Capítulo 20

Por incrível que pareça eu nunca tinha entrado em um motel, primeiro porque tinha um certo preconceito e segundo porque Josh reforçava isso quando dizia que não era o tipo de lugar que eu deveria frequentar. No entanto, não pensei duas vezes antes de entrar com Amanda e me surpreendi muito, desde a iluminação que era pura sedução, a cama que não tinha nada a ver com o que vi em filmes e a banheira de hidromassagem que pareceu me chamar.

Amanda estava toda sorridente devido a tequila que tomou no caminho e foi logo tirando a roupa desde a porta.

— Senta aí, vou fazer uma dança para você — falou deslizando as mãos pelo corpo e arqueei as sobrancelhas curiosa, vendo ela se direcionar ao poste de pole dance que ficava num canto.

— Acredito que a sorte começou a contar a meu favor. — Ao me ouvir ela deu uma risada confirmando.

Sentei na poltrona que havia atrás de mim e observei a loira de olhar provocante retirando a última peça de roupa, ficando apenas com a lingerie, logo depois pegou o celular e colocou uma música que parecia já estar no ponto para o que ela pretendia fazer.

Amanda era pura sedução, cada gesto, cada pequeno movimento e olhar era como se ela estivesse prestes a me devorar. Seu corpo pequeno e colorido movia-se em perfeita sincronia com a batida da música. Em determinado momento ela fechou os olhos e girou me deixando hipnotizada. Minha boca abriu ao ver seus movimentos, a forma com que parecia estar entregue, como parecia flutuar com uma leveza e sensualidade só dela.

— Vem cá! — Me chamou com o dedo e logo depois retirou o sutiã.

Levantei indo de encontro a ela que enlaçou meu pescoço com os braços e segurei em sua cintura sentindo a pele macia na ponta de meus dedos, percebendo que fazia tempo demais desde que pudemos ficar daquela forma. Trilhei um caminho suave com os dedos por suas costas, notando ela arrepiar e me inclinei até alcançar seu pescoço onde distribui beijos e lambidas.

— Quero que faça isso em outro lugar — falou manhosa e sorri afastando o rosto.

Beijei-lhe os lábios com desejo, minhas mãos descendo até a bunda gostosa onde apertei. Devagar e fui descendo meu corpo até ficar praticamente de joelhos diante dela que não largou minha boca um minuto sequer, inclinando-se a medida em que eu descia até que ambas sorrimos então ela ficou ereta novamente, me encarando com aqueles olhos verdes cheios de desejo. Sem quebrar aquela conexão deslizei a calcinha por suas coxas e logo em seguida toquei entre suas pernas e ela arfou inclinando o corpo para trás, se apoiando no postei.

Elevei a perna esquerda dela para apoiá-la em meu ombro sentindo minha boca salivar de tanto desejo por seu gosto. Distribui beijos pelo interior da coxa roliça e tatuada, notando que mordia o próprio lábio me encarando até que eu chegasse ao meu principal destino, onde gemi quando deslizei a língua em sua entrada molhada e ela se contraiu agarrando em meus cabelos com uma mão. Minha língua buscou seu ponto sensível enquanto meus dedos deslizavam por sua entrada e a partir daí Amanda me deliciou com seus gemidos e contrações, puxões de cabelo e reboladas em minha boca. Ela arqueava o corpo e parecia prestes a subir naquele poste novamente, pressionando meu rosto entre as próprias pernas até os espasmos do orgasmo tomá-la por inteira, me fazendo sentir em meus dedos seu prazer.

Quando voltei a ficar de pé Amanda ajudou a retirar minha roupa com urgência, empurrando meu corpo para trás, me beijando e voltando a se livrar das peças até que eu caísse sobre a cama. Ela sorriu travessa enquanto vinha para cima de mim e sua boca logo encaixou-se em um de meus seios sugando-o com vontade, alternando entre lambidas em uma brincadeira gostosa com meus mamilos, me arrancando gemidos. Entrelacei os dedos em seus cabelos puxando-os devagar sentindo os dedos dela entre minhas pernas onde massageou meu clitóris, desceu até minha entrada toda lambuzada denunciando minha excitação e me enlouqueceu ao introduzi-los ali, movendo-os devagar, provocando, sem parar de mamar em meus seios, até que estivesse a ponto de gozar, só então desceu o rosto para continuar o trabalho com sua língua, me fazendo estremecer em um intenso orgasmo.

