Capítulo 6

Duas semanas depois...

...Raquel Silva

...

Hoje eu tenho consulta na parte da manhã, então tenho que ir rápido, deixar minha irmã na escola e voltar correndo para o posto.

Acordo minha irmã e faço ela tomar banho, enquanto passo um café, hoje tem leite. Então será café com leite e bolacha de maisena. É o que tem.

Verifico a mochila pra ver se não está esquecendo de nada, lavei as roupas ontem, como não temos máquina de lavar, eu lavo na mão e algumas peças demoram mais para secar, mas pelo menos o uniforme está seco.

– Celina, vamos meu amor! – Chamo minha irmã da porta do banheiro.

Toda manhã é essa correria, mas consigo estar com tudo pronto as 6:50. Depois de tomarmos café, Celina escova os dentes enquanto eu pego sua mochila, e saímos de casa, o percurso de casa até a escola é feito em 15 minutos a pé.

Deixo minha irmã na porta da escola e espero ela entrar. Volto pra casa pego meus documentos, e vou até o posto de saúde.

Confirmo minha presença no balcão de atendimento, depois sou chamada na triagem, me peso, meço minha pressão.

Depois de responder um questionário sobre minha saúde, eu aguardo ser atendida pelo médico.

Espero meia hora e o médico me chama.

– Seria o destino senhorita Raquel?– O médico brinca, só bastou meia dúzia de palavras para o meu rosto esquentar.

Ele é todo sério, quase não ri.

Ele caminha pelo corredor branco, passa duas portas e entra no consultório.

– Bom dia! Vejo que aceitou o meu conselho e resolveu procurar um posto de saúde, como você está? – O médico pergunta enquanto senta na cadeira, ele olha para uns papéis em cima da mesa, então ele olha pra frente, estou parada em pé na porta.

– Senhorita Raquel, pode se sentar! – Ele aponta para a cadeira na frente da sua mesa. Difícil foi minhas pernas obedecerem. Mas por fim eu me sento na cadeira colocando minha bolsa em cima das minhas coxas.

– Basicamente, vou fazer umas perguntas. E você vai responder. Então irei te examinar tudo bem? – Ele fala, e eu apenas balanço a cabeça.

Ele me enche de perguntas, sobre tudo, até sobre a minha menstruação ele quer saber, o que achei desnecessário, não é meu ginecologista pô.

– Senhorita Raquel sua pressão está alta novamente. Então quero que monitore ela todos os dias durante um mês, aqui no posto mesmo você consegue fazer isso. Também vou pedir esses exames pra você. Em um mês acho que você consegue fazer todos eles e pegar os resultados. Em um mês eu quero ver você novamente. – Nossa que médico mandão, só sabe mandar, nem pergunta se eu vou poder. Só fala, acabo revirando meus olhos e ele percebe, e eleva uma de suas sobrancelhas perfeitamente desenhadas.

– Posso fazer uma pergunta? – Não sei onde tiro coragem pra falar diretamente com ele.

– Claro!

– O senhor não era desse posto né? Eu lembraria do senhor. – Não esqueceria essa beleza nunca.

– Bem observado senhorita! Na verdade eu estava na Itália cheguei a poucos dias. – Responde se recostando na cadeira, me observando.

Percebi que ele é o tipo de homem que observa muito.

“Raquel para de reparar tanto no homem!”– Penso comigo.

– Entendi, obrigada por responder. Mês que vem sem falta eu retorno.

– Estarei aguardando. Fique de olho no sal, senhorita Raquel – Dou um sorriso e saio da sala.

....

Pego minha irmã na escola com uma certa felicidade, consegui uma entrevista de emprego pra amanhã

Eu preciso conseguir esse emprego, falta pouco mais de uma semana para o aluguel vencer e preciso pagar no dia certo.

Entramos em nossa humilde casa, ela é bem pequena com apenas um quarto, cozinha e sala ao mesmo tempo, sendo separado por uma mesa de cozinha, e o banheiro.

Fizemos todas nossas obrigações e depois sentamos em frente a TV para assistir a novela que está passando, assistimos apenas filmes que passão no tela quente.

Não temos muito dinheiro para ir ao cinema ou assinar algum streaming de filmes e séries.

Mas a gente se vira como pode e estamos bem assim.

Me aconchego com minha irmã e prestamos atenção na nossa televisão de tubo.

Acordo desnorteada e vejo que acabamos adormecendo no sofá com a televisão ligada. Acordo minha irmã pra irmos para a cama e desligo a TV.

Porém sinto uma forte dor no peito, é uma sensação horrível e desconhecida.

– O que foi Raquel? – Minha irmã pergunta preocupada e completamente desperta.

– Não sei, meu Deus que dor horrível. – Choro, minha irmã sem saber o que fazer. Corre pra rua e volta em segundos com a nossa vizinha Jaqueline.

– Que foi menina? – Dona Jaqueline pergunta já ligando pra emergência. Não consigo falar, começa a me dar falta de ar.

Dona Jaqueline me abana com o meu travesseiro enquanto eu tento em vão respirar. Olho pra minha irmã e vejo ela chorando.

– Celina...se...eu... – Começo a falar mas não consigo continuar. – Se...Eu...Morrer.....

– Cala A Boca Raquel!! – Minha irmã grita chorando – Você não vai morrer que saco! – Ela fala dessa vez sussurrando.

Ouvimos o som da sirene e minha irmã sai em disparada pra rua, e minutos depois estou sendo transferida para o hospital com uma máscara de oxigênio e um sensor no dedo que me liga a um aparelho que mede os batimentos cardíacos.

Quando chegamos no hospital um médico vem correndo em minha direção, seu rosto não é desconhecido, é o mesmo médico, se é azar ou sorte eu não sei, mas tá se tornando cada vez mais frequente nossos encontros.

– Senhorita Raquel, se lembra de mim? – Ele pergunta muito mais sério do que de costume. Eu balanço minha cabeça concordando.

– Muito bom, fica comigo. O que está sentindo? – Pergunta novamente, eu ponho a mão entre meus seios. Ele olha para onde minha mão está.

– Doutor, uma mulher nos disse que ela estava sentindo uma forte dor no peito. – Um dos paramédicos fala e paramos em frente a uma porta branca já aberta e sou transferida para a cama.

O paramédico começa a contar para o médico o que ele fez e deu pra mim no meio do caminho. O paramédico que me trouxe vai embora, e o médico começa a dar ordens para a enfermeira, que faz rapidamente tudo que ele pede.

Sou praticamente virada do avesso, fiz exames de sangue, ultrassom, exames de urina, eletrocardiograma, e mais alguns exames que eu desconheço.

Fecho meus olhos e adormeço, mas acordo pois eu sinto alguém comigo mas quando abro os olhos não vejo a ninguém então volto a fechar meus olhos.

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