Não Pode Ser

Hora do almoço, Ivan não quis ir almoçar, enquanto verificava o carro do Fernando, Juliano voltou e lhe recordar que hoje era dia do ônibus de turismo da madame Esteyse passar e decidiu também adiar o horário de almoço, já que gostaria de ver se a Cátia estava. Não eram sempre as mesmas meninas, mas Cátia lhe chamou a atenção e ele torcia para que essa semana ela estivesse.

-  Ivan hoje é o dia do ônibus das meninas da madame passar, quem sabe você não se anima? - Ivan havia esquecido.

  Juliano teve razão, ele poderia se divertir com as garotas no horário de almoço e quem sabe ele conheceria uma mulher que poderia fazer esquecer seus pesadelos assim ele pensou.

  -Você tem razão Juliano!- e assim ele sorriu fazendo sua covinha esquerda aparecer entre os pelos na cara da barba por fazer.

***"

O ônibus deu partida e Adriana depois de conversar com as duas garotas por bastante tempo resolveu dormir um pouquinho. Ela tinha medo de dormir no ônibus e de alguém mexer com ela ou em seus pertences ou mesmo de perder onde tinha que descer, mas ali se sentiu tão familiarizada com as duas como se já haviam as conhecido à época. E essa familiaridade era maior que com sua própria família então não temia dormir. 

" A moça com a roupa dos anos sessenta, passava pelos campos, em meio algum lugar, a grama estava alta, mas não escondia as flores silvestres que nasciam alí.

Ela olhou para trás e o viu persegui-la, então ela correu, porém não conseguiu fugir dele e ele a pegou. Contudo a moça não sentia medo, e até ria com as cócegas que o moço a fazia. Ela se jogou no chão, e ele caiu sobre ela. Seus olhares se trocaram , e as risadas de ambos foram  substituídas por outras feições. 

O desejo era evidente, o amor ali era transmitido somente por aquele olhar."

   Adriana despertou quando sentiu que o ônibus estava parando, ela abriu os olhos, lentamente, buscando descobrir onde estava, e se espreguiçou, levantou os braços  acima da cabeça, sorrindo com as lembranças do sonho de agora.

-  Meninas pausa para o almoço, temos uma hora depois só em São Paulo. - disse madame Esteyse.

 Adriana pegou seu celular, e olhou pela pequena tela que na verdade não transmitia nada, o ligou, viu as horas e notou que não tinha nem chamada e nem mensagens para ela.

Tentou ligar para Mateus, seu esposo, mas não atendeu, ligou para as filhas e elas também não atenderam, resolvendo então mandar mensagens dizendo que já estava em Santo Antônio do Amparo. Ela pensou em lhes dizer que não estava indo de ônibus convencional, mas sim de turismo, porém haveria muita especulação, então resolveu deixar de comentar.

Esperando todas descerem, para depois ela poder descer, ficou lembrando do sonho, um sonho de época. Uns Cinquenta e três anos atrás, mais ou menos . Se ela estava no ano 2002, e se o sonho fosse de 1960.  Mas por quê? Pensou 

 Afastou o sonho que a poderia desejar o que não tinha, e tentou vislumbrar a vantagem de viajar como estava viajando, economizou na passagem e agora até poderia almoçar. Tendo um cartão com ela também, mas nele ela não mexeria era a poupança para as filhas, para o futuro delas, trouxera contigo para que o esposo não mexesse, ela bem conhecia ele e as filhas, que  iriam gastar num piscar de olhos.

***

  No lado de fora do ônibus Ivan e Juliano pararam para cumprimentar as moças. Os dois que sempre as recebiam acabaram que tiveram uma amizade e até uns amassos com uma das meninas,  Juliano pela Cátia e Ivan por algumas, e ele ao olhar para janela no ônibus para ver quem poderia encontrar hoje, Jaz  que seu olhar e capturado por um par de olhos de cor de mel com tons mais claros que o seu, que não conseguia desviar, um lampejo instantâneo, com a sensação de frio da barriga o atinge, e como se estivesse sido enfeitiçado, ele não desvia o olhar.  Reconheceu de imediato, mas jogou esse pensamento lá bem para o fundo da sua mente, não queria que ela fosse a moça do pesadelo, mesmo que a característica da mulher da janela não fosse da mesma, os olhos o olhar parecia ser. Um calor gostoso percorreu pelo seu corpo e depois um lampejo de arrepio pela espinha.

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