Não tinha como cansar de dar e receber prazer daquela mulher. Nós fomos para a hidromassagem onde brincamos, beijamos e nos excitamos o suficiente para sair de lá direto para o banheiro onde mais uma vez fizemos amor, na pia mesmo, onde sentei com as pernas abertas e ela me devorou com uma fome que me fez gozar rapidamente.

Nossas horas se arrastaram, nem parecia que estávamos em um motel, não tínhamos pressa, tínhamos todo o tempo do mundo, por isso bebemos, comemos e tentei me arriscar no poste, mas me convenci de que sou covarde demais para conseguir fazer qualquer movimento do tipo.

Foi engraçado e prazeroso. Uma junção perfeita de momentos em uma só noite.

— Quero te fotografar com as meninas — disse ela com a cabeça deitada em meu ombro enquanto brincava com meus dedos. — Faremos um ensaio ao ar livre, nada muito exagerado, você devia ir.

— Vou pensar. — Suspirei levando a mão até os cabelos dela onde fiz cafuné, fechando os olhos, que devido ao cansaço não conseguiam ficar muito tempo abertos.

— Lou? — Murmurei um "hm" e ela continuou. — Jason me convidou para acompanha-lo ao casamento de alguém da sua família. Mas acredito que agora não seja uma boa idéia, não é?

Abri os olhos no mesmo momento em que ouvi aquelas palavras. Meu primeiro pensamento foi Sabrina e um possível encontro delas. Eu não estava preparada para descobrir a verdade daquela forma, pois parte de mim já tinha uma verdade formada, aquela que antes me recusava acreditar.

— Acho melhor evitar os mesmos locais que aquela gente. Minha tia com certeza convidou toda família do prefeito e até mesmo a do Vicente.

— Tem razão, ainda não sabemos o quê aquele idiota vai aprontar, melhor evitar esse tipo de encontro. — Ficamos em silêncio por alguns minutos e eu tinha tanta coisa para perguntar que meu sono acabou passando por completo.

Queria tentar saber algo sobre a Sabrina e tirar logo aquela sensação ruim de meu peito, mas não queria estragar nosso clima tocando no assunto ex. Então minha cabeça levava a outras perguntas, coisas relacionadas ao Jason já que ela tocou no nome. Eu queria que Milena tirasse ele da cabeça de uma vez, não aguentava mais ver ela sofrendo por aquele cara, mas infelizmente não poderia fazer muita coisa.

— Devemos ir embora? — Amanda levantou a cabeça e beijou meus lábios rapidamente, apagando todos os pensamentos que rondavam minha mente. — Amanhã você tem trabalho, não é?

Eu tinha esquecido completamente que precisava trabalhar no dia seguinte, ou melhor, naquele mesmo dia, pois já era madrugada.

...***...

Bocejei pela décima vez e as crianças começaram a fazer barulho me assustando. Tentei me manter em alerta, levantei e caminhei pela sala verificando quem estava fazendo a lição, olhei lá fora através das persianas e voltei a fazer o caminho entre as mesas.

A manhã ainda não estava nem perto de acabar e eu já estava a ponto de pedir para ir embora. Senti falta dos tempos de escola quando fingia não estar me sentindo bem e ligava para mamãe ir me buscar, mas infelizmente os adultos não podem sair. Por sorte as lembranças dos momentos e os beijos de despedida que dei em Amanda me davam o ânimo necessário para seguir de olhos bem abertos e fazendo meu trabalho.

...***...

— Sabe quem está voltando hoje da Inglaterra? — perguntou Milena sem tirar os olhos dos papéis que espalhou sobre a mesa do restaurante antes de minha chegada. — Aquele professor que você tanto amava durante a pós-graduação. O... Edgar Rice.

— Admirava. Amar é uma palavra muito forte — falei fazendo sinal para um garçom.

— Isso não te lembra que está na hora de começar o PhD? Estive pensando sobre isso, ficar insistindo em relacionamentos fracassados quando poderíamos apenas focar em nossas vidas profissionais.

— Aí vai você! — Peguei o menu e fiz o pedido ao rapaz que anotou e rapidamente saiu. — Não tente se esconder no trabalho, ok? Você fica muito chata quando faz isso.

