Tentar não custa

Ivan queria dizer para ela esperar enquanto a via se afastando, queria poder sentir aqueles lábios vermelhos naturais sobre o seu, num beijo rompante, lábios atrativos que pareciam sedosos e gostosos de beijar, imaginou a sua língua rolando com a dela, num beijo apaixonado, percebeu ser loucura esses pensamentos e por isso a deixou ir, seria menos doloroso. " Doloroso? Que isso Ivan, se controle!"

Porém depois de caminhar rumo para sua oficina sem olhar para o ônibus que fazia barulho, teve uma ideia, ele poderia parar mais cedo hoje e ir até onde as meninas dormiam, pois ele sabia onde era. Já foram chamado muitas vezes para acompanha-las, fazia muito tempo que não ia para lá, porque deixou bem claro a Natália que não iria mais dormir com ela. Não pretendia levar Adriana para cama, mas sim ficar com ela e conversar, ter sua atenção e sua companhia. Sim agora ele já sabia seu nome, ainda queria a deixar ir sem se despedir, e se rolasse alguma coisa, quem sabe ele descobrisse onde ela morava, o que ela fazia, já que Henrique disse que ela era diferente das outras.

Ele viu uma oportunidade de namoro quem sabe até de um futuro… coisa que ele nunca pensou a não ser uma única vez aos dezoito anos e aliás que não deu muito certo. Mas ela, por que ela? Não sabia, mas seu coração implorava, sua mente estava perdida em seu olhar e em sua boca que parecia chamá-lo, e ele tinha noção que se provasse uma vez, não a deixaria em paz, porque foi a única que lhe tocou o coração.

Adriana não contará ao Ivan que era casada e que tinha duas filhas, pensava que nunca mais o veria, mesmo que diferença isso fosse, suspirava ela triste.

- Posso me sentar aí? - Patrícia perguntou a ela e a mesma permitiu.

-Eu vi você com Ivan e vocês formam um casal lindinho- Adriana queria sorrir, mas a lembrança do seu marido não permitiu.

- Não tem a mínima chance de acontecer, sou casada!- Adriana contou que ficou com Mateus um dia porque não aguentava mais a sentimento de vazio, ela achou que sentir-se amada por ele, acabaria, mas se enganou ela ficou grávida.

Depois de muito tempo juntos Mateus a pediu em casamento e ela aceitou pelo bebê que antes não sabia que era uma filha. Patrícia a abraçou e a perguntou por que não deixou que ele criasse sem casar. Não precisava se casar nos tempos de hoje muitos casais que convivem sem casamento.

- Eu sei. - suspirava Adriana. - , mas é que eu tenho duas primas que foram criadas com mãe solteiras, eu sei como elas sofreram e minhas tias também, então como foi eu que aceitei ficar com ele sabendo das consequências é um erro a pagar. Não, erro não. porque minha filha não foi um erro, mas eu aprendi com meu pai depois que temos filhos temos que priorizar eles, que eu era responsável por ela, era o melhor do que se fazer na época eu não amava ninguém mesmo - depois dessa resposta Patrícia não soube porquê , mas deu um beijo na testa de Adriana depois de abraça-la para confortar, afinal elas não se conheciam, contudo era como se ela precisasse.

Adriana sentiu uma tola se abrir assim para uma pessoa que mal conhecia,uma desconhecida, mas precisava botar para fora, e foi bom desabafar para variar seus sentimentos.

Patrícia se levantou e o telefone de Adriana tocou e era seu marido, e ela atendeu pensando que estava passando a hora dele dar notícias.

-Oi Mateus! Como estão as coisas por aí? As meninas estão bem? Demorou dar notícias. Quero saber delas.

--Oi querida! Estão bem!- depois de conversarem, ele disse que não respondeu mais cedo porque estava dormindo já que trabalhava no turno da noite este mês.

Contou sobre as meninas que estavam atarefadas com tanto dever. Suas filhas sempre responsáveis e estudiosas.

Adriana não resistiu e contou que havia pegado um ônibus de turismo deixando Mateus bravo do outro lado da linha, dizendo a ela como teve coragem de entrar num ônibus de turismo nem sabendo o certo que tipo de ônibus era. Ela o acalmou e desligou omitindo só a parte do Ivan.

****

Ivan avisou Juliano que iria mais cedo pra casa.

-Já acabei de consertar o carro do Fernando, caso apareça hoje diz a ele que foi a boia do tanque que quebrou e já troquei- Juliano desconfiou no comportamento do amigo.

Querendo perguntar se ele iria a São Paulo atrás da mulher, mas o bom humor de Ivan foi tão bom que ele deixou para outro dia tirar onda com a cara dele.

Ele também estava querendo ir, mas Cátia já havia cortado seu barato, dizendo que estava namorando. Ele iria ficar por ali mesmo.

Em casa, Ivan liga para seu irmão que não iria jantar na casa dos pais que o irmão marcou para lhes contar uma novidade.

--Mas Ivan e importante eu queria contar a novidade para todos juntos!

--Que novidade Cezar? Que Scheila te abandonou!- o irmão fingiu rir do outro lado da linha não achando a melhor graça. Falando um haha forçado.

--Até Suzana nossa irmã vai e você não, posso saber o que tem de mais importante na sua agenda, que seu irmão camarada?- Ivan riu

--Bem irmão acho que fui fisgado. Como você me disse mesmo que sentiu quando conheceu Scheila?

– Ivan Montenegro finalmente nos seus trinta anos foi fisgado!- e agora Cezar ria como se estivesse escutado a melhor piada do ano.

Depois que Ivan havia contado como a conheceu e o que sentiu seu irmão o aconselhou seguir seu coração porque esse sentimento poderia surgir só uma única vez e ele realmente não deveria deixar escapar. Criados por pais muitos românticos, Cézar se tornou um.

Agradecendo os céus por seu irmão até que fim se interessar em alguém que pudesse lhe tirar na tristeza da solidão, lhe contou a novidade em primeira mão que iria ser papai e desligou, quando Ivan deu os parabéns.

Agora já em seu carro ele dirigia com uma velocidade extravagante na estrada ele reconheceu o ônibus e acelerou mais um pouco e o alcançou.

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