Tentei conversar com minha mãe sobre o que Kathe desejava fazer, mas tudo tudo que ela disse foi: ela está certa, vocês namoram há três anos e nada melhor do que a sogra fazendo tudo. Mamãe também nunca concordou que eu fosse professora, se dependesse dela eu já teria casado três anos atrás, já que no seu tempo, as mulheres casavam cedo. Frustrada, só me restou conversar com meu noivo. Liguei para Josh e ele ficou de ir me buscar para jantar com seus pais. Passei o resto da tarde focada em meus afazeres relacionados a escola e o tempo passou rapidamente. Vez ou outra lembrava do que Amanda disse e parava pensando em como as coisas pareciam fáceis ouvindo dela.
Quando a noite caiu, me arrumei e fiquei a espera de Josh, que acabou demorando mais do que o normal. Percebi que ele estava muito carinhoso, me recebeu com um beijo demorado e até abriu a porta do carro. No meio do caminho, me informou que iríamos jantar sozinhos em um de nossos restaurantes preferidos. Fiquei animada, fazia tempo que não saíamos para jantar fora, sempre indo para a casa dele.
Com Josh era tudo muito fácil, eu sempre me adaptava as suas mudanças de idéia repentinas e ele as minhas. Quando um pedia o outro aceitava e assim, nós nunca entrávamos em conflito. Eram raros momentos em que eu ficava mexida devido a alguma coisa relacionada a ele, talvez por isso fiquei tão afetada ao ouvi-lo chamar Amanda de gostosa. Nós conhecíamos muito bem um ao outro e tinhamos pensamentos iguais, nossa relação era muito estável.
— Você não vai acreditar — disse ele, então tomou um gole do vinho. — Lembra o Heitor? Aquele brasileiro que casou-se com Stephanie Morgan. — Confirmei com a cabeça. — Ontem na festa, estávamos conversando e ele contou que os dois decidiram fazer algo novo para apimentar o casamento. — Arqueei uma sobrancelha, mastigando o pedaço de bife lentamente até engolir.
— O quê? — Peguei a taça com água, vendo ele rir enquanto cortava o próprio bife.
— Eles farão um ménage. — Arregalei os olhos. — Já encontraram a garota e tudo.
— Por que tem que ser com uma garota? Nunca vi ninguém propondo um ménage e aceitando outro homem — falei aquilo apenas para provocá-lo, pois notei o quanto ele estava interessado naquele assunto.
— Que absurdo! Qual homem aceitaria dividir a própria mulher com outro homem? — Dei de ombros.
— Mas aceitam com outra mulher, pelo próprio prazer. Eu jamais faria isso. — Fiz uma careta tomando mais um gole d'agua.
— Você é muito certinha, mente fechada. A Stephanie é uma mulher completamente diferente — provocou.
— Continue pensando assim. — Bufei, voltando a cortar o bife e o assunto foi encerrado.
Decidi entrar no assunto nosso casamento e contei sobre a mãe dele, que claro, também não queria casar cedo e agradeci por isso. Mas quando se tratava de meu emprego ele concordava que era desnecessário continuar, mesmo antes de casar. Eu odiava aquele preconceito que todos tinham com minha profissão e já tinha que aguentar aquilo à nove anos.
Depois do jantar, nós fomos para a casa de Josh, onde encontramos Vicente e acabei sobrando. Enquanto os dois iam conversar e beber na beira da piscina, optei por ficar na sala com Kathe que estava rodeada por revistas de decoração, em busca de uma idéia para a mudança que faria em seu quarto.
Passava-se das dez da noite e eu já estava prestes a chamar Josh para ir me deixar quando Amanda e Jason chegaram, rindo alto, ele com o braço ao redor dos ombros dela. Os dois pareciam ter ouvido a melhor das piadas, o cheiro de álcool tomou o ambiente e Kathe logo reclamou.
— Desculpa, mamãezinha linda. — Jason, aos tropeços, aproximou-se da mulher e segurando seu rosto beijou-lhe a bochecha.
— Oh, que nojo. — Ela empurrou o filho. — Saia daqui!