— Estou realmente com medo dessa vez. Não acho que vou ser capaz de seguir como antes depois de ter me jogado nos braços de Jason novamente. Quanto a você veja essas olheiras, está destruída! — Arqueei uma sobrancelha vendo a cara que ela fez ao me analisar. — Deve esquecer a Amanda, deixar a poeira baixar e focar em seu trabalho, estudos e sua autonomia.

— Amiga, eu não queria ter que dizer isso assim, mas minhas olheiras são em consequência de uma ótima noite com Amanda.

— Oh, vejo que apenas eu estou na bad. — Ela tomou um gole d'água e juntou as folhas rapidamente. — Ótimo, vocês estavam transando loucamente e eu aqui preocupada.

— Pare de drama. Você não sabe o que aconteceu, foi uma verdadeira loucura... — Comecei a contar sobre a noite anterior e tudo o que aconteceu com Vicente em detalhes e assim seguimos nosso almoço.

Naquela tarde eu pretendia ir diretamente para minha cama e dormir o máximo que conseguisse, mas enquanto saía do restaurante avistei um dos carros importados de meu pai entrando no estacionamento do shopping no outro lado da rua. Me despedi de minha amiga e decidi ir tentar encontrá-lo, afinal fazia tempo que não nos víamos e não era todo dia que aquele modelo desfilava pelas ruas de Weston. Papai costumava manter seus automóveis na garagem de nossa casa de campo, sempre intocáveis. Aquele em especial era um modelo tão raro que até o prefeito insistiu em comprá-lo dele que recusou todas as vezes, por isso vê-lo por ali, significava que ele estava realmente em uma nova fase de sua vida.

Tive que andar bastante, subir e descer tentando adivinhar o tipo de lugar que ele frequentaria, mas acabei o encontrando onde menos imaginava. Através da vitrine observei ele sentado na poltrona dentro de uma loja de artigos femininos mexendo no celular, usando roupas casuais como se estivéssemos em pleno fim de semana, sendo que antes vivia de casa para o trabalho, até aos sábados.

— Está sendo divertido fingir que não existimos? — Ele levantou o rosto rapidamente e ficou de pé.

— Filha, eu...

— Sabe quanto tempo não nos encontramos? Um mês! E faz apenas uma semana desde que saiu de casa, onde eu espero que nunca mais coloque os pés. Mamãe pode até te procurar e tentar voltar para aquele mundo de fantasia que vocês viviam, mas quero que você continue assim, sustentando essa sua família e bem longe da gente.

— Louise, me perdoe. Eu ia te procurar querida, o prefeito está enchendo meus ouvidos sobre o seu casamento com Josh e...

— Não tem mais casamento nenhum. — Dei um passo atrás preparada para fugir dele e daquele assunto. — Eu não quero a mesma infelicidade que a mamãe.

— Querido, qual você prefere? — Uma morena, jovem e peituda surgiu falando e ficou sem graça ao me ver, mas apenas dei as costas a eles e sai rapidamente.

Cheguei em casa desejando tanto minha cama que pareceu uma eternidade até chegar diante da porta do meu quarto. Quando coloquei a mão na maçaneta a faxineira saiu do quarto de minha mãe carregando roupas sujas e me cumprimentou, nesse meio tempo ela derrubou o cesto e de lá caiu uma peça de renda que claramente não era de minha mãe. No mesmo momento Sabrina subia a escada praticamente correndo.

— Oi meninas, esqueci um documento importantíssimo! — Ela passou rapidamente e entrou no quarto de hóspedes.

A faxineira desceu, mas ao invés de entrar em meu quarto segui até o da advogada que estava jogando diversas folhas sobre a cama parecendo desesperada.

— Você está... dormindo com a minha mãe? — perguntei ao parar na porta e ela riu como se eu tivesse dito uma piada enquanto pegava uma das tantas folhas.

— Achei! — Ela suspirou parecendo aliviada e aproximou-se de mim um tanto séria. — Não estou transando com sua mãe, até porque tenho um bom motivo para não fazer tal coisa. — Pisquei algumas vezes sentindo-me incomodada pela forma que seus olhos passeavam por meu rosto e quando pensei em virar para lhe dar passagem, Sabrina segurou meu queixo e diminuiu a distância de nossos rostos. — É você quem eu quero.

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