Recordações

Ao entrar ao quarto Adriana reparou as paredes que eram decoradas com papéis de parede com imagens de foto de Portugal, principalmente de Lisboa, os pontos turísticos, Torre de Belém, o Castelo de São Jorge, o Mosteiro dos Jerónimo, a Praça do Comércio, o arenaro de Lisboa, a baixa de Lisboa, Bairro Alto, o elevador de Santo Justo, Arco da Rua, o parque florestal, Monsanto e etc.

 Haviam três quadros emoldurados de pinturas. Uma cama de casal grande, sobre ela uma colcha de renda branca, com detalhes de vermelho,  quatro travesseiros  com capa branca com bordas também com rendas vermelhas e uma almofada posta no meio todo no vermelho e um edredom dobrado na cor creme . Uma janela enorme de madeira dobradiça em duas partes fechada na cor azul  .

   Ali com certeza tinha muita história e se as fotografias pudessem criar vidas o que elas diriam? Quantas pessoas haviam ali, passaram por ali, quantas histórias românticas e dramáticas , quantas crianças correram ? Esses pensamentos faziam presença na cabeça de Adriana que se emocionou principalmente quando se aproximou de um cômodo que tinha uma cômoda, parecia que tinha uma coisa familiar e ela tentou arrastar a cômoda.

  - O que você está fazendo?

   -Me ajuda arrastar! - assim ele a ajuda revelando a foto de um circo enorme e Adriana sentiu uma pontada em sua cabeça quando as lembranças voltaram com tudo. Como vultos diante de seus olhos, era o circo e sua vida passada.

   Ivan ficou preocupado e a acudiu a levando até a cama e sentando.

  - Adriana se sente bem? Quer que busque água? Precisa de algo? -  uma agonia no peito dele se agitou.

   - Não! - ela o puxou segurando o na mão fazendo o voltar, ele se sentou perto dela.

  - O que foi? - ele deu um beijo em sua têmpora, ficando perto dela, a abraçando. 

   Ela olhou a parede o fazendo olhar para a parede onde ela olhava. "O que havia atrás da cômoda?" Ele reparou na imagem " E o que eu sonhava! Eu acho, apesar de que a parte do sonho eu sempre estou dentro do circo acima de um trapézio."

  - Por que você ficou assim por conta daquela imagem ? - ela se afastou um pouco do seu abraço e virou o corpo para o lado e olhou em seus olhos.

   - Lembra do motivo que eu vim para cá?! Eu vim aqui, por conta deste circo. Procurar o homem que trabalhou, nele.

***

 Então Adriana contou tudo que aconteceu durante esses dois anos, sua experiência e quando esteve em coma. O que descobriu.

Ivan se mantia calado sem expressão, afinal o que ela contava era o que ele temia, Adriana era realmente a mulher que morria e ele não conseguia salvar, seu peito doeu com a confirmação.

- Não precisa acreditar, mas acho que eu precisava passar pelo que passei para… - ela se calou ao observar Ivan que a olhava com ternura. Ela não conseguiu segurar as lágrimas. O coração pulava em seu peito rapidamente. Como queria poder beijá-lo.

Ivan queria chorar, estava muito emocionado, enquanto Adriana chorava, mas ele se conteve.

A mulher que lutava para alcançá-la e salva-la, estava diante de si.

 Ela o abraçava e sua cabeça estava apoiada em seu peito agora,  Ivan naquele momento tomou uma decisão, muito importante, quando ele voltasse para o Brasil ele iria permanecer na vida de Adriana, mesmo que fosse só como amigo, mas não a deixaria ir embora, sempre a manteria em suas vistas, estaria presente na sua vida, mesmo que não fizesse parte. " O poder do amor" como a mãe dele diria, ele iria guardar essas palavras, aquelas palavras tinham o ensinado. Agora como nunca. Amor é proteção.

***

   Logo depois do desabafo com Ivan, Adriana tinha tomado um banho, ao sair do elevador escuro, ela emergia na claridade brilhante da manhã, embora o céu estivesse moderadamente cinza por conta do frio, Adriana semicerrou os olhos, com brilho ofuscante.

  Entrando no salão do restaurante, enquanto Ivan a esperava lá embaixo, assim que a viu sair do elevador levantou da poltrona sorriu a ela e agora ele foi tomar um banho.

Ela se sentiu culpada por estar o envolvendo nessa jornada , mas ela se lembrou das palavras da cigana que ela ia precisar enfrentar isso com ele, e agora ela sabia que Jonathan era Ivan, não conseguiria mais deixá-lo ir.

   Eles se sentiam cansados, mas não puderam dormir estavam ansiosos para ir em busca de respostas do paradeiro do  homem que havia trabalhado no circo na década de 60 de acordo com Adriana na época que eles morreram.  Era estranho pensar assim que eles já haviam morrido e o pior ter vivido uma história linda de amor e não se recordar, a não ser somente na hora que Giovanna solta do trapézio antes da hora. Agora entendia porque aflição e angústia com a tristeza e o desespero em tentar salvá-la. O amor de sua vida e com seu filho junto. 

  Ela pediu um chá de camomila e umas torradas . No centro da mesa havia um vasinho redondo verde com flores silvestres, no arranjo esponjado mais lindo.

   - Bom dia! - o senhor que aparentava meia-idade com cabelos brancos e meio calvo com barba comprida.

  - Bom dia! - ela respondeu 

  - Lindo dia né! - ele piscou para ela – Posso me sentar aqui? - ela acenou com a cabeça – A melhor forma de começar um dia é caminhar ainda mais para conhecer a cidade. - Adriana o olhou com interesse.

 - Você deveria experimentar o queijo serra da estrela, com as torradas - assim ele pediu ao garçom. – Você está aqui, para conhecer a verdadeira Portugal. Viva como um local! - e Adriana sorriu .

   Ivan chegou no momento e observou como Adriana sorria com um sorriso que acendeu uma alegria em seu ser. O senhor viu Ivan se aproximando, que  levantou e o puxou pelo braço alegremente e com coragem, mandando a se sentar junto com eles seu entusiasmo os cativou .

   Enquanto Ivan acabou o café, foi esperar Adriana no estacionamento. Despediram do senhor. Adriana subiu para colocar um suéter e um casaco porque estava muito frio e pegou um para Ivan.

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