Capítulo 12

...Raquel Silva...

– Ai Raquel, você viu como o cliente olha pra você? –Cintia minha colega de trabalho cochicha em meu ouvido. Disfarçadamente eu olho na direção em que ela olha.

O rapaz é bonito, moreno, estatura mediana, olhos puxados e castanhos, não deve ter mais que 25 anos. Ele me dá uma piscada e eu viro minha cabeça.

– Percebi. – Respondo não interessada e volto a fazer o meu trabalho, arrumar as araras de roupas por cores.

– E você não vai falar com ele? – Cintia era uma colega legal, mas fofoqueira e enxerida demais.

Apenas nego com a cabeça, querendo me concentrar em meu serviço.

Saio de perto dela indo até a outra arara de roupa.

– Com licença. – Me viro em direção a voz e vejo o mesmo homem que Cíntia me mostrou.

– Pois não, posso ajudá-lo? – Pergunto pondo um cabide em seu lugar.

– Na verdade sim, eu gostaria daquela camiseta vermelha em um tamanho maior, porém não estou achando. – Ele Aponta para outra arara.

– Qual a sua numeração? – Pergunto indo com ele até onde me mostrara.

– Visto G.

– Ok. – Começo a vasculhar a arara até achar a camiseta em sua numeração certa. – Precisa de mais alguma coisa senhor? – Entrego a camiseta em sua mão, que me agradece.

– Na verdade sim, o número do seu celular já me deixaria muito feliz. – O homem pede com um sorriso no rosto.

– Desculpa, mas não dou meu número pra desconhecidos. – Respondo torcendo para ele entender, e me deixar trabalhar.

Mas acho que não funcionou, pois ele alarga mais seu sorriso e estende sua mão em minha frente.

– Não seja por isso, me chamo Hugo. – Ele diz.

– Prazer Hugo. Porém eu preciso voltar ao trabalho. – Falo.

– Acho que estou em desvantagem aqui, você nem ao menos me disse seu nome, e eu me apresentei a você. – Ele diz com um sorrisinho de lado.

– Hugo, não perturbe minha funcionária. Raquel me desculpe por isso. – Dona Ivone minha patroa diz vindo me abraçar.

– Desculpa mãe, mas não resisti em saber o nome de uma bela mulher. – Hugo abraça sua mãe e deixa um beijo em seu rosto.

– Sem problemas Dona Ivone. Vou voltar ao trabalho. – Digo me virando.

– Prazer em te conhecer Raquel! – Hugo grita quando eu tomo uma certa distância, ainda ouço sua mãe lhe dando uma bronca.

Volto para o meu serviço e procuro não pensar no rapaz que ainda continua aqui.

.....

Olho em meu relógio falta cinco minutos para bater meu cartão e ir embora pra casa.

– Tchau Raquel. – Cíntia se despede de mim e eu pego minha bolsa no armário da loja.

Bato meu cartão, quando estou saindo da loja.

– Raquel! – Ouço me chamarem me viro.

– Oi Hugo. – Respondo e continuo andando.

– O que você acha de tomarmos alguma coisa,?

– Desculpa, mas preciso ir para casa. – Respondo.

– Espera aí. Que tal me dar seu número? – Pergunta segurando meu braço, sem colocar força.

– Hugo...– Falo olhando pra ele, enquanto eu não der meu número ele não irá sossegar. – Ok. – Falo já derrotada. Passo meu telefone pra ele.

– Obrigado linda. Você está de carro? – Ele pergunta e quase solto uma gargalhada, como se tivesse como eu tirar uma carteira de motorista, mas eu apenas nego com a cabeça. – Então deixa eu te dar uma carona.

– Não acho que isso seja uma boa ideia Hugo, você é filho da minha patroa. Não pegaria bem, você sair com a funcionária dela. – Respondo o óbvio, mas parece que ele não ligou.

– Nada disso Raquel. É apenas uma carona entre amigos, certo? – Pergunta analisando-me

– Claro, mas não verão assim.

– Olha Raquel, eu costumo não ligar para o que as pessoas falam. Então isso não é problema pra mim, é pra você? – Claro que era um problema para mim, não podia ser mandada embora.

– Eu só não quero problemas com sua mãe.

– Não se preocupa com isso, ok? – E agora, penso levanto meu pulso pra ver as horas e já são seis e meia, com certeza o Dr.William já está lá.

Involuntariamente dou um sorriso.

– Acho que isso é um sim.

– Sim, tudo bem. Aceito a carona, mas somente como amigos. – Reforço.

– Tudo bem, amigos. – Ele levanta as duas mãos para o alto em sinal de rendição.

Ele me guia até o estacionamento e vejo uma moto super alta, não entendo de motos mas tenho certeza que nunca vi algo parecido.

– Caramba!

– Gostou? É uma Ducati multistrada 950s. Não que isso faça sentido pra você.– Ele diz provavelmente por olhar em meu rosto e ver a confusão.

– Ela é bonita. – Falo.

– Vamos. – Ele me entrega um capacete preto e pega outro também. Ele monta na moto com facilidade e eu fico sem saber como subir nesse troço.

– Pisa aqui – Ele aponta para um troço de metal. – E de impulso com o seu corpo. –Ele fala levantando o visor do capacete. Faço como ele me instruiu e consigo subir na moto, ou eu sou muito baixinha ou a moto é muito alta.

– Se segure Raquel. – Fala e abaixa o visor, sem que eu esteja preparada ele arranca com a moto.

A qual faz um barulho muito alto, por consequência eu seguro em sua cintura com medo de cair, Hugo ele voa na moto e em menos de dez minutos estamos chegando em minha casa.

Vejo parado em frente a minha casa, um carro muito estiloso, meu conhecimento de carro é igual ou pior a moto, ou seja zero.

Mas a logo é uma BMW, é um carro preto. Quando paramos com a moto vejo que de dentro do carro sai ele, Dr.William.

– Senhorita Raquel, espero que não esteja atrapalhando nada com o seu namorado.– Dr. William diz olhando para mim, enquanto eu tiro o capacete da minha cabeça.

– Não! – Praticamente grito com medo dele achar que estou comprometida, só não entendo o porque. – Quer dizer, Hugo não é o meu namorado. Hugo é apenas um amigo, que me deu uma carona. – Explico, William da uma encarada no Hugo então volta seus olhos para mim.

– Senhorita Raquel, não querendo ser ignorante, mas poderemos entrar, tenho plantão daqui a pouco. – William fala com frieza, e isso por algum motivo me entristece.

– Claro Doutor William.– Falo friamente também, e me viro para o Hugo. – Hugo, obrigada pela carona.

– Sem problemas, te ligo mais tarde linda. – Hugo da uma piscada e sobe em sua moto saindo logo após.

– Por favor, entre. – Abro o portão, e dou espaço pra ele entrar.

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