Capítulo Sete

Viva lá vida como uma baderneiro

Seja tão forte como um leão

E tão traiçoeiro como Judas

Mas não menos fiel a sua casa ou será renegado como um traidor

Máfia Savoia

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       Para certas dores não existe treinamento que a amenize, nem que a extermine. A traição foi dita e ouvida por Milena tantas vezes que ao longos dos anos acreditou ser imune a ela, não a traição, mas a sua dor. Porém, recentemente, precisamente há três meses a experimentou cruelmente, toda magoada, tristeza e decepção acumulada durante anos se transformou abruptamente em raiva, ódio, irá.

      Odiava o homem que é pai do seu filho, mas depois de tudo que descobriu passou a odiá-lo infinita vezes mais. Ele não traiu só a sua família, mas todo amor que sentia por ele.

       Contudo, antes tarde uma vingança do que nunca, Benício podia esta morto, todavia, existia ainda vivo alguém que esperaria fazer sofrer o suficiente para duas pessoas. Sua única ressalva diante de tudo que fará e o que pode acontecer a Matthew, o inocente no jogo de poder que se iniciou.

— Você tem nosso apoio. — A mão quente de Dante cobre a sua rente ao tampo de vidro frio da mesa. — Onde ela está?

— Uma cidade no interior de Porto Alegre, Brasil. — Milena se recusa a dizer a localização exata. — Protegida o bastante para ninguém acha-la.

— Papai sabe de tudo?

— Sabia de tudo antes mesmo que eu fosse conta-lhe tudo hoje pela manhã. — Sorrir sem humor. — Truques de Dom Savoia, ele só queria saber meu plano.

        O mistério chegou ao fim, as motivações de Milena foram reveladas e Dante preferia que não necessita-se  que tivesse sido ou que elas existisse, mas estava pronto para ajudar a irmã em tudo que ela precisa-se, em fazer o que deixou de fazer anos atrás.

— E mamãe?

— Papai a dirá tudo, menos o que planejo. — Encara o anel de noivado no dedo, menos de uma semana com ele e já deseja se livrar dele.

— Quando o plano se inicia? — A ansiedade e notável em seu tom. — Tou doido para ver como ele está reagindo e como vai reagir diante do seu casamento.

         Os mesmo sentimentos dominam Milena, porém de formas contidas. Ansiava por vingança, mas sabe como faze-la e quando, como um verdadeiro Savoia.

— Sexta, daqui cinco dias, dia que ele retorna ao país, dia que iríamos jantar. — Fala com suavidade, a atenção no relógio em cima da mesa marcando mais de onze horas da noite, logo seria segunda-feira.

      A contagem regressiva iniciaria junto com o início da semana, e Milena não voltaria atrás, iria até o fim. Poderiam julgar tolice o que faria, que tinha jeitos mais fácies de obter o que quer, mas um tiro na testa não saciaria o prazer que sentirá vendo ele não ter o que sempre quis e perder o que já tem.

       O companheirismo de irmãos se detinha quando chegava em uma barreira fácil de ultrapassar, a da provocação. Não tem inimigo melhor que seu próprio irmão ou amigo, Dante não iria embora sem antes alfinetar a irmã e sua paciência, mas no fundo não iria sem antes melhorar seu clima.

— Soube que saiu para jantar com seu noivo e agora ele esta no seu bar bebendo. — Pronunciou depois de minutos em silêncio, porém diante da expressão séria da irmã era melhor ter ido embora calado.

— Fomos falar do nosso acordo. — Deixa a cadeira se aproximando da janela atrás da sua mesa. — Do sumiço de Jade.

— Interessante, mas por acaso lhe falou sobre aquilo? Nosso famoso contrato pré-nupcial.

— Não, deixei para lhe dizer sexta, horas antes do casamento. 

Diferente do acontecido no casamento de outras famílias dentro da máfia, na Savoia existia um contrato estabelecido antes do casamento quando entre o casal não existi amor e tudo que fazem e por conveniência, outros a não ser que desejado não existe um prazo mínimo nem limite para o cônjuge nem regras, mas para os Savoia casamento algum pode durar menos de um ano indiferente do motivo pelo qual aconteça.

— Sem falar na doce cláusula definitiva, um filho e será até que a morte os separe. — O tom malicioso de Dante irrita.

— Não terá filho, Dante Savoia. — Se virar para encarar seriamente o irmão.

       Tudo que menos deseja depois de tudo e manter uma relação que não quer, viver de mentiras fingindo formar uma família que jamais existirá. E vingança e necessidade que os uniu, nada além. E loucura seu irmão falar de filho, ou então sentimentos.

   Após o acontecido com Benício não cria mais planos de um futuro feliz, as cicatrizes deixadas afastam o amor e toda vontade de ser feliz, seu filho e família são sua exceção, os únicos que consegue amar, não condenaria ninguém ficar do seu lado se de sua parte não for recíproco o que raramente acontecerá.

— Mas maninha, “Não trairás nunca quem no altar você jurou fidelidade ou como nós poderemos confiar em você” — Faz esforço para imitar a voz da sua mãe repetindo o mantra que ouve desde criança, lei mais severa da máfia. — Você e ele do jeito que se olham não tem jeito que aguentaram um ano sem se pegar, ainda mais não podendo pegar mais ninguém.

— Não terá filho.

      Há convicção em sua fala, todavia não e o suficiente para convencer Dante, nem ele e nem ninguém que tocar no mesmo assunto consigo.

— Pode não ter outro filho, mas se ele adotar o Eric e o considera como filho valerá.

— Eric nunca o aceitará como pai.

— Da mesma forma que você jurou nunca se casar e daqui dias casará.

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