Capítulo 15

A música termina e eles continuam se beijando, o momento é interrompido com o barulho de palmas e gritos de aprovação, os dois então notam que todos haviam feito uma roda em torno deles e estavam os observando dançarem e depois se beijarem, Rebeca se sentia muito envergonhada de ter tido seu primeiro beijo com plateia.

Gustavo ainda a olhava com um semblante indecifrável, como se ele próprio quisesse entender o que acabara de acontecer pois aquele deveria ser somente mais um beijo comum, mas alguma coisa dentro dele dizia que aquele momento seria o começo de sua perdição.

Leonor e Santiago vão de encontro aos dois e Leonor abraça Rebeca com muito carinho.

Leonor: Ah minha filha você está tão linda, e vocês dois juntos são tão perfeitos.

Santiago: Gustavo meu filho, depois do que acabei de presenciar, eu devo desculpas a vocês dois, pois é nítido que se amam só pela forma de se olharem, me desculpem pela desconfiança, mas você meu filho tem o mesmo olhar para Rebeca de quando eu conheci sua mãe. Espero que sejam muito felizes juntos.

Gustavo: E-eu........ obrigado pai.

Rebeca não conseguia pronunciar uma única palavra, pois a frase de Santiago ainda ecoava em sua cabeça, como assim o olhar de Gustavo para ela era de amor? Gustavo era tão bom ator assim que conseguira enganar seus pais? Será que ela própria conseguira enganá-los também?

O resto da noite Gustavo e Rebeca ficam em silêncio apenas tentando lidar com seus próprios sentimentos.

Já era de madrugada quando a festa terminara, os convidados já tinham quase todos ido embora, Gustavo e Rebeca decidem se retirar e irem para o quarto, cada um entra em um banheiro e tomam banho demorados, os dois ainda não sabiam como tocarem no assunto.

Rebeca sai do banheiro primeiro e se deita debaixo de uma grossa camada de edredom, olhava fixamente para o teto completamente distraída, nem percebe Gustavo deitado ao seu lado.

Gustavo: Acho.........acho que conseguimos convencer todo mundo.

Rebeca: Sim, eu estava com tanto medo de que fosse dar alguma coisa errada, mas acho que me saí muito bem.

Gustavo: Você foi impecável, aliás, sobre o.......nosso......beijo......eu sei que foi o seu primeiro, queria saber como está se sentindo.

Rebeca: Ah.........eu........estou normal, eu nunca havia beijado ninguém, então não sei se fiz certo, acho que foi o seu pior beijo não foi?

Gustavo: Nunca! Eu diria que............esquece, é melhor dormirmos, meus pais já irão embora e eu quero aproveitar e me inteirar mais sobre os negócios, pois passei dois meses longe e tenho que estar a par de tudo, eu passarei o dia todo no escritório, você terá que passar o domingo sozinha.

Rebeca: Não tem problema, acho que daqui por diante passarei a maior parte do tempo sozinha mesmo, não é? Afinal seus pais irão embora e você ficará cuidando dos negócios, sem contar que agora que não estará sob os olhos vigilantes do seu pai, poderá voltar a se relacionar com as mulheres como gosta, estou certa? A partir de agora farei somente figuração aqui nessa casa.

Gustavo: Rebeca não fale assim, você pode fazer o que quiser nessa casa, pode usufruir de tudo, e mesmo eu passando a maior parte do meu tempo no trabalho, virei almoçar e jantar com você, não será sempre possível, mas me esforçarei, e sobre as mulheres..........eu.........acho melhor deixar essa conversa para outro dia. Boa noite e durma bem, e mais uma vez, você esteve maravilhosa essa noite na festa, não vou me esquecer desse dia nunca. Obrigado Rebeca, obrigado por coisas que você nem imagina!

Rebeca não respondera nada, até porque uma onda de tristeza a invadia, não tinha ideia de como seria sua rotina sem Gustavo por perto, apesar de saber que o acordo era esse, já havia se acostumado com sua presença.

Na manhã seguinte ela levanta muito cedo se arruma e desce para tomar café da manhã, pois logo após o café os pais de Gustavo partiriam.

Estavam todos muito calados a mesa, cada um pelos seus motivos, os pais de Gustavo se despedem deles e partem, Gustavo se tranca no escritório e Rebeca vai para o jardim.

O dia estava de sol, parecia um convite para entrar na piscina, nos dois meses que Gustavo passara ao seu lado, havia a ensinado a nadar muito bem, Rebeca sobe para o quarto e decide colocar um biquini, já que a partir daquele momento começaria a ficar sozinha, iria aproveitar ao máximo todas as oportunidades que tinha.

Rebeca escolhera um lindo biquini rosa choque, ela se veste e desce para a piscina.

Ela entra e fica um longo tempo nadando, parecia que tinha nascido dentro d’água. Sua alegria é interrompida quando sente uma forte cãibra na panturrilha, no mesmo instante ela começa a se contrair de dor, não conseguia se equilibrar, com isso ela começa a sentir a água invadindo seus pulmões, levantava os braços pedindo ajuda, mas era impossível alguém ouvir pois os empregados estavam todos ocupados e a casa era imensa, e Gustavo estava no segundo andar trancado no escritório.

Rebeca sentia que estava perdendo a batalha, a cãibra ficava mais forte e ela ia cada vez mais para baixo d’água, a cada tentativa de gritar a água entrava mais em sua boca, a essa altura ela já estava desesperada.

Antes de perder a consciência ela vê o vulto de alguém pulando na piscina e a tirando de lá. Depois disso não sente mais nada.

Momentos antes de pular na piscina, Gustavo estava em seu escritório analisando contratos e documentos, o imenso escritório em sua casa ficava no segundo andar e dele tinha uma visão panorâmica da casa pois suas paredes eram de vidro.

Gustavo havia visto quando Rebeca surgira na beirada da piscina com um minúsculo biquini rosa choque, ele que já não estava conseguindo se concentrar no trabalho, pois só pensava no beijo dos dois, depois de vê-la naquele traje, piorara, ele largou os papéis

em cima da mesa e passou a observa-la, Rebeca nadava lindamente, seu corpo dançava dentro d’água com muita sensualidade, ela certamente nem tinha essa noção. Ele passara um longo tempo apenas a olhando, e estranhamente a observar lhe trazia paz, ele é tirado dessa paz somente quando nota Rebeca levantando os braços como quem pedisse ajuda, ele então corre desesperadamente até a piscina, e se joga torcendo para que conseguisse chegar a tempo de salvá-la.

Agora ali vendo o corpo de Rebeca tão frágil esticado ao lado da piscina, ele implorava aos céus para que ela ficasse bem, seu coração estava acelerado só em pensar que ela pudesse se machucar seriamente e até morrer.

Gustavo fazia compressões torácicas em Rebeca, a cada segundo que passava e ela não cuspia a água e que ela não abria os olhos, ele ficava mais desesperado, ele não podia sair dali e deixa-la sozinha e ao mesmo tempo os empregados estavam todos muito longe da área da piscina.

Gustavo não sabia quanto tempo havia se passado, só sabia que seu próprio coração havia voltado a bater no momento em que Rebeca começara a tossir e expelir toda a água de dentro dos pulmões.

Ele a ajudara a se sentar, o coração de Gustavo saía pela boca, ele só não entendia porque se sentia assim, tudo bem que qualquer pessoa no lugar dele ficaria desesperado, porém ele sentira algo diferente, como se sua própria vida dependesse da existência de Rebeca.

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