Amanda apenas observava a cena, assim como eu, e Josh, ao ouvir a barulheira entrou com Vicente. Aproveitei para pedir que fosse me deixar, mas ele pelo visto tinha bebido algumas garrafas a mais também e Kathe logo o proibiu de dirigir. Eu já estava prestes a chamar um Uber quando minha sogra sugeriu que Amanda me levasse e ela nem pensou duas vezes foi logo aceitando, antes que eu pudesse dizer se concordava. Josh jogou a chave para ela e antes de sair me deu um rápido beijo. Me despedi de Kathe e Vicente, notando que Jason já havia dormido no sofá ao lado da mãe.
Quando saimos da casa perguntei o motivo de Amanda não ter bebido, já que Jason quase não ficava de pé.
— Fiquei trabalhando durante toda a tarde, acabei não pensando em bebida, mas esse louco me ligou e decidi ir buscá-lo — explicou enquanto entravamos no carro. — Eu estava olhando suas fotos e acho que seria legal se você aceitasse juntar-se a mim naquele projeto.
— O quê? Eu? — Sorri negando. — Sem chance, fotografia não é para mim.
— Por que não? Você é linda. — Eu apenas encarei ela que mantinha os olhos na pista mordendo o lábio inferior, algo que me pareceu um pequeno vício. — Ao menos aceite vir comigo e verá que não existe motivo para temer. — Pensei um pouco, pois estava curiosa para saber como seria, mas estava um pouco sem jeito. — Vamos Lou, isso pode mudar sua vida. — Amanda abriu um largo sorriso e suspirei, vencida.
— Ok, aceito ver como é.
Dalí em diante dei as coordenadas até chegarmos em minha casa, que nem ficava muito longe, e quando ela estacionou pediu meu número para enviar o endereço do lugar, logo depois agradeci a carona e sai do carro.
Ao entrar em casa ouvi meus pais discutindo no escritório, com certeza minha mãe havia descoberto mais uma traição, não seria novidade. Segui para meu quarto onde me livrei das roupas e coloquei um pijama, logo depois fui tirar a maquiagem, antes de me enfiar embaixo do edredom. O sono não estava presente e acabei ficando ansiosa pensando em como seria no dia seguinte. Perdida em pensamentos ouvi o celular vibrar e ao pegá-lo vi que era Amanda, ela enviou o endereço, logo depois outra mensagem perguntando se eu estava dormindo e respondi que não.
Começamos a falar sobre o ensaio, ela contou que era algo que eu iria gostar por ter mulheres para todos os gostos, de todos os tipos e cores, não era algo voltado apenas à modelos de pele e corpo supostamente perfeitos. Confesso que fiquei cada vez mais curiosa e nossa conversa se prolongou até tomar outro rumo. Amanda me perguntou sobre o casamento e depois de contar um pouco sobre eu e Josh termos pensamentos um pouco parecidos, ela questionou meus sentimentos.
Me senti incomodada por sua insinuação de que eu poderia não amá-lo como homen e sim como amigo. Afinal quem era ela para dizer tal coisa?
Com quantos homens você já dormiu? 00:15
Apenas Josh, claro! 00:17
E quantas mulheres? 00:17
Arregalei os olhos encarando o telefone. Que pergunta mais absurda, pensei comigo mesma, não sabendo como responder. Quem ela pensa que eu sou? Por acaso tenho cara de quem transou com uma mulher? Meu Deus, eu sequer pensei beijar uma.
Claro que nenhuma! 00:22
Por que a demora em responder? 00:22
Porque sua pergunta foi sem noção. 00:23
Haha não vejo nada demais. 00:23
E você... Já...? 00:23
Te darei o benefício da dúvida. Estou indo dormir, beijos e bons sonhos. 00:24
Permaneci encarando o celular nada satisfeita com aquela resposta. Fiquei tão curiosa que passei mais uma hora rolando na cama até finalmente dormir.
Na manhã seguinte, eu quase não ouvi o despertador devido a falta de costume em dormir tão tarde. Passei bastante corretivo para esconder minhas olheiras e fui trabalhar ainda lembrando sobre o tal benefício da dúvida que fui agraciada por Amanda.
A manhã pareceu passar mais lenta que nunca e meus alunos estavam especialmente inquietos naquele dia. Por sorte eu não tinha aula na escola durante a tarde e fui direto para casa, onde almocei e comecei uma verdadeira briga com meu guarda-roupa, por não ter nada aparentemente bom para vestir.
