascender na vida. Ela não iria se contentar apenas com uma pensão milionária de seu filho, ela queria mais, queria se tornar a nova senhora Alencar.

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