Capítulo 5

Bela acorda, sentindo todo o seu corpo doer. Ela ouve o barulho de bips e aquele cheiro de limpeza, entra por suas narinas.

Um pouco desorientada, ela olha a sua volta e aos poucos, sua memória volta.

– O bebê! – ela grita ao relembrar o acidente e o movimento brusco faz todo seu corpo doer.

Uma enfermeira entra no quarto, correndo, tentando a acudir.

– O bebê? O bebê está bem?

– Sim, o feto ainda está vivo, mas não temos certeza se continuará. O seu corpo está muito prejudicado e ele ainda é muito frágil, você não fez ainda três meses.

– Não importa! Façam de tudo para manter essa criança viva! – o desespero bateu em Bela, aquela criança era a sua única chance de entrar em uma família rica.

– Senhora, você não quer saber sobre o seu noivo? – perguntou a enfermeira, estranhando a atitude de Bela. Ela agia como se o pai do bebê nem existisse.

– Eu não quero falar com ele, chamem os pais dele. – ela diz cruzando os braços.

– Senhora, isso não será possível. Os pais dele estão ocupados, no velório do Sr Victor.

– Aaa… – ao invés de sofrer, ela sentiu um certo alívio. Victor poderia contar aos pais que ela foi a culpada pelo acidente e atrapalhar o relacionamento dela com os sogros. – Me dêem anti abortivos! Eu não posso perder esse bebê! – ela grita, ordenando a enfermeira.

– Senhora, só o médico pode receitar.

– Não importa! O quanto você quer para me dar os medicamentos? Mil? Dois mil? Me diga o preço e eu te pago.

…

Daniele, sem saber do que estava acontecendo, parou de receber as visitas de Miguel e de Victor. As garotas do seu grupo, começaram a dizer-lhe que o tal advogado tinha desistido dela e que era para não ficar triste pois era normal entre as prisioneiras que elas fossem esquecidas naquele local.

Como não estava mais recebendo as visitas de Victor, Dani não tinha mais os chocolates para pagar pela sua segurança e muitas detentas, integrantes do grupo, começaram a se recusar a proteger Dani, já que estavam em época de férias escolares e não havia lições de casa para ela fazer.

No fim, só sobrou Cirleia, que aceitava como pagamento apenas os versos escritos por Daniele.

O cerco começou a se fechar e Xaiane, percebendo que só Cirleia defenderia Daniele, voltou a fazer ameaças, pois Cirleia não conseguiria defender Daniele sozinha contra um grupo de garotas.

Após um mês sem receber visitas, uma guarda apareceu na cela de Daniele, lhe avisando que alguém veio lhe visitar. Ela foi apreensiva, torcendo para que se fosse Victor, ele trouxesse os chocolates que precisava para pagar as outras garotas e que se fosse Miguel, que ele aparecesse com sua ordem de soltura.

Porém, quando entrou na sala, ela se decepcionou, não estava nem Miguel e nem Victor, quem a esperava lá era Bela Nogueira.

– Bela!? – exclamou confusa e após se sentou na cadeira à sua frente – Onde está o meu irmão?

Agora, Bela não tinha mais motivos para fingimentos e podia mostrar para Daniele a sua verdadeira face.

– Olha aqui, garota, não vou fazer rodeios. O seu irmão morreu e você não tem ninguém mais para te proteger.

– Me me meu irmão… – uma dor lancinante tomou o coração de Daniele, que levou a sua mão ao peito, tentando aplacar aquela dor.

– É isso mesmo e se você quiser proteção agora, terá que me ajudar.

– Victor… não é possível! Como… como? – Daniele estava em um momento de dor e negação.

– Está me ouvindo garota!? – disse Bela, estalando os dedos na sua frente.

– Bela, eu quero prestar as minhas homenagens! Me tire daqui! Me leve embora daqui! – Daniele começa a se desesperar.

– O enterro já aconteceu! Já faz um mês que seu irmão foi pro céu, menina.

– Um mês! Por que ninguém me avisou?!

– Porque ninguém liga para você! Escuta bem, garota, agora você está por si e as garotas da prisão irão fazer picadinho de você. Porém, existe uma saída que é fazer um acordo comigo.

Dani se tremeu no momento, sua vida realmente corria perigo, agora sem Victor lhe ajudando.

– O que você tem em mente?

– Que bom que está interessada, vai ser melhor para você, acredite. – Bela fez uma pausa se preparando e após continuou – Eu quero que você gere o meu filho.

– Hã? – a mente de Daniele se tornou totalmente confusa.

– É isso mesmo. Eu tenho alguns óvulos inseminados pelo seu irmão, mas depois do acidente eu não posso mais seguir com uma gravodez até o fim. Então você será a minha barriga de aluguel.

– Isso é loucura! É claro que direi não. Eu não posso engravidar do meu próprio irmão.

– Você é burra ou gosta de se fazer? Você só será a barriga de aluguel, o filho será meu e ele será o seu sobrinho.

– Eu não vou fazer isto, Bela.

– Não faça e eu vou te deixar aqui, para morrer nas mãos das prisioneiras. Ainda faço questão de pagar elas para dar um fim em você, garota estúpida!

– Não… não… eu vou sair daqui! O Miguel vai me tirar daqui.

– Miguel? Aquele garoto que te visitava? Hahaha! Ele mentia para você, ele não é advogado, é só um estagiário. Ainda muito covarde, viu? O seu irmão deu um chega pra lá nele, e ele foi embora correndo. Estou dizendo, você está sozinha garota.

Daniele saiu da sala de visitas desolada. Ela recebeu muitas informações ao mesmo tempo e agora ela não sabia o que fazer. Victor morreu, Miguel era um mentiroso e agora Bela apareceu com essa proposta indecorosa. 

Ela foi para o quarto, se deitou na cama e começou a chorar. Cirlene, percebendo, acariciou os seus cabelos, a consolando.

– O que eu vou fazer, Cirlene? Agora eu não tenho mais ninguém.

– Tenha esperança, menina. As coisas ainda podem melhorar.

Daniele percebeu nesse momento que Cirlene passou alguma coisa para ela, disfarçadamente. Quando Daniele olhou, era um pequeno canivete.

– Garota, você tem que aprender a se defender – ela diz baixo e o coração de Daniele dá um pulo, sentindo que o pior poderia estar por vir.

Algum tempo se passou e Daniele continuava sendo ameaçada. Ela não queria ter que usar o canivete e acabar cometendo um crime de verdade, mas não tinha mais o que fazer.

Ela tinha Cirlene para defendê-la, porém em um dia, a guarda chegou na cela para buscar Cirlene, pois ela tinha sido libertada.

Agora, Daniele não tinha mais nenhuma alternativa, a não ser, aceitar a proposta de Bela.

Daniele correu e ligou para Bela, dizendo que aceitaria a proposta e então, no mesmo dia, uma guarda apareceu para buscar a garota, alegando que ela teria um exame médico para fazer fora da prisão.

Naquele dia, Daniele foi fertilizada com os óvulos de Bela e ela voltou para a prisão, grávida de seu sobrinho.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***