Capítulo 9

Rebeca não queria sair daquele banho nunca mais, o chuveiro era gigante, tinha luzes coloridas e ainda tocava música. Ela não podia deixar de comparar com o seu, que vivia queimando fazendo com que tomasse sempre banhos gelados.

Relutantemente ela sai do banho, coloca um roupão e vai em direção ao closet, certamente já haviam deixado as malas lá, assim que ela começa a abrir as malas, ela fica maravilhada com as roupas novas que ganhara de Gustavo, ele tinha muito bom gosto e aparentemente acertara em cheio seu tamanho.

Para o café da manhã escolhera um vestidinho curto verde água, o tecido era leve, quase transparente, ela se olha no espelho e não acredita no que vê, parecia outra pessoa somente com uma peça de roupa nova, ela ali se admirando no espelho sorria naturalmente, se sentia pela primeira vez na vida, bonita.

Rebeca escolhe descer de escada para poder ir conhecendo melhor os ambientes da casa, pois facilmente se perderia naquele imenso lugar.

Gustavo: Aí está você, ia subir para te buscar agora mesmo, vejo que o vestido que comprei coube em você certinho, aliás, ficou linda meu bem!

Rebeca: Não tem ninguém por perto, não precisa me chamar assim! – falava cochichando para ele.

Gustavo: Melhor não abusar, as paredes tem ouvidos, mas de qualquer forma ficou mesmo muito bem em você, está mesmo linda.

Rebeca: Obrigada.

Gustavo: Você irá conhecer meu pai, ele.........é....... um pouco........como posso dizer?..........Ele irá te interrogar, ele é controlador, mas não se preocupe porque estarei com você.

Assim que chegam à mesa do café da manhã, Rebeca sente água na boca, ela estava magra demais não por seu metabolismo ser

acelerado, mas sim por ter que se privar de comida para poder economizar e mandar dinheiro para sua avó. Parecia mesa de hotel, uma variedade de comida enorme, pães, bolos, iogurtes, frutas, frios, e claro uma bandeja enorme com muitos pastéis de nata.

Leonor: Sente-se minha norinha linda, e se sirva à vontade, sinta-se em sua casa.

Rebeca: Obrigada dona Leonor.

O pai de Gustavo a encarava sem parar como se quisesse entrar até em seus pensamentos, ela desviava o olhar todas as vezes que percebia a olhando, não estava nada confortável com ele sentado à mesa, agora entendia porque Gustavo queria ter sossego e fazer com que seu pai largasse do seu pé, o velho era tinhoso.

Santiago: Sua mãe me disse que está noivo Gustavo, desde quando isso? Até onde eu saiba você é um mulherengo que nunca quis saber de compromissos.

Gustavo: As coisas mudam meu pai, quando eu conheci Rebeca eu me apaixonei no mesmo momento, soube que é com ela que quero passar o resto dos meus dias.

Leonor: Que lindo meu filho, me deixa tão emocionada ao dizer isso!

Santiago: Essa história está muito mal contada isso sim, está me cheirando a armação, você fica fora por meses e quando volta, está noivo? Não caí nesse papo não.

Leonor: Ah meu querido, o que é isso? Não era o que queríamos? Que ele se acertasse? Olhe bem para Rebeca, ela é tão linda e parece tão inocente e encantadora, certamente foi isso que conquistou nosso filho, pela sua delicadeza.

Rebeca: Obrigada pelos elogios senhora Leonor, na verdade nos conhecemos por acaso mesmo, eu era camareira de um dos hotéis dele, nem sabia que ele era o dono, achei que ele fosse um hóspede comum, e ele foi tão gentil comigo, acho que nos encantamos um com o outro de primeira.

Gustavo: Foi isso mesmo, vi Rebeca e na mesma hora me encantei pelo seu lindo sorriso, pelo seu jeito delicado, quando percebi já sonhava com ela noite e dia, até que a chamei para sair.

Leonor: Ai que lindo meu filho e aonde foram?

Gustavo: Num restaurante...

Rebeca: Num parque...

Falaram ao mesmo tempo, nessa hora olharam um para o outro pois tinham esquecido de combinarem essa parte.

Leonor: Parque ou restaurante?

Gustavo: Na verdade fomos a um parque primeiro, sentamos na grama e ficamos conversando por horas, depois a levei para jantar, por isso as respostas saíram diferentes! Foi um dia marcante!

Santiago: Marcante? Sei.........Veremos.

Rebeca queria sair correndo da mesa, aquilo não ia dar certo, o tempo todo Santiago a olhava com desconfiança.

Ela comia tudo o que via pela frente, não fazia cerimônia, nunca havia visto tanta comida assim na vida.

Leonor: Você é tão magrinha minha filha, mas vejo que tem muito apetite!

Rebeca: Me desculpe dona Leonor, a mesa está tão linda e mais da metade das coisas dessa mesa eu nunca nem experimentei. Para quem passava fome, isso aqui é um sonho.

Leonor: Passava fome? Me conte isso melhor minha filha.

Rebeca então conta toda sua vida, desde seu nascimento até dias antes de sua demissão no hotel, cada vez que relembrava sua história, lágrimas escorriam de seu rosto, não sabia porque algumas pessoas simplesmente estavam fadadas ao sofrimento, enquanto outras gozavam do que a vida tinha de melhor, não era uma escolha muito justa.

Leonor ouvia com muita atenção a história de vida de Rebeca, se emocionara várias vezes com alguns trechos, já Santiago ainda a encarava como se esperasse que ela vacilasse em algum ponto para então conseguir desmascará-la.

O café da manhã transcorrera bem apesar dos pesares, Rebeca ficara aliviada quando Santiago se retirara da mesa, a presença dele a intimidava.

Gustavo: Mãe, acho que vou levar minha linda noiva para dar um passeio pela praia o que acha?

Leonor: Claro meu filho, ela merece, e espero que você a trate muitíssimo bem, depois de tudo que essa menina passou, espero que você a mime muito, não a faça sofrer está me entendendo? Ou eu mesma lhe darei a surra que nunca te dei!

Gustavo: Não se preocupe mãe, Rebeca é um tesouro e saberei cuidar dele. Vamos, minha princesa?

Rebeca apenas assente com a cabeça e acompanha Gustavo até o carro, agora depois de conhecer a família dele, é que ela começara a entender na encrenca que se metera, será que ela sairia ilesa?

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