Decidi não usar vestido, optei por jeans, camiseta e uma jaqueta, já que iria frequentar um ambiente mais a cara de Amanda, eu não queria ir muito antiquada com meus vestidos até os joelhos. Não que eu não gostasse e não tivesse roupas de todos os tipos e tamanhos, mas os locais que costumava frequentar fizeram com que eu me acostumasse a vestir aquele outro tipo de roupa.
Eram duas da tarde quando o Uber parou na frente do prédio de quatro andares. Verifiquei novamente o endereço e toquei o interfone, uma voz feminina atendeu e quando falei meu nome e sobre ter ido a convite de Amanda, logo fui autorizada a entrar e subir até o ultimo andar.
Já lá encima, assim que uma garota abriu a porta me deparei com várias garotas passando de um lado para o outro. Era um espécie de salão grande e espaçoso, as janelas enormes na parede oposta proporcionava uma boa iluminação e havia todo aquele material utilizado em ensaios, desde o painel branco, a outras coisas, mas o que me chamou atenção foram as garotas que estavam espalhadas pelo lugar, todas usavam apenas lingerie. E eram exatamente como Amanda disse anteriormente; baixas, altas, gordas, magras. Com peitos duros siliconados, outros naturais caídos. Com ou sem estrias, muitas ou nenhuma tatuagem. Ruivas, negras, loiras. Havia uma linda diversidade e pelo que vi, todas muito bem consigo mesmas.
Havia um único cara segurando uma câmera, conversando e mostrando algo para algumas delas e eu não via nem sinal de Amanda, até sentir uma mão em minha cintura, ao virar me deparei com ela e seu sorriso aberto. Automaticamente passei os olhos por seu corpo, vendo que usava um short jeans e uma blusa curta deixando a barriga a mostra. Eu não costumava reparar a roupa das pessoas, nem mesmo o corpo, mas simplesmente o fiz.
— Fico feliz que tenha vindo. Olha, vai começar daqui a pouco uma sessão com dez garotas, você pode sentar alí no sofá e assistir, daqui a pouco vou lá ficar contigo, ok? — Confirmei, então fui para o sofá que ela indicou.
Ouvi o fotógrafo chamando a meninas — na verdade já eram mulheres feitas — que correram para suas posições. No mesmo momento notei uma loira, de cabelos curtos e tatuada, entrando no lugar carregando algumas sacolas, ela fez sinal para Amanda que estava do outro lado da sala e depois seguiu para o mesmo sofá em que eu estava.
O fotógrafo começou e achei muito interessante a forma espontânea que as modelos eram fotografadas, todas sorrindo e brincando entre elas, sem nenhuma vergonha de si mesmas, o que eu acreditava não ser meu caso se viesse a tentar fazer aquilo.
Notei que a garota que estava ao meu lado levantou e foi até Amanda que conversava com uma outra mulher, observei a estranha colocando uma mexa do cabelo de Amanda atrás de sua orelha e ela afastou-se um pouco sem graça. As duas conversaram durante um tempo até a outra sair deixando as sacolas que pareciam serem lanches. Apenas quando Amanda me olhou e sorriu, percebi que havia ficado tempo demais observando, ela então aproximou-se e sentou ao meu lado.
— Está chato aqui? — perguntou e virei o rosto para encará-la. Ela parecia ainda menor sentada ao meu lado naquele sofá.
— Não, pelo contrário, estou gostando. É algo completamente novo para mim. — Voltei minha atenção para as garotas sendo fotografadas.
— Quer tentar? Podemos vir um dia desses sozinhas e eu te fotografo até que você ganhe segurança suficiente para posar assim, como elas. — Voltei a olhar em seus olhos, não sabendo o que responder. — Você acha que elas já nasceram seguras, posando apenas de lingerie, ou quase nada?
— Ok, eu aceito — falei, com confiança. Eu queria ser como aquelas mulheres, queria me sentir bem comigo mesma.
— Não vale desistir, hein? Amanhã não terá ninguém aqui e você será minha modelo. — Sorriu e senti um certo frio na barriga, não sei se devido a sua animação ou apenas por imaginar fazer aquilo.
Amanda estava me desafiando a fazer algo que nunca imaginei, mas estava ficando cada vez mais empolgada com aquilo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 38
Comments
Srta.Peônia 💗
É nessa que você vai se descobrir kkk
2024-11-16
0
Srta.Peônia 💗
Curiosa que só ela kkkk
2024-11-16
0
Srta.Peônia 💗
EU TE AMO AMANDAAAA
2024-11-16
0