Capítulo 5

Gustavo: Posso entrar?

Rebeca: O que quer?

Gustavo: Se eu puder entrar, prometo que eu te explicarei.

Rebeca: Entre.

Gustavo entra no já conhecido ambiente, vai em direção ao velho sofá e se senta, Rebeca fica em pé apenas o olhando com curiosidade e raiva, pois tinha a sensação que ele tinha alguma coisa haver com sua demissão.

Rebeca: E então? O que quer aqui?

Gustavo: Vou direto ao assunto. Quero saber se tem interesse em trabalhar para mim.

Rebeca: Trabalhar para o senhor? Como sabe que estou desempreg... Ah, claro, então realmente foi o senhor que me denunciou não foi? E aquele papo de que queria me ajudar? Sua ajuda me custou muito caro isso sim, agora minha vida está ainda pior do que estava e a culpa é toda sua. Agora me fala, o que ganhou fazendo isso?

Gustavo: Terminou? Posso falar?

Rebeca: Não há o que falar, só queria saber porque fez isso.

Gustavo: Se me deixar falar, eu te explicarei.......Bom, na noite em que te encontrei, não sei o que me deu, você parecia dormir tão gostoso que de alguma forma não tive coragem de acorda-la....... Mas assim que acordou, eu percebi que não estava bem, e tudo o que eu fiz foi verdadeiro.

Rebeca: Claro, só que depois se arrependeu e pediu minha demissão!

Gustavo: Não foi nada disso. Como eu estava dizendo, depois que te trouxe aqui na sua casa, se é que podemos chamar isso de casa, eu pedi que meu investigador fizesse uma pesquisa apurada sobre sua vida.

Rebeca: O QUÊ? Pediu para me investigarem?

Gustavo: Sim, pedi!

Rebeca: E então? Será que seu investigador fez um bom trabalho?

Gustavo: Eu diria excelente! Aliás quando li o relatório pude entender porque mora nesse lugar, e devo pedir desculpas pois na primeira vez em que estive aqui eu achei que você fosse o tipo de mulher que não sabia controlar seus gastos, hoje entendo porque vive dessa forma.

Rebeca: Não me diga! O que mais descobriu? Vamos ver se seu investigador é bom mesmo.

Gustavo: Bom, descobri que tem 24 anos, é solteira, cresceu numa cidade perto daqui......sua infância foi conturbada pois sua mãe faleceu no seu parto e seu pai te culpou por isso....... Ele te tratava muito mal, te agredia fisicamente e verbalmente, não cuidava de você como deveria, então quando completou 10 anos ele te abandonou com sua avó materna e sumiu no mundo......sua avó por sua vez achava que você era um estorvo, e a fazia de empregada, te batia muito e através de denúncias por parte de vizinhos e da escola que estudava ao conselho tutelar, você foi morar em um abrigo aos 13 anos, assim você ficou lá até seus 18 anos quando teve que ir embora. Graças a uma funcionária do abrigo você teve onde ficar por uns meses até conseguir seu primeiro emprego, e assim que conseguiu um salário melhor, alugou este lugar que mora até hoje para viver, aos 20 anos conseguiu seu segundo emprego, no hotel Palace Five........e ficou por 4 anos lá, até esta manhã quando foi demitida.......mas nesse meio tempo, você descobriu que sua avó está doente e tem a ajudado com seu tratamento, mesmo depois de tudo o que ela te fez você tem a amparado financeiramente, e mesmo sabendo que sua doença não tem cura, você não hesitou nem um minuto em ajuda-la, por isso não sobra dinheiro algum..........na verdade pude perceber que falta dinheiro todos os meses. Esqueci algum detalhe?

Rebeca não esperava que a investigação tivesse ido tão a fundo daquele jeito, tudo o que ela lutava para esquecer todos os dias, estava sendo jogado na sua cara sem dó nem piedade. Ela sentia lágrimas escorrerem dos seus olhos sem parar, era um choro de desgosto, amargura e tristeza.

Gustavo: Sinto muito se eu te fiz recordar coisas que você queria esquecer, mas eu também tenho que te parabenizar por ter se tornado essa mulher forte, que mesmo sofrendo nas mãos de sua avó, você não a abandonou. Eu não sei se faria o mesmo em seu lugar.

Rebeca: O s-senhor não me disse.......não me disse porque me denunciou....... Por que fez isso?

Gustavo: Eu não a denunciei, como eu estava dizendo, depois de saber mais sobre você, notei que merecia aproveitar o lado bom da vida nem que fosse por um curto período. Antes de saber sobre sua vida, pensei em somente te dar uma advertência, mas depois da investigação, eu vi que você merecia muito mais do que tem hoje. Eu sou o dono do hotel, sou CEO de uma das redes hoteleiras mais luxuosas do país e uma das mais importantes do mundo. Eu fui responsável sim pela sua demissão, mas acredite que foi melhor assim, mesmo você ganhando um salário razoável, você gasta praticamente tudo com sua avó, e se continuar nesse ritmo, em breve estará atolada em dívidas, então achei que minha oferta seria mais lucrativa para você. Analisando sua vida toda e sua conduta até aqui, vejo que podemos ter uma boa parceria. Diria que minha oferta é irrecusável.

Rebeca: Oferta? Que tipo de oferta? Devo dizer que não sou o tipo de mulher que aceita dinheiro em troca de favores sexuais.

Gustavo: Não se preocupe, se aceitar, você trabalhará para mim, teremos um contrato assinado, e nele não envolve sexo, pode ficar tranquila, mas...

Rebeca: Mas?

Gustavo: Mas o tipo de trabalho que tenho em mente, envolve certos carinhos e beijos, mas nada além disso. Preciso que se passe por minha namorada.

Rebeca: O que?

Gustavo: Você precisa concordar que é um acordo razoável. Deixe-me explicar melhor. Eu venho de uma família muito tradicional portuguesa, já ouviu falar dos Bencatel? Pois então, minha família está no ramo hoteleiro há anos, há gerações na verdade, quando assumi os negócios era muito jovem, o tempo foi passando, e sempre fui cobrado por não ter nenhum relacionamento fixo, e para uma família tradicional como a minha, isso não é bem visto, eu gosto de farra, mulheres, festas, gosto de aproveitar o que a vida tem de melhor para me oferecer, porém, meu pai que ainda está na ativa, continua trabalhando, me disse que se eu não me firmar em nenhum compromisso, criar raízes como ele diz, ele assumirá os negócios, como já tenho 37 anos, ele quer que eu pelo menos, tenha um relacionamento estável, e deixe a vida noturna, ele diz que um homem sem construir uma família não é respeitado nos negócios, coisa de gente mais velha e tradicionalista!

Rebeca: E o que eu tenho haver com isso?

Gustavo: Como já te expliquei quero que trabalhe para mim, quero que se passe por minha namorada, mas não se preocupe, não haverá nenhum tipo de contato físico, talvez alguns beijos pois na frente da minha família precisaremos convence-los, mas não passarei disso com você, apesar de ser linda, já te disse que sou um cavalheiro e saberei te respeitar. Eu poderia pedir a qualquer “amiga” que se passasse por minha namorada, mas sei bem como são essas mulheres, e com o tempo minha vida se tornaria um inferno, então quando soube mais sobre você, percebi que seria perfeita para isso, além de ser linda, tem caráter, prova disso é que depois de tudo ainda ajuda sua avó. E então? O que acha?

Rebeca: Eu acho tudo um absurdo! Não posso enganar sua família desse jeito, não conseguiria fingir assim dessa forma, mentir que temos um relacionamento......isso é surreal.

Gustavo: Pense então no salário que te pagarei, além de arcar com todos os custos do tratamento de sua avó. É só um trabalho, encare dessa forma.

Gustavo pega um papel e rabisca nele o valor que pagaria a ela, assim que mostra à Rebeca, ela põe a mão na boca, nunca havia visto tantos zeros na vida.

Rebeca: Mas isso é muito dinheiro!

Gustavo: Te pagarei essa quantia todos os meses, se aceitar.

Rebeca: Por mês?

Gustavo: Sim, pense bem. Será somente por um ano, depois disso cada um segue seu caminho, diremos que nosso relacionamento se desgastou com o tempo, e que acabamos deixando de nos amar. Durante esse tempo prometo que te proporcionarei o melhor que o dinheiro pode comprar, e sua avó estará bem cuidada. O que me diz? Aceita?

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***